Eu sei que pesquisa científica é aquela coisa, o que hoje faz bem, amanhã pode ser considerado um veneno. Mas como sou fã do café, e para continuar o assunto da nota anterior, transcrevo aqui trecho de reportagem de Conceição Lemes publicada hoje no saite no mínimo:
Agora, um estudo realizado pelo Setor de Lípides, Aterosclerose e Biologia Vascular da Escola Paulista de Medicina, ligada à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), traz ótimas notícias para os milhões de fãs da bebida: tomar diariamente até cinco xícaras pequenas de café passado em coador de pano ou filtro de papel não eleva os níveis de colesterol nem de triglicérides – as gorduras sangüíneas. "Essas formas de preparo impedem a passagem das gorduras do café. De quebra, quando combinado com dieta balanceada, ajuda a emagrecer", revela a nutricionista Rosana Perim Costa, autora da pesquisa. O cardiologista Francisco Fonseca, coordenador do setor, orientador do trabalho e professor, acrescenta: "Consumido dessa maneira, o café diminui a oxidação das gorduras do sangue, podendo até contribuir para reduzir a aterosclerose e as doenças cardiovasculares".
E de quebra, um cafezinho é muito bom.
quinta-feira, 30 de setembro de 2004
terça-feira, 28 de setembro de 2004
Da Arábia para o Ponto Chic
Devemos mais à cultura árabe do que costumamos imaginar, inclusive o hábito de tomar café. Em torno do ano 1000, os árabes começaram a preparar uma infusão com as cerejas do cafeeiro, já conhecidas por suas propriedades estimulantes, fervendo-as em água. Mas somente no século 14 foi desenvolvido o processo de torrefação, tornando a bebida mais parecida com o que temos hoje. Foi em Meca, na Arábia, que surgiram as primeiras cafeterias, conhecidas como Kaveh Kanes. O café conquistou a Europa a partir de 1615, trazido dos países árabes por comerciantes italianos. O hábito de tomar o café, principalmente em Veneza, estava associado aos encontros sociais e à música que ocorriam nas alegres Botteghe Del Caffè.
As cafeterias espalharam-se pela Europa durante o século 18. Durante tardes inteiras, jovens reuniam-se em torno de várias xícaras de café, discutindo o destino das nações, declamando poemas, lendo livros ou simplesmente passando o tempo. O Império Brasileiro, construído no século 19 graças à exportação de café, importou esses hábitos europeus, ainda que por aqui o boteco tenha feito mais sucesso. Da corte do Rio de Janeiro, o hábito de discutir as fofocas da política e de alcova em casas de café espalhou-se pelo Brasil. Um dos últimos representantes dessa tradição aqui em Florianópolis era o Ponto Chic, fechado há poucas semanas.
As cafeterias espalharam-se pela Europa durante o século 18. Durante tardes inteiras, jovens reuniam-se em torno de várias xícaras de café, discutindo o destino das nações, declamando poemas, lendo livros ou simplesmente passando o tempo. O Império Brasileiro, construído no século 19 graças à exportação de café, importou esses hábitos europeus, ainda que por aqui o boteco tenha feito mais sucesso. Da corte do Rio de Janeiro, o hábito de discutir as fofocas da política e de alcova em casas de café espalhou-se pelo Brasil. Um dos últimos representantes dessa tradição aqui em Florianópolis era o Ponto Chic, fechado há poucas semanas.
segunda-feira, 27 de setembro de 2004
Cabrito
Tenho desde 2002 um jipe Suzuki Vitara JLX, modelo 1993. Embora não seja propriamente um jipeiro - meu orçamento doméstico não permite a extravagância de arrebentar o carro em trilhas - gosto muito do Vitara. Mas nada comparado à paixão de Rafael Reis, um designer gráfico de 28 anos, ex-escoteiro, por seu jipe, um modelo semelhante ao meu. Reis criou o saite Cabrito, inteiramente dedicado ao seu Vitara. Feito por um profissional, a página é muito boa. Para quem se interessa por off-road e aventura, trata-se de um endereço digno de entrar para os favoritos. Nas várias seções, o jipeiro registra em texto e fotos suas aventuras nas trilhas da vida, dá dicas de mecânica, publica fotos de outros "zuks" (apelido carinhoso para os jipes Suzuki), e oferece links para comunidades de loucos por off-road na internet. Mantém ainda um cadastro que permite informar aos seus leitores, por e-mail, das atualizações do saite e uma curiosa seção de "notícias". Numa das últimas, o autor descreve como quebrou o diferencial dianteiro do jipe, com direito a inúmeras fotos demonstrando o estrago e os reparos. Coisa de quem tem uma bomba de gasolina no lugar do coração.
O Cabrito de Rafael Reis. O meu Vitara é bem mais comportado.
domingo, 26 de setembro de 2004
Puck man
O amigo Giancarlo, em comentário à nota anterior, trouxe à tona mais nostalgia dos anos 1980. Ele recorda dos tempos em que brincava com um Odyssey, videogame produzido no Brasil pela Phillips. O brinquedo de que fala o Gian era na verdade o Odyssey 2, lançado nos Estados Unidos pela Magnavox em 1978 - seis anos depois da primeira versão e um ano depois do Atari 2600. O Odyssey 2 foi o primeiro videogame com teclado completo, de 49 teclas, recurso que não pegou nos aparelhos que o sucederam. O Gian também cita outro tótem da cultura dos videogames, o jogo conhecido no Brasil como Come-Come ou Pac Man, que até hoje tem aficionados em versões para rodar no computador pessoal.
De acordo com o saite The Video Game Revolution, O Come-Come foi criado pela companhia japonesa Namco. Em 1980, os japoneses se associaram à America´s Midway e levaram o jogo para os Estados Unidos, com o nome Puck Man (algo como "Duende"). Por temor de que o público americano considerasse o nome ofensivo - a garotada logo o apelidaria de Fuck Man - o jogo foi rebatizado, antes do lançamento, de Pac Man, provavelmente uma referência ao som característico do personagem-título. Primeiro game a ter o nome de um personagem principal, o Pac man logo se tornou altamente popular, dando origem até a um desenho animado para tevê produzido pelos estúdios Hanna-Barbera. Pode-se dizer então que o Come-Come é um ancestral pré-histórico dos modernos jogos tipo Adventure, com personagens e enredo.
