quinta-feira, 21 de outubro de 2004

A tal alternância de poder

Estas eleições completam um ciclo de 20 anos desde o fim do regime militar, em 1984. Prestes a atingir os 21, a democracia brasileira dá alguns sinais de chegar à maioridade. Isso, é claro, na visão de um otimista incorrigível, apesar de tudo. Alguns fenômenos interessantes estão acontecendo na política brasileira. Um deles, já muito comentado, é a crescente polarização entre PT e PSDB, fruto certamente das últimas três eleições presidenciais. São dois partidos que, bem ou mal, têm projetos para o país, concordemos ou não com eles. Na visão de Ricardo Setti, em artigo publicado hoje no saite no mínimo, há outro fenômeno importante em curso: a derrocada do malufismo. Para Setti, mais do que um líder ou grupo político, é um estilo de governar que está sendo derrotado nas eleições de São Paulo.



Aqui em Florianópolis, talvez seja cedo para dizer isso, mas parece haver uma troca de lideranças políticas. Esperidião Amin (PP) perdeu há dois anos a reeleição para o governo. Sua esposa, Angela Amin, há dois mandatos na prefeitura da capital, não conseguirá fazer o sucessor, ao que tudo indica. Já o neo-tucano Dário Berger é o elemento novo. Renunciou ao segundo mandato consecutivo na prefeitura da vizinha São José para ser candidato na capital. Venceu o primeiro turno com larga vantagem, enfrentando nomes conhecidos da política local. Sufocado pelos Bornhausen no PFL, partido pelo qual se elegeu duas vezes em São José, migrou para o PSDB, onde começa a se afirmar como principal liderança, ou pelo menos como político bom de voto. Seu partido, o PSDB, já venceu em Joinville e São José e, se levar a capital, controlará três das quatro maiores cidades, afirmando-se como nova força no Estado. Até onde ele vai?

terça-feira, 19 de outubro de 2004

As aventuras do Google

O Google é provavelmente o mecanismo de busca na internet mais popular do mundo. Mesmo assim, parece que a assessoria de imprensa deles anda mostrando serviço. Ou então os usos da ferramenta estão cada vez mais diversificados. No último dia 15, o Estadão publicou a notícia sobre o detetive Pat Ditter, da polícia de Washington, Estados Unidos, que encontrou um criminoso foragido desde 1993 cruzando dados no Google. Hoje, a página da BBC Brasil traz a história do jornalista australiano John Martinkus, seqüestrado no sábado em Bagdá, por rebeldes iraquianos. Confundido com um americano, Martinkus conseguiu que seus seqüestradores checassem sua identidade usando a ferramenta de busca. Eles se convenceram de que o jornalista não estava a serviço de nenhuma empresa ou serviço de espionagem americano, e o liberataram. Moral da história: se você fez alguma coisa ilegal, fuja do Google. Caso contrário, deixe o seu currículo na internet, só por garantia.

segunda-feira, 18 de outubro de 2004

Palácios

Projeto do deputado estadual fluminense Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), propõe despejar o casal Garotinho do Palácio das Laranjeiras, residência oficial da governadora do Rio de Janeiro, Rosinha Matheus. O objetivo, de acordo com o Estadão, é transformar em museu o prédio tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O deputado criticou a utilização inadequada do imóvel, o que pode acelerar a deterioração. Algum deputado catarinense poderia se inspirar na idéia e propor o mesmo em relação à "Casa d'Agronômica", onde mora o governador Luiz Henrique da Silveira. Parte de uma antiga estação agronômica experimental (daí o nome do palácio e do bairro), a residência oficial conta com uma ampla área verde atualmente fechada ao público, e uma bela casa, construída no início do século 20. Poderia ser transformada num jardim botânico, servindo ao turismo, pesquisa e produção de mudas para reflorestamento, enquanto a casa poderia abrigar um museu histórico ou de arte. Seria um presente para a cidade, carente de museus e de parques públicos. Quanto ao governador, poderia morar no próprio Centro Administrativo do Governo do Estado, para onde o governo mudou-se recentemente. Bastaria adaptar um dos amplos espaços do complexo para transformá-lo na nova residência oficial. O homem passaria a morar mais pertinho do trabalho.





Laranjeiras: nada de festinha de aniversário nos jardins do palácio

domingo, 17 de outubro de 2004

Para onde vão os votos?

