sexta-feira, 24 de setembro de 2004

Barra Grande

A construção de uma hidrelétrica na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul poderia se tornar o centro de uma grande discussão sobre o futuro do país. Poderia, se os dois lados do debate tivessem a mesma potência de voz. Trata-se da usina de Barra Grande, no Rio Pelotas, região do Planalto Serrano, que teve a licença ambiental concedida na semana passada, como informou A Notícia na edição da última quarta-feira. A autorização do Ibama para que seja formado o grande lago da hidrelétrica foi saudada pelo governo federal. Os entraves para investimentos em produção de energia começam a ser superados, o que contribui para afastar o risco de um novo racionamento a partir de 2007 e para eliminar gargalos que impedem o sonhado crescimento sustentável da economia. Para o cidadão comum, isso significa mais emprego, a médio e longo prazo. Mas uma reportagem do saite ambientalista O Eco procura mostrar que nem tudo são flores. Há a Mata Atlântica no meio. Só que nessas circunstâncias, é difícil defender a floresta. O colunista Marcos Sá Corrêa deu voz a entidades ambientalistas catarinenses e internacionais. Elas denunciam que o Ibama teria liberado ilegalmente a licença, baseada num relatório fraudulento, permitindo a devastação de uma grande área protegida. Os ambientalistas já movem uma ação na Justiça Federal contra o licenciamento da hidrelétrica. Num país com tantos problemas para resolver ao mesmo tempo, é ainda mais difícil conciliar os interesses das gerações atuais e das futuras. Ou simplesmente cumprir a lei.

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