Gian também lembrou do Intellivision, seu sonho de consumo à época. Não era o único. Há até um saite destinado especialmente aos aficcionados-saudosistas do brinquedinho no Brasil. O Intellivision foi lançado nos Estados Unidos em 1979 pela Mattel (a mesma das bonecas Barbie). Para entrar no então crescente mercado de videogames, a empresa associou-se à General Instruments, que já tinha o projeto Gemini 6900. A qualidade dos gráficos, superior aos concorrentes Atari e Odyssey, tem uma explicação técnica. O Intellivision foi o primeiro videogame de 16 bits. Ele utilizava o processador CP1610, que funcionava a um clock de 800 Khz. Nada que se compare aos computadores pessoais de hoje, com seus clocks de 2 GHz, mas um assombro para a época. Com capacidade para processar mais dados em menos tempo, o Intellivision podia usar gráficos mais apurados nos jogos.
Pac Man, na versão jogo...
De acordo com o saite The Video Game Revolution, O Come-Come foi criado pela companhia japonesa Namco. Em 1980, os japoneses se associaram à America´s Midway e levaram o jogo para os Estados Unidos, com o nome Puck Man (algo como "Duende"). Por temor de que o público americano considerasse o nome ofensivo - a garotada logo o apelidaria de Fuck Man - o jogo foi rebatizado, antes do lançamento, de Pac Man, provavelmente uma referência ao som característico do personagem-título. Primeiro game a ter o nome de um personagem principal, o Pac man logo se tornou altamente popular, dando origem até a um desenho animado para tevê produzido pelos estúdios Hanna-Barbera. Pode-se dizer então que o Come-Come é um ancestral pré-histórico dos modernos jogos tipo Adventure, com personagens e enredo.
... e no desenho animado da Hanna-Barbera.
Gian também lembrou do Intellivision, seu sonho de consumo à época. Não era o único. Há até um saite destinado especialmente aos aficcionados-saudosistas do brinquedinho no Brasil. O Intellivision foi lançado nos Estados Unidos em 1979 pela Mattel (a mesma das bonecas Barbie). Para entrar no então crescente mercado de videogames, a empresa associou-se à General Instruments, que já tinha o projeto Gemini 6900. A qualidade dos gráficos, superior aos concorrentes Atari e Odyssey, tem uma explicação técnica. O Intellivision foi o primeiro videogame de 16 bits. Ele utilizava o processador CP1610, que funcionava a um clock de 800 Khz. Nada que se compare aos computadores pessoais de hoje, com seus clocks de 2 GHz, mas um assombro para a época. Com capacidade para processar mais dados em menos tempo, o Intellivision podia usar gráficos mais apurados nos jogos.
sábado, 25 de setembro de 2004
O primeiro videogame
Acabo de acrescentar importantes informações à minha inútil - porém divertida - cultura sobre os videogames. Escrevi duas notas sobre o Atari, um ícone da minha geração, e cheguei a chamá-lo de pioneiro desse tipo de brinquedo. O saite The Video Game Revolution: The History of Games corrige no entanto esse dado. A história é mais antiga. Em 1952 o americano A. S. Douglas criou o primeiro jogo de computador conhecido, Noughts and Crosses ("Zeros e Cruzes") como parte de sua tese de doutorado na Universidade de Cambridge. O primeiro videogame doméstico seria lançado em 1972, o Odyssey, que mais tarde chegou a ser vendido no Brasil (alguém lembra?). Criado por Ralph Baer e produzido pela Magnavox, o brinquedo rodava 12 jogos diferentes, incluindo um chamado Ping Pong. Baer ficou conhecido como o pai dos videogames. Em 1977, aparece o Atari 2600, o primeiro console multi-jogos. Diferente dos aparelhos anteriores, em que o videogame já vinha com um número limitado de jogos embutido no hardware, o Atari passou a usar os cartuchos, vendidos separadamente. Em 1979, quatro funcionários da Atari fundam a Activision, especializada na produção de jogos para o Atari 2600. Para quem se interessa pelo assunto, vale uma visita ao saite, que complementa um especial sobre o tema veiculado pela rede de tevê pública americana PBS.
sexta-feira, 24 de setembro de 2004
Barra Grande
A construção de uma hidrelétrica na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul poderia se tornar o centro de uma grande discussão sobre o futuro do país. Poderia, se os dois lados do debate tivessem a mesma potência de voz. Trata-se da usina de Barra Grande, no Rio Pelotas, região do Planalto Serrano, que teve a licença ambiental concedida na semana passada, como informou A Notícia na edição da última quarta-feira. A autorização do Ibama para que seja formado o grande lago da hidrelétrica foi saudada pelo governo federal. Os entraves para investimentos em produção de energia começam a ser superados, o que contribui para afastar o risco de um novo racionamento a partir de 2007 e para eliminar gargalos que impedem o sonhado crescimento sustentável da economia. Para o cidadão comum, isso significa mais emprego, a médio e longo prazo. Mas uma reportagem do saite ambientalista O Eco procura mostrar que nem tudo são flores. Há a Mata Atlântica no meio. Só que nessas circunstâncias, é difícil defender a floresta. O colunista Marcos Sá Corrêa deu voz a entidades ambientalistas catarinenses e internacionais. Elas denunciam que o Ibama teria liberado ilegalmente a licença, baseada num relatório fraudulento, permitindo a devastação de uma grande área protegida. Os ambientalistas já movem uma ação na Justiça Federal contra o licenciamento da hidrelétrica. Num país com tantos problemas para resolver ao mesmo tempo, é ainda mais difícil conciliar os interesses das gerações atuais e das futuras. Ou simplesmente cumprir a lei.
