quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

26 de fevereiro

É, achei que precisava escrever algo hoje. A culpa é do papa. Não do cardeal Ratzinger, mas de um de seus antecessores, Gregório XIII. Foi ele quem mandou acertar o antigo calendário juliano com o relógio das estações, ainda no tempo em que o Brasil era um punhado de feitorias portuguesas no litoral no Nordeste. A decisão dele fez com que hoje, 26 de fevereiro, pudesse ser o dia do meu aniversário. E ainda de quebra me permitiu escrever esta tolice com alguma coerência histórica.

Adoro história. Coisa de velho.

Não é fácil ficar mais velho (embora a gente faça isso todo dia). Nâo é fácil a partir de um certo ponto, melhor dizendo. O cabelo vai ficando rarefeito e a barba teima em mostrar uns fiozinhos brancos na altura do queixo, à moda de um bode — ia dizer bode velho, mas está implícito. E tem gente cada vez mais jovem (em relação a você, lógico) a sua volta. Como é possível alguem ter nascido no fim dos anos 80? Curiosamente, esses jovens passam uma sensação estranha de saberem mais do que você, o velho.

Até os presentes de aniversário mudam. Adorei os presentes que estou ganhando. De verdade. Ganhei uma sandália (para não dizer um chinelo) e uma parafusadeira elétrica. Não são presentes de velho? Pois é, eu pedi os dois, era bem o que eu queria. Ainda bem que minha cunhada foi iluminada em algum ponto da viagem recente à Alemanha e me trouxe uma mochila da Adidas. Afinal, ainda resta um pouco do garotão que ia à escola, subia as trilhas da Lagoinha do Leste e acampava em Naufragados.

Existem algumas vantagens em somar dígitos à idade, claro. Não lembro de nenhuma agora, mas certamente há.

Acabo de lembrar. Às vezes algumas pessoas mais jovens olham para você com ar de dúvida, fazendo uma pergunta qualquer e esperando uma solução rápida e definitiva para a questão, como se você fosse o Google (ia dizer oráculo, mas isso é definitivamente coisa de velho). Eventualmente você sabe a resposta e ganha moral (menos do que pensa, mas já é alguma coisa). Se você não sabe, ganha uma oportunidade de aprimorar a arte milenar de enrolar quem sabe menos ainda. É um momento de glória.

Tudo bem, 37 anos talvez não sejam tanto. Mas vou treinando.

4 comentários:

Anônimo disse...

E viva a Carlitopedia!

Giancarlo Proença disse...

Alegra-te, parceiro de idade. Você chega aos 37, eu avanço em direção (tempo é um vetor? Não sei. Melhor perguntar a alguém mais velho) aos 38. Tem estrada pela frente. Muita. Muitas velejadas, muita brincadeira com o Xavier, muitos sorrisos e muitas lágrimas. Espero. E espero, sinceramente, continuar teu amigo quando tudo isso acontecer. Abraço forte do teu mano Gian.

Ainá Vietro disse...

amigo Carlito... posso me considerar velha também, porque pra mim o Google é um oráculo, e eu nasci no fim dos anos 70! os cabelos brancos já estão teimando em aparecer, mas eu arranco um por um, porque não quero aceitar que eles estão mesmo chegando.
Um grande beijo e abraço, e que o passar dos anos só reforce algo que já é visível: a pessoa legal que és!
hohoho

Wendel disse...

lindo texto carlito, fez mais feliz o meu dia. espero que o teu também. forte abraço