Tradicionalmente, o eleitor de Florianópolis vota de acordo com a popularidade dos partidos que controlam o governo municipal e estadual.
Na primeira eleição direta depois do regime militar, em 1985, venceu Edison Andrino (PMDB). Ele encarnava a oposição ao PDS (novo nome da Arena), desgastado pela agonia da ditadura e pela crise econômica dos anos 80, e que então controlava o estado e a capital.
Em 1988, Esperidião Amin (PDS) venceu opondo-se às administrações municipal e estadual do PMDB, abalado pela frustração com o governo Sarney e crises locais.
Em 1992, o estado e o município estavam nas mãos do PFL (Amin havia se afastado para eleger-se senador, deixando a prefeitura com o vice Bulcão Vianna). O então partido da situação foi um dos mais atingidos pela crise do impeachment de Collor, afastado às vésperas da eleição, e o escândalo do orçamento. Sérgio Grando (PPS), liderando uma oposição de esquerda, venceu como alternativa às experiências anteriores. Situação que se repetiu em outras cidades.
Em 1996, Angela Amin (PPB, a então nova grife do PDS/Arena, hoje PP) ganhou a disputa opondo-se à prefeitura de Grando, que enfrentara uma crise na infra-estrutura depois de uma enchente no Natal de 1995, somada à incapacidade de atrair verbas federais e estaduais. Também opunha-se ao governo Paulo Afonso (PMDB), então enrolado no escândalo das letras e enfrentando um processo de impeachment.
O ano de 2000 foi um caso especial, já que pela primeira vez havia a possibilidade de reeleição, uma carona que os prefeitos ganharam na emenda aprovada para prorrogar o mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) no governo federal. Com a popularidade em alta e o apoio do marido Esperidião Amin no governo estadual - o que garantiria acesso a verbas estaduais e federais, pela aliança dos Amin com o PSDB - Angela ganhou mais quatro anos na prefeitura.
Se a lógica for mantida, a eleição deste ano depende muito da popularidade de Angela Amin e do governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB). Depois da confusão envolvendo o transporte coletivo da cidade e de algumas trapalhadas do governo estadual, nenhum dos dois parece ser um excelente cabo eleitoral. Já o PT, que está no governo federal, tem o desgaste natural de estar no poder somado a uma rejeição histórica ao partido.
Talvez isso explique porque Dário Berger (PSDB) esteja liderando as pesquisas em Florianópolis. Trata-se de um político sem história na cidade (migrou do município vizinho, São José, onde crumpria o segundo mandato como prefeito) e que não tem a chancela oficial de nenhum governo. Não é à toa que tenha a menor rejeição. Seu programa de governo resume-se praticamente a asfaltar ruas. Não mexendo com problemas mais complicados, também afasta-se de polêmicas desgastantes.
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