quinta-feira, 23 de setembro de 2004
Como caçar patos
Quem costuma dar algum crédito a todas as informações que recebe via internet deve dar uma olhada na coluna de hoje do Pedro Dória em no mínimo e no blog Coluna Extra, do jornalista Alexandre Gonçalves. O assunto é o mesmo: como um colunista com 15 anos de internet foi vítima - por mais de uma vez, confessa - de um hoax, um boato lançado na rede. No caso, trata-se do Sexkut, versão sexual do Orkut. O Sexkut foi um boato, na forma de uma página de internet criada especialmente para capturar patos, inventado pelo pessoal do Cocadaboa, saite humorístico que anda na moda - pricipalmente depois desse espisódio. Pedro Dória admite o erro, descreve como acabou sendo o pato alfa do boato e relembra que também foi enganado de maneira semelhante, há dois anos. Em seu favor, diga-se que não foi o único. Até jornalões como a Folha de São Paulo e O Dia compraram a pauta e entraram para a grande rede de patos do Cocadaboa. Os engraçadinhos anunciam agora que o serviço, de tanto interesse que despertou, vai começar a funcionar de verdade. Será que alguém vai levar a sério?
quarta-feira, 22 de setembro de 2004
Essas inglesas...
A sedução era uma arma da espionagem britânica na primeira metade do século 20. James Bond, o agente 007 da literatura e do cinema, não foi o único a usar essa estratégia a serviço de Sua Majestade. Longe da ficção, as espiãs inglesas também valiam-se de seus talentos sexuais para obter informações preciosas. A tal ponto que pelo menos um diretor do MI5, o serviço secreto britânico, preocupou-se em conter os excessos de suas agentes, em carta datada de abril de 1945. A carta está entre os 280 documentos divulgados em maio pelos Arquivos Nacionais, em Kew, na Inglaterra. Maxwell Nnight, responsável pelo treinamento dos espiões britânicos, criticava os métodos utilizados por Mata Hari, espiã executada durante a Primeira Guerra Mundial que usava o sexo como ferramenta de investigação. "Estou convencido de que mais informações foram obtidas por agentes que se mantiveram longe do alcance das mãos masculinas", escreveu Knight. As informações estão na página da revista História Viva. Sexo e espionagem, portanto, não andavam juntos apenas na ficção. Será que continua assim?
terça-feira, 21 de setembro de 2004
Salim Miguel
Está nos jornais locais, mas vale a pena repertir a notícia. Salim Miguel lança daqui a pouco, no Centro de Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis, seu novo livro: Mare Nostrum - romance desmontável. Com 80 anos de idade e a vista turva, quase cego, Salim é hoje uma jóia rara numa província sulista com pouca tradição na literatura. Seu livro anterior, Nur na Escuridão, lançado em 1999, alcançou reconhecimento nacional com o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte e da Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, em 2001. Nascido no Líbano, Salim chegou ainda criança ao Brasil e viveu dos 5 aos 19 anos em Biguaçu, nos arredores de Florianópolis, mudando-se depois para a capital catarinense. Nur (luz, em árabe) na Escuridão é um romance autobiográfico sobre a imigração da família libanesa e sua nova vida no Brasil, na primeira metade do século 20. É um livro que recomendo, e não por bairrismo. Em Mare Nostrum, Salim se propõe a novamente inverter o binóculo falando de temas universais por meio de histórias de sua aldeia. A estrutura foi pensada para que a história possa começar por qualquer capítulo, ao gosto do leitor, daí a idéia de romance desmontável. Leia mais em A Notícia e no Diário Catarinense.
segunda-feira, 20 de setembro de 2004
A volta do Atari II
Acabei de recuperar meu Dactar, a cópia nacional do lendário Atari, o pai dos videogames. Leia a nota publicada no dia 10 de setembro, A volta do Atari, sobre o relançamento do brinquedinho. O aparelho está completo (console, os dois controles, adaptador e conector para TV) e funcionando razoavelmente bem, excetuando-se aqueles já conhecidos problemas de contato nos plugues dos controles. Também recuperei alguns cartuchos de jogos, inclusive os clássicos River Raid e Enduro. Estou pensando em chamar alguns amigos e organizar um dia de jogatina. Se alguém tiver em casa algum velho cartucho com jogos de Atari, aceito presentes. Vêm aí dia das crianças (12 de outubro), natal, meu aniversário (26 de fevereiro). Mas não é preciso esperar essas datas, aceito também se ganhar apenas por ser um cara legal. Antigos joysticks do Atari ou Dactar, funcionando, também servem. O jogo que mais cobiço no momento é esse aí da imagem, o Keystone Kapers, que eu jogava muito nos anos 80, mas não tenho mais o cartucho. Está dado o recado.
domingo, 19 de setembro de 2004
Quase novidade
E finalmente saiu uma nova pesquisa de intenção de voto para prefeito de Florianópolis, a duas semanas da eleição. Pena que não traz grandes novidades. De acordo com o instituto Mapa, contratado pela RBS TV, Dário Berger (PSDB) continua disparado na frente, com 34%. Sérgio Grando (PPS) e Chiquinho de Assis (PP) aparecem pela primeira vez empatados, com 18%. Essa seria a grande novidade, se não fosse pela absurda margem de erro de 4,9% do Mapa. Na sondagem anterior, divulgada em 22 de agosto, Grando tinha 19% e Assis 14%, o que já configurava um empate técnico. O fato é que continua indefinido quem será o adversário de Berger no segundo turno. A pesquisa também mostra Afrânio Boppré (PT) empacado nos 10%. Dois candidatos nanicos já podem mortrar um dígito diferente de zero antes da vírgula. Gerson Basso (PV) aparece com 2% e o tal Vavo (PT do B) obteve 1% - uns quatro entrevistados juram que vão votar nele.
sexta-feira, 17 de setembro de 2004
Vota num, elege outro
Sei que posso parecer chato falando tanto de eleição, mas vou correr o risco. Essa é mais uma da série "olha lá como vota". Você lembra em quem votou para vereador na última eleição? É bem provável que não. O parlamento é tão importante para a democracia moderna que ela simplesmente não existe sem ele. Nós eleitores brasileiros, no entanto, costumamos dar pouca importância à eleição do parlamentar. No máximo o vereador funciona como um cara que consegue alguns favores, quando deveria ser a voz do eleitor, seu representante mais próximo. Comprando votos com favores ou dinheiro, o vereador acaba prestando satisfações a quem financiou a campanha, não a quem o elegeu - já que o eleitor esquece logo em quem votou. Esse comportamento generalizado de venda de votos - mais do que compra - tem várias explicações: má distribuição de renda no país, educação de má qualidade, falta de tradição democrática e o próprio comportamento dos parlamentares. Mas a culpa também é do sistema de eleição proporcional, que poucos entendem como funciona.
