As pesquisas de intenção de voto sempre atraem um misto de interesse e rancores em época de eleição. É certo que muita gente, se não decide o voto em razão dos números, pelo menos os leva em conta. Outros desconsideram completamente a validade das sondagens de opinião, por razões que vão da descrença na ciência estatística até teorias conspiratórias. O que é preciso deixar claro é que pesquisas de opinião não são precisas. E os institutos que as elaboram admitem isso, ainda que de modo discreto. É preciso considerar duas coisas: margem de erro e grau de confiança. Parecem meros detalhes técnicos, mas são informações que esclarecem se uma determinada pesquisa serve para alguma coisa.
Ambos são fáceis de entender. Quando os números reais não batem com os da pesquisa, os institutos só consideram que houve um erro se a discrepância for muito grande. Para delimitar até onde vai o acerto, existe a tal margem de erro. Assim, se essa margem é de 2%, a pesquisa só estaria errada se a diferença entre os números pesquisados e os reais forem maiores que isso, para cima ou para baixo. Dizer que um candidato tem 20% das intenções de voto, com margem de erro de 2%, significaria dizer que ele tem algo entre 18% e 22%.
Menos conhecido é o fato de que os institutos admitem a possibilidade de não acertar o alvo, mesmo considerando a margem de erro. O método estatístico pode determinar por exemplo que, para uma determinada pesquisa, os números estariam dentro da margem em 90 levantamentos de cada 100 realizados. Assim, a pesquisa teria um grau de confiança de 90%. Quanto maior for o grau de confiança, portanto, maior a precisão da pesquisa. Já com a margem de erro, se dá o contrário: ela deve ser a menor possível.
Em relação às pesquisas publicadas até agora sobre a eleição em Florianópolis, nenhuma delas parece razoávelmente confiável. A mais precisa é a do Ibope, com margem de erro de 4% - ainda assim grande - e grau de confiança de 95%. Os números do Databrain, publicados na revista IstoÉ, tem uma confiança de 95,5%, mas admitem uma margem de erro maior, de 4,5%. Já a pesquisa do Mapa pode ser enquadrada entre aquelas que não ajudam muito a informar. A margem de erro vai a quase 5% (o que leva a uma diferença de 10 pontos entre o valor máximo e o mínimo admitidos como corretos). O grau de confiança sequer foi divulgado. Hoje, apareceu mais uma pesquisa, divulgada por um candidato, com margem de erro de 3,5%. Ainda que não se aceite as teorias de manipulação, cabe uma pergunta aos institutos: por que as margens de erro cresceram tanto nas eleições deste ano?
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