A pesquisa divulgada nesse domingo pelo Ibope para o segundo turno da eleição para prefeito de Florianópolis não revela diretamente algumas informações importantes. Mas uma calculadora é suficiente para interrogar os números. Para onde vão os votos de Sérgio Grando (PPS) e Afrânio Boppré (PT), derrotados no primeiro turno? Espremendo os dados, conclui-se que esses eleitores estão rachados. Entre os que votaram em Grando, 35% viraram eleitores de Dário Berger (PSDB) e 29% optarão por Chico Assis (PP). Já entre os eleitores do candidato do PT, 29% vão de Dário Berger e 28% com Chico Assis. De acordo com os números do Ibope, portanto, Dário estaria ampliando a vantagem sobre Chico Assis com uma pequena ajuda dos eleitores de Grando. Os números mostram ainda que 35% dos que votaram em Grando ainda não têm candidato no segundo turno ou pretendem anular. Para os antigos eleitores de Afrânio, esse percentual é maior, chegando a 42%.



Os números totais da pesquisa mostram Dário Berger (PSDB) com 47% das intenções de voto, contra 31% de Chico Assis (PP). Entre os 805 entrevistados pelo Ibope, 11% pretendem votar branco ou nulo e apenas 10% estariam indecisos. A margem de erro é de 3,5%.

sábado, 16 de outubro de 2004

Por falar em armas...

O tráfico internacional de drogas e armas para o Brasil, que alimenta a violência de nossas grandes cidades, certamente vai continuar, mas pelo menos encontrará uma barreira a mais para entrar no território nacional a partir de amanhã. O Congresso aprovou a Lei do Abate, que permite à aeronáutica derrubar aviões não autorizados a voar no espaço aéreo brasileiro, conforme a edição de hoje do Jornal do Brasil. A aeronáutica vai utilizar aviões Supertucano, fabricados pela Embraer e equipados com metralhadoras 762. Os Supertucanos alcancam 600 km/h e dão conta do recado, segundo a Aeronáutica. Caso invasores usem aviões mais rápidos, a força aérea pode utilizar caças Mirage. A derrubada de aviões seguirá um procedimento padrão, com a ordem para pouso, tiro de advertência, tiros na carenagem e finalmente, se houver insistência do avião clandestino em desobedecer, a explosão da aeronave. O portal do Estadão traz uma animação interessante para demonstrar esses procedimentos. Organizações de direitos humanos já protestam, lembrando o caso da missionária americana e sua filha que morreram ao terem seu avião derrubado, por engano, pela força aérea peruana. O fato é que um país do tamanho do Brasil precisa ter controle de seu território, não só do espaço aéreo, mas também da imensa costa, onde a fiscalização é ainda mais deficiente.

terça-feira, 12 de outubro de 2004

Futebol e Armas

Para quem não leu, vale a pena dar uma olhada na edição do último domingo do AN capital, suplemento do jornal A Notícia para a região de Florianópolis. Recomendo dois textos. Um deles é a reportagem De campo de futebol a templo de consumo, na seção Memória (na versão impressa) ou Geral (na internet). O texto de Celso Martins recupera histórias engraçadíssimas do antigo estádio de futebol do Avaí, uma das duas equipes profissionais de Florianópolis. O lugar onde antes havia o campo, desde os anos 1920, foi comprado por uma construtora na década de 1980 e hoje é ocupado por um shopping. É uma pérola não só para quem vive na capital catarinense, mas para quem tem saudade do futebol desorganizado (no bom sentido). Matéria de Polícia da repórter Fabiana de Liz (também na seção Geral da versão on line) traz denúncia sobre o comércio clandestino de armas em favelas de Florianópolis. É de lá que vêm os revólveres e pistolas usados nos cada vez mais freqüentes assaltos na região. Essas mesmas armas são produto de roubo, o que chama a atenção para a importância da campanha nacional de desarmamento. Ela não desarma diretamente os criminosos, mas dificulta o acesso a essas armas, em geral roubadas de pessoas que as mantêm em casa para auto-defesa.

quinta-feira, 7 de outubro de 2004

Voto em branco

O sistema usado nas eleições brasileiras permite ao eleitor três tipos de votos: válido, nulo e branco. O primeiro é o mais comum, em favor de um dos candidatos. Nas eleições em dois turnos, é a soma dos votos válidos que determina se alguém atingiu a maioria absoluta já na primeira votação, dispensando a segunda. O voto nulo é decorrente, em tese, de um erro do eleitor. Mas em nossa jovem democracia, virou sinônimo de protesto. O sujeito acaba votando nulo quanto rejeita todos os candidatos. Menos popular é o voto em branco, ainda que com direito até a tecla específica na urna eletrônica. Para efeito de apuração, é idêntico ao nulo, mas difere na mensagem deixada pelo eleitor. Ao contrário do nulo, o voto em branco não deixa dúvidas de que foi resultado de uma intenção deliberada. É ali que o eleitor deveria pressionar para dizer não a todos os concorrentes. Mas esse tipo de voto acabou vítima de um preconceito com origem na época da cédula eleitoral de papel. Votar em branco era então pouco recomendável, por facilitar a fraude. E a cultura do nulo acabou se impondo.