Este ano, aqui em Florianópolis, vamos eleger 16 vereadores. Com quem ficarão essas vagas? Com os 16 mais votados, certo? Errado. O eleitor vota num candidato, mas está elegendo uma chapa. Funciona assim: os 178 candidatos estão agrupados em nove chapas. Cada uma delas pode ser formada por um único partido ou uma coligação. O eleitor escolhe um candidato entre as 178 opções. Também pode optar apenas por um partido (voto de legenda). Os votos para os candidatos e legendas de uma mesma chapa são somados. Quanto mais votos a chapa conseguir, no conjunto, mais vereadores emplaca, por ordem de votação. Isso faz com que um candidato campeão de votos possa ficar de fora - isso já ocorreu - porque a chapa não fez votos suficientes para preencher uma vaga. Vereadores menos votados, por outro lado, podem ser eleitos, empurrados pelos votos de seus companheiros de chapa.
Ou seja, nem sempre quem leva mais votos, individualmente, consegue se eleger. Por isso, antes de escolher seu candidato, é bom saber quem são seus companheiros de chapa, para não comprar gato por lebre. Votando num integrante da chapa, você está ajudando a eleger todos os outros. Esse sistema dá uma grande liberdade ao eleitor - ele escolhe o partido e o candidato que quer ver na Câmara - mas tem uma grande desvantagem: praticamente inviabiliza uma campanha séria para vereador. Como escolher corretamente entre 178 candidatos? Será possível conhecer todos? É impossível, por exemplo, organizar debates. Mudar simplesmente o sistema para o voto individual, portanto, não resolveria, além de enfraquecer os partidos, o que faz mal à democracia.
Mas há alternativas, adotadas em outros países. Uma delas é o voto distrital, em que a cidade seria dividida em 16 distritos, cada um elegendo um vereador. O número de candidatos cairia, em média, para 11 por distrito, possibilitando uma campanha mais séria e estreitando os laços entre o vereador eleito e a comunidade. Também existe o voto de lista, em que os partidos definem a ordem de seus candidatos e o eleitor vota apenas na lista. São eleitos os primeiros da fila, na proporção dos votos obtidos pela chapa. Ao contrário do voto distrital, esse sistema favorece candidatos populares em grande parte da cidade, mas que não se identificam com nenhuma região específica do município. Por fim, há o distrital misto, em que metade dos vereadores é eleito pelo sistema distrital e a outra metade pelo de lista. Tem a desvantagem de complicar a votação.
Este ano, aqui em Florianópolis, vamos eleger 16 vereadores. Com quem ficarão essas vagas? Com os 16 mais votados, certo? Errado. O eleitor vota num candidato, mas está elegendo uma chapa. Funciona assim: os 178 candidatos estão agrupados em nove chapas. Cada uma delas pode ser formada por um único partido ou uma coligação. O eleitor escolhe um candidato entre as 178 opções. Também pode optar apenas por um partido (voto de legenda). Os votos para os candidatos e legendas de uma mesma chapa são somados. Quanto mais votos a chapa conseguir, no conjunto, mais vereadores emplaca, por ordem de votação. Isso faz com que um candidato campeão de votos possa ficar de fora - isso já ocorreu - porque a chapa não fez votos suficientes para preencher uma vaga. Vereadores menos votados, por outro lado, podem ser eleitos, empurrados pelos votos de seus companheiros de chapa.
Ou seja, nem sempre quem leva mais votos, individualmente, consegue se eleger. Por isso, antes de escolher seu candidato, é bom saber quem são seus companheiros de chapa, para não comprar gato por lebre. Votando num integrante da chapa, você está ajudando a eleger todos os outros. Esse sistema dá uma grande liberdade ao eleitor - ele escolhe o partido e o candidato que quer ver na Câmara - mas tem uma grande desvantagem: praticamente inviabiliza uma campanha séria para vereador. Como escolher corretamente entre 178 candidatos? Será possível conhecer todos? É impossível, por exemplo, organizar debates. Mudar simplesmente o sistema para o voto individual, portanto, não resolveria, além de enfraquecer os partidos, o que faz mal à democracia.
Mas há alternativas, adotadas em outros países. Uma delas é o voto distrital, em que a cidade seria dividida em 16 distritos, cada um elegendo um vereador. O número de candidatos cairia, em média, para 11 por distrito, possibilitando uma campanha mais séria e estreitando os laços entre o vereador eleito e a comunidade. Também existe o voto de lista, em que os partidos definem a ordem de seus candidatos e o eleitor vota apenas na lista. São eleitos os primeiros da fila, na proporção dos votos obtidos pela chapa. Ao contrário do voto distrital, esse sistema favorece candidatos populares em grande parte da cidade, mas que não se identificam com nenhuma região específica do município. Por fim, há o distrital misto, em que metade dos vereadores é eleito pelo sistema distrital e a outra metade pelo de lista. Tem a desvantagem de complicar a votação.
quinta-feira, 16 de setembro de 2004
Pesquisa vale alguma coisa?
As pesquisas de intenção de voto sempre atraem um misto de interesse e rancores em época de eleição. É certo que muita gente, se não decide o voto em razão dos números, pelo menos os leva em conta. Outros desconsideram completamente a validade das sondagens de opinião, por razões que vão da descrença na ciência estatística até teorias conspiratórias. O que é preciso deixar claro é que pesquisas de opinião não são precisas. E os institutos que as elaboram admitem isso, ainda que de modo discreto. É preciso considerar duas coisas: margem de erro e grau de confiança. Parecem meros detalhes técnicos, mas são informações que esclarecem se uma determinada pesquisa serve para alguma coisa.
