domingo, 10 de maio de 2009

Web 1.0 e Web 2.0

Qualquer pessoa interessada em buscar informações sobre a evolução da Internet — dentro ou fora da rede — comumente depara-se expressões Web 1.0, 2.0 e 3.0. A nomenclatura, tomada emprestada da indústrias de softwares, acerta em parte ao indicar a idéia de evolução da World Wide Web (a internet gráfica, como a conhecemos desde os anos 90). Mas tem causado alguma confusão na tentativa de entender o que seriam as “novas versões” da Web.

A Web 2.0, embora do mesmo modo que os pacotes de sotwares, acrescente funcionalidades à sua “versão” 1.0, é diferente de um novo pacote de software que o usuário instala em substituição ao mais antigo. Não há uma nova Web, no sentido literal, sendo estruturada e instalada em substituição à antiga. Ambas convivem e trabalham juntas. A Web 2.0 pode ser entendida mais como uma tendência, um conjunto de conceitos para os quais o conteúdo da rede vai rapidamente migrando, mudando a produção e o consumo de conteúdo.

Tim O’Reilly, o inventor da expressão Web 2.0, parece ter criado também a melhor metáfora para descrever essa nova Web (que ganhou força a partir dos anos 2003 e 2004, segundo Graham Cormode e Balachander Khrisnamurthy). No esquema de O’Reilly, a Web 2.0 pode ser entendida como uma espécie de centro de gravidade da rede, que tende a atrair os sites para si. Em geral, é difícil classificar um site exclusivamente como 1.0 ou 2.0. Conforme vai adotando os parâmetros do novo ambiente da Web, um site se aproxima desse centro de gravidade, tornando-se “mais” 2.0, ou “menos” 2.0.

E quais seriam essas características-chave que comporiam tal centro de gravidade para onde estão convergindo os serviços mais populares da Web? O’Reilly descreve três premissas básicas da Web 2.0, que a dintinguem da 1.0 (expressão criada mais tarde, para designar a primeira fase da Web):

— Posicionamento estratégico: uso da Web como plataforma. A chave não é mais instalar novos softwares para “ver” ou processar conteúdo, mas fazer tudo na Web, inclusive o armazenamento de dados, usando apenas o navegador. Essa mudança de parâmetro abre as portas para a produção colaborativa de conteúdo na Web.

— Posicionamento do usuário da Web. Você mesmo controla suas informações da rede. Em vez de mero consumidor passivo de dados, o usuário passa a selecioná-los, recombiná-los e produzí-los. Os blogs talvez sejam o melhor exemplo. Em vez de consumir informação pronta de sites de notícias, um blogueiro pode buscar informações em vários site e serviços, recombiná-las e gerar informação nova, ou ele mesmo produzir notícias novas para a Web.

— Um conjunto de competências centrais da Web 2.0: oferta de serviços, em vez de pacotes de softwares (Google Docs); uma nova arquitetura de rede fundada na participação do usuário (redes sociais, como Orkut e Facebook); escalabilidade de custo-eficiência (a “cauda longa”); fontes de dados recombináveis e possibilidade de transformação de dados (Google Maps); possibilidade de usar o software em mais de um computador ou outro dispositivo com acesso à Web (iPhone); emprego da inteligência coletiva (Wikipedia).

Para que esses parâmetros pudessem se tornar o novo “centro de gravidade” da Web, foi necessário antes que se construísse um cenário propício a essa evolução, como a difusão do acesso à internet por banda larga, convergência de mídias e distrubuição de conteúdos por vários canais. E a Web 3.0? É um conceito ainda em construção, indicando para uma Web semântica, que “entende” melhor o que o usuário busca na rede. Mas essa é outra história.

2 comentários:

Clóvis Reis disse...

E aí, Carlito!?! Passei pra conferir. Legal! CLÓVIS

http://alquimiacoletiva.blogspot.com/

Lhys disse...

Essa nomenclatura "web 2.0" realmente não corresponde ao funcionamento das versões de softwares. Você não tem a impressão de que, na verdade, estamos na web 1.4.8?