O voto em branco (ou nulo) é portanto uma alternativa prevista no próprio sistema eleitoral. Mas as vezes é caluniado, chamado de atentado à democracia, atitude reprovável, enquadrado em algum lugar entre a burrice e a preguiça de pensar. Esse chapéu serve bem ao voto irrefletido, aquele decidido por interesse mesquinho, por recomendação do pipoqueiro ou cara-e-coroa. O voto irrefletido pode ser tranqüilamente xingado de irresponsável, sem risco de remorso. Mas não é possível identificá-lo na apuração da Justiça Eleitoral. Matreiro, costuma se esconder no meio dos votos válidos, tanto quanto dos nulos e em branco. Está em todos os lugares onde se encontra também seu oposto, o voto responsável, que igualmente pode referendar um candidato ou marcar branco. E por que não? Se, depois de refletir seriamente, pesar os prós e contras, você decidir que nenhum dos candidatos merece seu voto, tasque branco, ora! O eleitor que faz isso está enviando uma mensagem tão clara quanto os que escolhem seus candidatos preferidos, além de abrir brechas futuras para o surgimento de alternativas. Nada mais democrático.

sábado, 2 de outubro de 2004

Mafalda aos 40



A conhecida rivalidade entre brasileiros e argentinos pode ser divertida, mas deixemo-la para o futebol. Nossos vizinhos sul-americanos têm muita coisa boa a oferecer, e uma delas acabou de completar 40 anos. Trata-se da tirinha Mafalda, do cartunista Joaquín Salvador Lavado, mais conhecido como Quino. Por essas mágicas dos quadrinhos, sua filha mais famosa nasceu com 6 anos, em 1964, e no último livro, décadas depois, ainda tinha 8. Com a sinceridade de uma criança, a pequena Mafalda olha em volta e diz o que pensa. Seus comentários e situações são um espelho das inquietações sociais dos anos 60, mas mantêm uma impressionante atualidade. É uma obra universal, traduzida para pelo menos 20 idiomas, e de um fino humor. Mafalda divide o espaço das tirinhas com outras crianças: a fofoqueira Susanita, o preguiçoso Felipe, o ambicioso Manolito, o sonhador Miguelito, a radical Libertad e o imão menor da protagonista, Guille. Os adultos - incluindo os pais de Mafalda - são sempre coadjuvantes e nunca identificados pelos nomes.







Mafalda apareceu pela primeira vez em 1964, no suplemento de humor Gregorio, da revista argentina Leoplán, que publicou então três tiras. Quino já era um cartunista conhecido, que há uma década publicava seus desenhos de humor em jornais e revistas. Em 29 de setembro do mesmo ano, o semanário Primera Plana, de Buenos Aires, começou a publicar regularmente as tirinhas de Mafalda. Essa data foi transformada no aniversário da personagem. Em Buenos Aires, uma série de eventos lembra atualmente os 50 anos dos desenhos de Quino e os 40 anos de Mafalda.

sexta-feira, 1 de outubro de 2004

Qual seu desenho preferido?

Uma pesquisa encomendada pelo canal de TV Boomerang perguntou a mil adultos britânicos, com idade entre 25 e 54 anos, qual é o seu desenho animado preferido. O resultado da pesquisa está na página da BBC Brasil. Os dez mais votados são todos seriados de animação que são ou foram exibidos no Brasil.

O campeão é Tom e Jerry, criado pelos estúdios Hanna-Barbera em 1940. O gato e o rato mais populares dos desenhos entre os britânicos já estrelaram 161 programas e receberam sete Oscars. Segue a lista:

2. Scooby-Doo - recentemente virou filme, em cartaz no Brasil.

3. Danger Mouse - o ratinho agente secreto exibido pelo SBT nos anos 80.

4. Manda-Chuva - Top Cat, no Brasil dublado pelo Lima Duarte, quando era novo.

5. Os Flinstones - foi o seriado de maior sucesso nos anos 60.

6. Pernalonga - clássico da Warner Bros., ainda é exibido pelo SBT.

7. Popeye - o mais antigo da lista, criado em 1933.

8. Papaléguas - outro clássico da Warner, o único da lista sem diálogos.

9. Corrida Maluca - quem não lembra?

10. Hong Kung Fu - o cão mestre em artes marciais e seu amigo gato, o China.