Ambos são fáceis de entender. Quando os números reais não batem com os da pesquisa, os institutos só consideram que houve um erro se a discrepância for muito grande. Para delimitar até onde vai o acerto, existe a tal margem de erro. Assim, se essa margem é de 2%, a pesquisa só estaria errada se a diferença entre os números pesquisados e os reais forem maiores que isso, para cima ou para baixo. Dizer que um candidato tem 20% das intenções de voto, com margem de erro de 2%, significaria dizer que ele tem algo entre 18% e 22%.
Menos conhecido é o fato de que os institutos admitem a possibilidade de não acertar o alvo, mesmo considerando a margem de erro. O método estatístico pode determinar por exemplo que, para uma determinada pesquisa, os números estariam dentro da margem em 90 levantamentos de cada 100 realizados. Assim, a pesquisa teria um grau de confiança de 90%. Quanto maior for o grau de confiança, portanto, maior a precisão da pesquisa. Já com a margem de erro, se dá o contrário: ela deve ser a menor possível.
Em relação às pesquisas publicadas até agora sobre a eleição em Florianópolis, nenhuma delas parece razoávelmente confiável. A mais precisa é a do Ibope, com margem de erro de 4% - ainda assim grande - e grau de confiança de 95%. Os números do Databrain, publicados na revista IstoÉ, tem uma confiança de 95,5%, mas admitem uma margem de erro maior, de 4,5%. Já a pesquisa do Mapa pode ser enquadrada entre aquelas que não ajudam muito a informar. A margem de erro vai a quase 5% (o que leva a uma diferença de 10 pontos entre o valor máximo e o mínimo admitidos como corretos). O grau de confiança sequer foi divulgado. Hoje, apareceu mais uma pesquisa, divulgada por um candidato, com margem de erro de 3,5%. Ainda que não se aceite as teorias de manipulação, cabe uma pergunta aos institutos: por que as margens de erro cresceram tanto nas eleições deste ano?
Ambos são fáceis de entender. Quando os números reais não batem com os da pesquisa, os institutos só consideram que houve um erro se a discrepância for muito grande. Para delimitar até onde vai o acerto, existe a tal margem de erro. Assim, se essa margem é de 2%, a pesquisa só estaria errada se a diferença entre os números pesquisados e os reais forem maiores que isso, para cima ou para baixo. Dizer que um candidato tem 20% das intenções de voto, com margem de erro de 2%, significaria dizer que ele tem algo entre 18% e 22%.
Menos conhecido é o fato de que os institutos admitem a possibilidade de não acertar o alvo, mesmo considerando a margem de erro. O método estatístico pode determinar por exemplo que, para uma determinada pesquisa, os números estariam dentro da margem em 90 levantamentos de cada 100 realizados. Assim, a pesquisa teria um grau de confiança de 90%. Quanto maior for o grau de confiança, portanto, maior a precisão da pesquisa. Já com a margem de erro, se dá o contrário: ela deve ser a menor possível.
Em relação às pesquisas publicadas até agora sobre a eleição em Florianópolis, nenhuma delas parece razoávelmente confiável. A mais precisa é a do Ibope, com margem de erro de 4% - ainda assim grande - e grau de confiança de 95%. Os números do Databrain, publicados na revista IstoÉ, tem uma confiança de 95,5%, mas admitem uma margem de erro maior, de 4,5%. Já a pesquisa do Mapa pode ser enquadrada entre aquelas que não ajudam muito a informar. A margem de erro vai a quase 5% (o que leva a uma diferença de 10 pontos entre o valor máximo e o mínimo admitidos como corretos). O grau de confiança sequer foi divulgado. Hoje, apareceu mais uma pesquisa, divulgada por um candidato, com margem de erro de 3,5%. Ainda que não se aceite as teorias de manipulação, cabe uma pergunta aos institutos: por que as margens de erro cresceram tanto nas eleições deste ano?
quarta-feira, 15 de setembro de 2004
Telefone IP chega ao Brasil
Vai começar uma briga boa no mercado de telefonia de longa distância (ligações DDD e DDI). De acordo com a edição de hoje do Jornal do Brasil, a GVT anunciou que vai oferecer o serviço de telefone IP (internet protocol), inicialmente em oito capitais, inclusive Florianópolis. O telefone IP inverte a lógica atual das redes de telecomunicação, em que grande parte das conexões de internet usam a rede de telefonia. Agora é o telefone que usa a internet para transmitir voz, transformada em dados. É o primeiro passo de uma revolução tecnológica. A vantagem imediata para o usuário é que o novo sistema é muito mais barato. O presidente da operadora, Amos Genish, garante que a economia chega a 70% no caso das ligações de longa distância e 90% no roaming celular (uso do aparelho fora da área de cobertura). Por isso a GVT já se prepara para a chiadeira dos concorrentes, esperando inclusive processos no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão federal que zela pela concorrência no mercado brasileiro. O sistema funciona de forma simples, com um adaptador ligado a um aparelho de telefone comum, e já é popular nos EUA e alguns países asiáticos. Além de Florianópolis, o serviço deve ser oferecido em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Brasília e Goiânia. Nem o JB nem o saite da GVT informam quando o serviço entraria em operação.
terça-feira, 14 de setembro de 2004
E a cidade fica pior...
