É bom que os eleitores não votem em políticos envolvidos em escândalos com dinheiro público, mas o debate sobre a corrupção no país deve ir além disso. A corrupção é estrutural no Brasil, faz parte de uma síndrome praticamente congênita do Estado. Claro, não é por ser estrutural que não possa ser combatida, mas nenhum presidente vai pode acabar com essa praga por iniciativa própria, mesmo que sinceramente o deseje. Sinto muito.
Uma maneira séria de combater a corrupção é aperfeiçoar as instituições capazes de atuar contra o problema. E isso não depende só do Executivo - embora ele deva colaborar - mas fundamentalmente do Judiciário e do Legislativo. É aí que está o nó. A França reduziu bastante a corrupção mudando a lei do orçamento. Fez a lição de casa que não aprendemos com o escândalo dos anões, em 1992. O caso dos sanguessugas nada mais é do que um repeteco da bandalheira da era Collor.
Só que é muito difícil que um Legislativo como este faça alguma mudança séria nas regras do orçamento, como acabar com as emendas individuais. O Congresso precisa ser limpo. Isso poderia ser feito por uma combinação de duas coisas: o voto e uma atuação mais firme e eficiente do Judiciário (incluindo o Ministério Público). Com um Judiciário lento e pouco independente dos outros poderes, fica difícil fazer algo funcionar. Sem punição, os maus políticos controlam o sistema eleitoral e o cidadão-eleitor fica sem muita alternativa.
Por isso cada vez mais acredito que a raiz de tudo está na educação. Um povo educado participa mais ativamente da democracia e tende a perceber com mais nitidez que dinheiro público não é do governo. É seu. Um povo educado, alfabetizado e criativo, é menos dependente do próprio Estado e mais capaz de pressioná-lo para que mude. Mas aí estamos falando de médio e longo prazo. Primeiro, é preciso que haja na sociedade um consenso grande o suficiente para que a educação seja considerada prioridade de Estado (mais do que de um governo). Aí poderíamos ter um sistema nacional de educação - não isso que temos hoje.
2 comentários:
Não se sou eu que estou cansada e meio desiludida com tudo, mas não consigo vislumbrar mudanças nem a longo prazo. Penso que não seja nem uma questão de educação do povo e sim falta de opção. As pessoas mais "cultas" preferem ficar longe de política o que faz que se eternize essa corja que está ai. É só analisar o passado dos candidatos a deputado federal ou estadual, senado... são sempre os mesmos nomes e histórias.
Mudança, acho que isso tá longe de acontecer, mas também posso estar pessimista de mais...
Não se sou eu que estou cansada e meio desiludida com tudo, mas não consigo vislumbrar mudanças nem a longo prazo. Penso que não seja nem uma questão de educação do povo e sim falta de opção. As pessoas mais "cultas" preferem ficar longe de política o que faz que se eternize essa corja que está ai. É só analisar o passado dos candidatos a deputado federal ou estadual, senado... são sempre os mesmos nomes e histórias.
Mudança, acho que isso tá longe de acontecer, mas também posso estar pessimista de mais...
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