O empresario Antônio Ermírio de Moraes escreveu artigo, publicado hoje na página de Opinião do jornal A Notícia, sobre o atraso brasileiro na Educação. Está longe de ser uma discussão nova. É muito mais importante do que discutir a redução da maioridade penal – que pode até fazer sentido, mas em si não resolve nada – e no entanto atrai infinitamente menos atenção. É o típico consenso nulo (todos concordam, mas nada acontece).
Uma das razões por que nada acontece atravessa o artigo. Como empresário, Antônio Ermírio alerta que um sistema de educação deficiente é um problema econômico, ao deixar o Brasil comendo poeira de concorrentes internacionais emergentes como a Coréia do Sul. Mas o pessoal que pensa o sistema educacional brasileiro torce o nariz para esse tipo de argumento.
Nos departamentos de educação das universidades públicas, de onde saem os formuladores das políticas do MEC, esses intelectuais não querem educação para o desenvolvimento econômico. Vêem tal idéia como uma estratégia do capitalismo globalizado, por meio de seus organismos internacionais (ONU, Banco Mundial), para permitir uma redução de custos com mão-de-obra.
Para que uma indústria se instale num país periférico, não basta que os trabalhadores custem menos. Um trabalhador americano é mais caro do que um brasileiro, mas tem uma produtividade muito maior. O Brasil precisaria aumentar a produtividade de seus trabalhadores para que empresas americanas e de outros países possam se mudar para cá com custos realmente menores. E produtividade se obtém com um sistema de educação mais eficiente.
Auto-proclamados anti-capitalistas não gostam nada desse raciocínio. E contrapõem, à educação para o desenvolvimento econômico, uma educação para o desenvolvimento humano. O nome é bonito, mas tenho sérias dúvidas sobre se eles sabem do que estão falando. Alguém tem visto por aí desenvolvimento humano sem desenvolvimento econômico?
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