Continuo minha campanha "não venha morar em Florianópolis". A edição de hoje do jornal A Notícia informa a adoção de mais uma medida para piorar a qualidade de vida na cidade. A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), estatal controlada pelo governo do estado e responsável pelo abastecimento da capital, decidiu liberar as ligações de água em construções irregulares no município. Essas ligações, assim como as de energia elétrica, haviam sido proibidas em 2001, por meio de um acordo com o Ministério Público (caso da água) e uma decisão judicial (para a luz). A proibição tem o objetivo de ajudar a conter as ocupações irregulares na Ilha de Santa Catarina, onde fica a maior parte do município de Florianópolis, inclusive o centro. As invasões e loteamentos irregulares incham a cidade de favelas, comprometem àreas de preservação e põem em risco a própria infra-estrutura local (inclusive o abastecimento de água), já que, sendo uma ilha, a cidade tem seus limites. Agora, a um mês das eleições, a Casan resolveu desrespeitar a Justiça e liberar geral. E o planejamento urbano vai para o ralo. Pessoal, não ajudem a piorar a cidade, não venham morar aqui, que vocês poderão ficar sem água, entre outros problemas. Vão para Porto Alegre, tem um monte de gente saindo de lá. Sabia que eles têm até uma "Praia de Ipanema"?
segunda-feira, 13 de setembro de 2004
Novidade na eleição
Enfim um fato novo na campanha eleitoral para prefeito de Florianópolis. Todas as pesquisas eleitorais publicadas até agora mostram uma posição bastante estável dos candidatos, com Dário Berger (PSDB) na frente, Sérgio Grando (PPS) em segundo e Chiquinho de Assis (PP) e Afrânio Boppé (PT) disputando o terceiro lugar. Nesse fim de semana, a imprensa local publicou o desabafo do prefeito de São José, Vanildo Macedo, que deixou o PSDB atirando no ex-aliado Dário Berger. Eleito como vice-prefeito na chapa de Dário por dois mandatos consecutivos, Macedo herdou o cargo de prefeito no início deste ano, quando Berger renunciou ao comando do principal município-satélite de Florianópolis para concorrer à prefeitura da Capital. Agora Macedo diz que recebeu uma prefeitura impossível de administrar, com um desacerto tal nas contas que obrigou o município a assinar um ajuste de conduta com o Ministério Público, forçando a demissão de funcionários contratados irregularmente e outros cortes de gastos. Berger rebateu dizendo que as contas da prefeitura têm saldo positivo. De qualquer modo, o fato abala a imagem de bom administrador em que se tem apoiado a campanha de Berger. O efeito na votação dependerá de como os adversários e a imprensa explorarão o episódio. Dificilmente o candidato do PSDB deixará de vencer no 1° turno, mas a polêmica pode ter uma influência decisiva na segunda votação, no fim de outubro.
sexta-feira, 10 de setembro de 2004
A volta do Atari
Outra boa notícia para quem foi adolescente nos anos 1980. A Atari está relançando no mercado uma versão recauchutada do seu velho videogame. De acordo com o saite IDG Now, a empresa anunciou na última terça-feira o lançamento do Atari Flashback Classic Game Console, uma réplica reduzida dos clássicos modelos 2600 e 7800, que fizeram a alegria da garotada há 20 anos. A nova versão é um equipamento plug and play que se conecta a um aparelho de TV, com os velhos Atari. Já vem com 20 jogos, entre eles 19 antigos e um inédito. Também acompanha bateria e um cabo de conexão com a TV, além de dois joysticks. A previsão da empresa é de que o aparelho chegue ao mercado dos Estados Unidos em novembro. Lá, o preço sugerido é de US$ 44,95.
O Atari foi um verdadeiro ícone pop dos anos 1980. Virou uma febre entre a garotada e rendeu até uma versão nacional, o Dactar, uma cópia idêntica (com exceção do botão no joystick, amarelo no lugar do vermelho original, e do logo da marca). Tive um Dactar. Está na casa dos meus pais, acho que completinho, e provavelmente ainda funciona. A indústria aperfeiçou o realismo dos jogos e o velho Atari, com seus pixels atirando pixels em outros pixels, ficou obsoleto e saiu do mercado. Mas o ícone não morreu. Saudosistas o mantiveram conectado a seus televisores, formaram clubes e saites especializados. Alguns aficcionados desenvolveram até emuladores (programas que reproduzem os jogos do Atari num computador pessoal comum) e outros chegaram a abrir casas norturnas inspiradas no velho videogame.
H.E.R.O. - jogo para o Atari 2600 Video Computer System, de 1977.
quinta-feira, 9 de setembro de 2004
Para quem gosta de discos antigos
A revista História Viva, edição de setembro, traz duas páginas sobre o Museu Histórico de Santa Catarina, em Florianópolis. Mais conhecido como Palácio Cruz e Souza ou Palácio Rosado, o museu foi sede do governo catarinense desde meados dos anos 1700 até 1986. Nesse período, passou por uma grande reforma em 1895 e uma completa restauração em 1977. É um dos mais belos e bem preservados prédios da cidade, mantendo inclusive a mobília antiga intacta. Visitei o museu há muito tempo, mas o que me chamou a atenção na matéria foi a foto de uma peça de que não me lembro ter visto. Trata-se de uma caixa de música alemã, em estilo art nouveau, do século 19. O governador Jorge Lacerda recebeu-a como presente da esposa em 1954. Parece que é possivel escolher entre 23 discos metálicos, colocar uma moedinha e ouví-la tocar. O equipamento é mais antigo que o gramofone, o avô do toca-discos. O curioso é que, nos fim dos anos 1800, já havia aparelhos semelhantes a uma juke box. Acho que vou fazer uma visita ao museu só para descobrir se a engenhoca funciona e que tipo de música tem lá.
Caixa de música do século 19, raridade anterior ao gramofone
quarta-feira, 8 de setembro de 2004
Microsoft
É preciso tirar o chapéu para a empresa de Bill Gates numa coisa: sua capacidade de fazer com que cada computador doméstico (exceto os cada vez mais raros e caros Macs) funcione apenas com programas produzidos pela Microsoft. Quando comecei a usar a internet, em 1997, usava o Netscape para navegar e o Eudora para os e-mails. Troquei-os algum tempo depois pelo Internet Explorer e Outlook Express, por praticidade. Hoje, aqui no meu modesto micro, caiu a última fortaleza: o ICQ. Não que o programa de mensagens instantâneas fosse ruim. Pelo contrário. Usava-o há anos e ele sempre me serviu bem, funcionando melhor a cada versão. Desinstalei-o hoje, mesmo assim. O fato é que ninguém mais usa o excelente ICQ. A integração com os produtos da Microsof faz todo mundo optar pelo Windows Messenger, que aliás já vem instalado com o sistema operacional Windows XP, rodando automaticamente quando abre-se o correio eletrônico. Meu único contato que usava o ICQ também é usuário do Messenger. Desisti. Ferrramentas de internet, por exigirem conectividade, não escapam do efeito manada. Onde a maioria vai, acaba indo todo mundo.
terça-feira, 7 de setembro de 2004
Berger, prefeito da capital?
