quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Missões

Retornei ontem de uma viagem de estudos às ruínas de antigas reduções jesuíticas no Paraguai, Argentina e Brasil, os conhecidos 30 povos das missões. As reduções eram cidades fundadas e controladas por padres jesuítas entre o final dos anos 1600 e meados dos 1700, que chegavam a abrigar, cada uma, 5 mil guaranis. Apenas dois padres controlavam cada cidade, com o apoio de caciques locais. Foi um impressionante projeto de civilização, destruído pela força quando o êxito das reduções entrou em conflito com os interesses políticos e comerciais dos reinos de Portugal e Espanha. Comentei com um amigo que, para um interessado em história colonial, visitar esses lugares é como assistir a uma apresentação do Pink Floyd.


Visitamos três ruínas. A mais impressionante é a de Trinidad del Paraná, no Paraguai. Impressiona o tamanho da cidade de pedra e especialmente da catedral. Havia casas na área urbana para quase 900 índios, com mais 4 mil estimados na zona rural em volta. Na Argentina, visitamos a redução de San Ignacio Mini, também imensa e com suficientes ruínas remanescentes para dar uma boa idéia do que era o lugar. Finalmente conhecemos São Miguel Arcanjo (foto acima), no Brasil. As três têm uma boa estrutrura para receber turistas. O diferencial de São Miguel é o espetáculo Som e Luz, com vozes gravadas de autores globais e projeções de luz que fazem as ruínas contarem sua própria história - romanceada, é verdade - sob o céu estrelado e o frio da região de fronteira do Rio Grande do Sul.

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

RBS compra A Notícia

A informação é do blogue De olho na capital, do jornalista César Valente.

Falta de vergonha na cara!

Publicado em 23/8 e atualizado em 24/8

Vergonhoso. É talvez a palavra mais leve para descrever o comportamento do sr. Miltinho Cunha, um cara que, ao se dizer jornalista e manezinho, envergonha os dois grupos - dos quais faço parte. A culpa é também do jornal O Estado, que deu espaço para esse sujeito. Há pelo menos um ano, o sr. Miltinho Cunha vinha plagiando descaradamente textos do blogue Querido Leitor, de Rosana Hermann. Apanhado em flagrante, ainda tentou se desculpar com uma mentira, afirmando na coluna que uma jornalista colaboradora havia plagiado duas notas, sem o conhecimento do próprio Miltinho. A perna curta não conseguiu caminhar por uma hora. A história toda está no Querido Leitor. Na corda bamba, o sr, Miltinho Cunha agora vai tomar um processo.

Uma bela discussão sobre o caso está no Comunique-se. De acordo com o saite especializado em comunicação, a direção de O Estado ainda estuda providências contra o copista. O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina ainda não se manifestou sobre a questão ética. O jornalista César Valente também comentou o assunto no blogue De olho na capital (reprodução da coluna no Diarinho). E o Blue Bus publicou uma nota.

E para não repetir o plágio, a foto, editada, é de Cláudio Araújo, publicada na página do fotógrafo Marco Cezar.

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Ficção, nem sempre científica

Resolvi abrir mais espaço no Bobagera para meus textos de ficção - os que mais combinam com o nome do blogue, por falar nisso. Agora eles ganharam uma seção própria na lista de linques aí do lado. Com a ajuda do Writely, processador de textos on line do Google, transformei histórias em páginas da internet. Assim pude adicioná-las como linques próprios, permitindo uma leitura mais confortável e a impressão individual dos textos. Reproduções são permitidas, desde que citado o autor.
Os três primeiros integram a série de ficção científica A Ilha, publicada originalmente no blogue coletivo +D1. Os três seguintes são contos escritos em 2001. Eles integram a coletânea Contos de Oficina 28, editada em 2002 pela WS Editor. O livro é resultado da 28ª Oficina de Literatura da PUC-RS, organizada pelo escritor Luiz Antonio de Assis Brasil, do qual fui aluno. Baratas não sabem ler é sobre uma guerra particular. Passe livre é sobre o terror particular. E Viela é talvez sobre o tempo.

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Meia dúzia de jornais

Florianópolis nunca teve tantos jornais ao mesmo tempo. A partir do dia 28, serão quatro com sede na capital: Diário Catarinense, do grupo RBS, é o mais lido. O Estado é o mais antigo (1915), cambaleante mas ainda vivo. Notícias do Dia, da Rede SC (empresa que controla a afiliada local do SBT) é o mais novo (lançado em março deste ano) e o primeiro de caráter "popular". Na mesma linha, começa a circular na semana que vem Hora de Santa Catarina, da RBS.