Tradicionalmente, o eleitor de Florianópolis vota de acordo com a popularidade dos partidos que controlam o governo municipal e estadual.
Na primeira eleição direta depois do regime militar, em 1985, venceu Edison Andrino (PMDB). Ele encarnava a oposição ao PDS (novo nome da Arena), desgastado pela agonia da ditadura e pela crise econômica dos anos 80, e que então controlava o estado e a capital.
Em 1988, Esperidião Amin (PDS) venceu opondo-se às administrações municipal e estadual do PMDB, abalado pela frustração com o governo Sarney e crises locais.
Em 1992, o estado e o município estavam nas mãos do PFL (Amin havia se afastado para eleger-se senador, deixando a prefeitura com o vice Bulcão Vianna). O então partido da situação foi um dos mais atingidos pela crise do impeachment de Collor, afastado às vésperas da eleição, e o escândalo do orçamento. Sérgio Grando (PPS), liderando uma oposição de esquerda, venceu como alternativa às experiências anteriores. Situação que se repetiu em outras cidades.
Em 1996, Angela Amin (PPB, a então nova grife do PDS/Arena, hoje PP) ganhou a disputa opondo-se à prefeitura de Grando, que enfrentara uma crise na infra-estrutura depois de uma enchente no Natal de 1995, somada à incapacidade de atrair verbas federais e estaduais. Também opunha-se ao governo Paulo Afonso (PMDB), então enrolado no escândalo das letras e enfrentando um processo de impeachment.
O ano de 2000 foi um caso especial, já que pela primeira vez havia a possibilidade de reeleição, uma carona que os prefeitos ganharam na emenda aprovada para prorrogar o mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) no governo federal. Com a popularidade em alta e o apoio do marido Esperidião Amin no governo estadual - o que garantiria acesso a verbas estaduais e federais, pela aliança dos Amin com o PSDB - Angela ganhou mais quatro anos na prefeitura.
Se a lógica for mantida, a eleição deste ano depende muito da popularidade de Angela Amin e do governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB). Depois da confusão envolvendo o transporte coletivo da cidade e de algumas trapalhadas do governo estadual, nenhum dos dois parece ser um excelente cabo eleitoral. Já o PT, que está no governo federal, tem o desgaste natural de estar no poder somado a uma rejeição histórica ao partido.
Talvez isso explique porque Dário Berger (PSDB) esteja liderando as pesquisas em Florianópolis. Trata-se de um político sem história na cidade (migrou do município vizinho, São José, onde crumpria o segundo mandato como prefeito) e que não tem a chancela oficial de nenhum governo. Não é à toa que tenha a menor rejeição. Seu programa de governo resume-se praticamente a asfaltar ruas. Não mexendo com problemas mais complicados, também afasta-se de polêmicas desgastantes.
Na primeira eleição direta depois do regime militar, em 1985, venceu Edison Andrino (PMDB). Ele encarnava a oposição ao PDS (novo nome da Arena), desgastado pela agonia da ditadura e pela crise econômica dos anos 80, e que então controlava o estado e a capital.
Em 1988, Esperidião Amin (PDS) venceu opondo-se às administrações municipal e estadual do PMDB, abalado pela frustração com o governo Sarney e crises locais.
Em 1992, o estado e o município estavam nas mãos do PFL (Amin havia se afastado para eleger-se senador, deixando a prefeitura com o vice Bulcão Vianna). O então partido da situação foi um dos mais atingidos pela crise do impeachment de Collor, afastado às vésperas da eleição, e o escândalo do orçamento. Sérgio Grando (PPS), liderando uma oposição de esquerda, venceu como alternativa às experiências anteriores. Situação que se repetiu em outras cidades.
Em 1996, Angela Amin (PPB, a então nova grife do PDS/Arena, hoje PP) ganhou a disputa opondo-se à prefeitura de Grando, que enfrentara uma crise na infra-estrutura depois de uma enchente no Natal de 1995, somada à incapacidade de atrair verbas federais e estaduais. Também opunha-se ao governo Paulo Afonso (PMDB), então enrolado no escândalo das letras e enfrentando um processo de impeachment.
O ano de 2000 foi um caso especial, já que pela primeira vez havia a possibilidade de reeleição, uma carona que os prefeitos ganharam na emenda aprovada para prorrogar o mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) no governo federal. Com a popularidade em alta e o apoio do marido Esperidião Amin no governo estadual - o que garantiria acesso a verbas estaduais e federais, pela aliança dos Amin com o PSDB - Angela ganhou mais quatro anos na prefeitura.
Se a lógica for mantida, a eleição deste ano depende muito da popularidade de Angela Amin e do governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB). Depois da confusão envolvendo o transporte coletivo da cidade e de algumas trapalhadas do governo estadual, nenhum dos dois parece ser um excelente cabo eleitoral. Já o PT, que está no governo federal, tem o desgaste natural de estar no poder somado a uma rejeição histórica ao partido.
Talvez isso explique porque Dário Berger (PSDB) esteja liderando as pesquisas em Florianópolis. Trata-se de um político sem história na cidade (migrou do município vizinho, São José, onde crumpria o segundo mandato como prefeito) e que não tem a chancela oficial de nenhum governo. Não é à toa que tenha a menor rejeição. Seu programa de governo resume-se praticamente a asfaltar ruas. Não mexendo com problemas mais complicados, também afasta-se de polêmicas desgastantes.
segunda-feira, 6 de setembro de 2004
Pesquisa eleitoral
A revista IstoÉ publicou neste fim de semana mais uma pesquisa sobre a intenção de voto para prefeito em 19 cidades brasileiras, inclusive Florianópolis. De acordo com o instituto Databrain, contratado pela revista, Dário Bérger (PSDB) está com 31,5% da preferência do eleitorado na capital catarinense. Em seguida vem Sérgio Grando (PPS), com 18,5%. Chiquinho de Assis (PP), candidato da atual prefeita Angela Amin, aparece com 14,7% e Afrânio Boppré (PT), com 14,3%. Os cinco candidatos nanicos somam 6,2%. O instituto estima ainda que 9,4% não pretendem votar em nenhum dos candidatos e apenas 5,2% estariam indecisos. Há um empate técnico entre Grando, Assis e Boppré no segundo lugar, mas todas as pesquisas apontam uma ligeira vantagem para o candidato do PPS. O Databrain não traz surpresas em relação aos dois levantamentos anteriores do mesmo instituto. As variações estão dentro da margem de erro.
Os números do Databrain - pelo menos em relação aos percentuais dos quatro principais candidatos - são próximos aos das pesquisas já publicadas na imprensa local catarinense, feitas pelo Ibope e Mapa. Nenhum dos três levantamentos, no entanto, é razoavelmente preciso. O da IstoÉ/Databrain tem margem de erro de 4,5% (contra 4% do Ibope e 4,9% do Mapa). Nas pesquisas de intenção de voto feitas pelo Ibope no Rio de Janeiro e São Paulo, a margem de erro é geralmente de 2%, o que dá uma idéia mais clara da preferência do eleitorado. A possibilidade de que os números reais estejam dentro da margem de erro do Databrain (o que os técnicos chamam de "intervalo de confiança") é de 95,5%, segundo o instituto. O Ibope informa um intervalo de confiança de 95% e o Mapa não divulgou esse dado.
Os números do Databrain - pelo menos em relação aos percentuais dos quatro principais candidatos - são próximos aos das pesquisas já publicadas na imprensa local catarinense, feitas pelo Ibope e Mapa. Nenhum dos três levantamentos, no entanto, é razoavelmente preciso. O da IstoÉ/Databrain tem margem de erro de 4,5% (contra 4% do Ibope e 4,9% do Mapa). Nas pesquisas de intenção de voto feitas pelo Ibope no Rio de Janeiro e São Paulo, a margem de erro é geralmente de 2%, o que dá uma idéia mais clara da preferência do eleitorado. A possibilidade de que os números reais estejam dentro da margem de erro do Databrain (o que os técnicos chamam de "intervalo de confiança") é de 95,5%, segundo o instituto. O Ibope informa um intervalo de confiança de 95% e o Mapa não divulgou esse dado.
sexta-feira, 3 de setembro de 2004
Pravda. Isso é jornal.
Todo brasileiro que gosta um pouco de esporte deve ter se indignado com a atitude do irlandês Neil Horan. Trata-se daquele padre fanático que avacalhou a prova olímpica da Maratona, invadindo a pista e retendo por 12 segundos o atleta brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, que então liderava a corrida. Vanderlei acabou ultrapassado pelo italiano Stefano Baldini e pelo americano Mebrahtom Keflezighi, consolando-se com a medalha de bronze. Horan queria protestar contra Israel e acabou favorecendo um corredor americano, que na confusão conquistou a medalha de prata. O protesto mais contundente que eu li até agora contra o padre mala e a organização dos jogos não partiu, no entanto, de nenhum brasileiro, mas de um russo. O amigo jornalista Dom Dalmoro publicou o texto em seu blog. Como diz Dalmoro, o título do jornal Pravda é um primor: "Filho da puta!".
quinta-feira, 2 de setembro de 2004
Quanta animação!
Uma boa dica para quem curte filmes de animação - ou desenho animado, como se dizia antigamente. Estão na rede os 20 finalistas do Anima Mundi Web 2004, selecionados no mês de julho entre 222 curtas para internet inscritos no festival mundial de animação, realizado em São Paulo e no Rio de Janeiro. Um dos destaques é o filme Menino Caranguejo, feito pelo professor de design José Francisco Peligrino Xavier, o Chicolam, de Joinville. A animação politicamente correta em defesa dos animais silvestres - e mesmo assim muito boa - tem duração de três minutos. O filmete ficou em terceiro lugar no festival e foi o segundo na votação popular. O grande vencedor foi o sul-coreano There she is, de SamBakZa, uma animação divertida em ritmo de desenho japonês para TV. Tem muito mais coisa boa. Entre os brasileiros, não deixe de ver o engraçado Um homem com uma Bíblia, de Eduardo Souzacampos, e o maluco Jimmy Jazz, de Eric Lovric. Por la noche, da argentina Gabriela Perez, é tão despretencioso quanto imperdível. Austrália, Israel, Finlândia, França, Taiwan, Inglaterra e Escócia também emplacaram representantes entre os 20 selecionados.
quarta-feira, 1 de setembro de 2004
"Disciplina é liberdade"
Esse verso da música Há tempos, do extinto Legião Urbana, sempre me fez pensar. A frase nos soa propositalmente estranha. É que nós crescemos com a idéia de que a disciplina aprisiona. Já a liberdade seria uma permissão para realizar qualquer desejo, a qualquer hora, livre de regras ou limitações. A disciplina seria portanto, contrária à liberdade. Renato Russo e sua legião discordaram dessa idéia, e acredito que não foi com ironia. Para eles, a disciplina e liberdade não são opostas. Mais que isso, uma implica na outra. Para chegar onde se deseja, realizar um sonho, conquistar uma vitória, é preciso disciplina. Não há liberdade sem ela. Além disso, aproveitar a liberdade requer disciplina, para não ferir a liberdade do outro. Há 30 anos, no Brasil do regime militar, a disciplina era ordem. E a ordem era o governo. Muita gente que se opunha à ditadura, por isso, tendia a adotar a indisciplina como bandeira. Muitos continuam agindo assim hoje em dia, mesmo entre as gerações mais novas, como se tivessem nascido na época errada. Rejeitam tudo o que seja disciplinado, limpo, ordenado, eficiente, mesmo sem saber direito por que razão. Não entenderam o recado. "Disciplina é liberdade, compaixão é fortaleza, ter bondade é ter coragem".
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