Mas a concorrência pelo leitor local não fica entre esses quatro. A partir de hoje, o Diarinho (jornal de Itajaí que segue uma linha popular mais escrachada) passa a circular com uma capa específica para Florianópolis, além de já publicar a coluna De olho na capital, assinada pelo jornalista César Valente. E A Notícia (segundo jornal mais lido do Estado, de Joinville), mantém desde 1995 um caderno regional para a Grande Florianópolis, o AN Capital.

É verdade que a cidade cresceu muito nos últimos anos, recebendo gente pobre e rica, mas será que tem mercado para tanto papel impresso? Meu palpite (é só um palpite, sem nenhum estudo prévio) é que alguém vai ser empurrado para fora do barco, em pouco tempo. Pelo menos, com mais concorrência, quem sabe os jornais não melhoram? Por enquanto, se melhorar o mercado de trabalho para jornalistas, já é um ganho.

domingo, 20 de agosto de 2006

Assim nascem as ditaduras

Um jornaleiro de Porto Alegre decide não vender mais as revistas Veja e Época, porque são "liberais". E confessa que tem como desejo ver os clientes da banca comprarem mais exemplares da Carta Capital, Caros Amigos e Reportagem.

Bela iniciativa, não? Tentar impedir que as pessoas leiam algo diferente do que você pensa. A ditadura militar fez a mesma coisa. Isso é tratar o público como idiota e não contribui em nada para a democracia. Quando achei que a Veja estava ruim demais, parei de comprar. É o suficiente. Quando encontro uma por aí, leio o que me interessa e separo o joio do trigo.

O leitor não é passivo, isso se pensava nos anos 1930, quando o nazismo usou estrategicamente os meios de comunicação de massa e os intelectuais de Frankfurt ficaram assustados. O leitor sempre filtra o que lê, de um modo ou de outro. Pode ler a Veja e concordar ou não com as idéias defendidas ali. Mas não querer que os outros leiam aquilo que você acha ruim só tem um nome: censura. Esse sujeito seria um bom censor.

terça-feira, 15 de agosto de 2006

Invasão de privacidade

Paternidade deixa a gente bastante tolo, eu sei, mas até que estou achando divertido esse negócio de acompanhar exame de ultra-som. A Cléia fez o segundo hoje. A criança está com pouco menos de 6 centímetros e começa a ficar parecida com gente - mas só um pouco. Com 12 semanas de gestação, os dedos das mãos e dos pés são bastante visíveis, por exemplo.

O exame é uma tremenda invasão de privacidade - flagramos o indivíduo chupando dedo! - mas muito importante para detecter possíveis más formações. A mamãe passou com nota 10. O médico já descartou qualquer doença genética grave. O sexo ainda não está visível - esses paparazzi de jaleco realmente não deixam ninguém em paz - e daqui a 15 dias outro exame dirá se é menino ou menina.

segunda-feira, 14 de agosto de 2006

Nuevo papá


Tecnicamente ainda não sou pai, já que a cria só sai da barriga da mãe em março. Mesmo assim, já recebi o primeiro presente de Dia dos Pais. A gente vai tirando vantagem onde pode. Ganhei o primeiro disco da série Hecho en Cuba, com a turma do Buena Vista Social Club (a velha guarda da música cubana que fez sucesso no documentário de Win Wenders, produzido em 1998 pelo guitarrista americano Ry Cooder). Os velhinhos do Buena Vista estão todos ali: o pianista Ruben Gonzales (duas das melhores faixas), Ibrahim Ferrer, Compay Segundo, Eliades Ochoa e Omara Portuondo.

Destaque para Chan Chan, uma espécie de música-tema do documentário. Dá vontade de fazer o itinerário repetido no refrão, se um dia for a Cuba: "de Altocedro voy para Marcané, llego a Cueto, voy para Mayari". Com o noticiário atual, fazer elogios à música cubana pode parecer propaganda do regime de Fidel, mas não é. De certo ponto de vista, é mesmo o oposto. Os velhinhos eram (a metade já morreu) um tesouro musical abandonado pela Cuba de Fidel e redescoberto por um músico americano.

A capa do CD imita uma caixa de charutos cubanos. E para combinar, também ganhei um Quintero havano, para quando o bebê nascer. O PH vai ter que me explicar como se fuma isso.

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Reforma política

A raiz grega da palavra crise (krisis) significa "crescer". As grandes crises trazem muitos males, mas também criam condições para mudanças. O governo anunciou que encampa a proposta da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de convocar uma nova constituinte específica para fazer a reforma política. A proposta seria apresentada à sociedade depois das eleições, independente do resultado, e coordenada pela OAB. É um primeiro passo, mas importante. Abre a possibilidade de que a reforma seja feita por uma instância independente do Congresso.