quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Chutando, chutando...

Do Depósito do Calvin
Se depender da genética do pai, o pequeno Xavier vai ser um perna-de-pau. Mas como nem tudo é herdado, talvez os chutes e cabeceios que o rapazinho ensaia diariamente na barriga da mãe condicionem alguma habilidade futura com os pés e a cabeça. Principalmente a cabeça, espero.

Conheci nesta semana a doutora Denise, médica que acompanha a gravidez de dona Cléia Schmitz e provalvelmente será a responsável por extrair o garoto da barriga da mãe (É, filho, você vai ter que sair daí, lamento). De acordo com a doutora Denise, nessa época (seis meses de gestação) o bebê começa a se virar para ficar na posição correta para ser ejetado (mais ou menos de cabeça para baixo) e por isso se mexe muito. Vem mais chute e cabeçada por aí.

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Parte 3

Tempestades, continuação da série A Ilha, terá a terceira e última parte publicada a partir de sexta-feira, 1° de dezembro. Os textos completos das partes 1 e 2 estão disponíveis na coluna de linques ao lado, na seção Ficção.

A Ilha foi publicada originalmente no blogue coletivo +D1. A série de ficção científica se passa num futuro próximo, em que os efeitos do aquecimento global levam a cidade de Florianópolis ao colapso. Abandonada pelo governo, a ilha é disputada por foras-da-lei, militares, ocupantes estrangeiros e aldeões remanecentes da população nativa.

Tempestades se passa no presente, num tempo anterior ao da série original, apesar de ser uma continuação. A história gira em torno do roubo de uma caixa encontrada num antigo naufrágio. Policiais, padres, cientistas, militares e membros de uma irmandade religiosa são envolvidos na trama. Acompanhe a Parte 3 e talvez descubra quem é o culpado.

terça-feira, 28 de novembro de 2006

HQ nas escolas

Com tanta carência de boas notícias para a educação no Brasil (quase ninguém se dá conta da importância e urgência do tema), o Blog dos Quadrinhos traz uma. O governo federal vai adotar livros de histórias em quadrinhos (HQ) nas escolas públicas. Entram na lista Mafalda (Quino), Santô (Spacca), Dom Quixote (Caco Galhardo) e o mangá Na Prisão (Kazuichi Hanawa).

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

E-mail

A Ilha - tempestades

Parte 2

VIII

O cientista sentou-se desconfortavelmente em frente ao delegado, uma irritação mal disfarçada no rosto quase oculto pela barba loura e os óculos.

- Espero que tudo se resolva logo, delegado. A polícia já me fez perder um vôo.
- Sinto pelo transtorno, sr. Kalvelage. Vai acabar mais rápido se o senhor colaborar - Pacheco estendeu um papel ao estrangeiro. - Poderia ler em voz alta? A tradução para o português está embaixo.
Kalvelage observou o papel por um segundo, com surpresa, antes de pegá-lo. Começou a ler e sua expressão voltou a ser de irritação.
- Isso é um absurdo! Violação de correspondência! - vociferou Kalvelage, acrescentando dois ou três impropérios em alemão.
- Não é um absurdo quando temos autorização judicial - respondeu o delgado, com voz calma, mas firme. - Leia, por favor.
Mesmo irritado, Kalvelage obedeceu. A cópia de um e-mail dele próprio para a NGOC começava com a frase:

Já tenho os dados da Companhia de Jesus que faltavam...

Parte 3

sábado, 25 de novembro de 2006

Suspeitos

A Ilha - tempestades

Parte 2

VII

- Sente-se senhor Gilmar - O delegado Pacheco indicou a cadeira em frente à mesa - Foi gentileza sua nos procurar voluntariamente. O senhor conhece duas pessoas que estamos investigando e pode nos ajudar falando o que sabe sobre elas.
- Conheci o sr. Kalvelage há poucos dias, não sei se posso ajudar. Esteve na fundação buscando informações sobre um antepassado, que foi um dos fundadores da irmandade. De fato tínhamos alguns documentos. Quanto ao Jonas, meu afilhado, ponho a mão no fogo.
- O que sabe sobre o sr. Kalvelage?
- Sei que é geólogo, tem formação em clima e esteve estudando o furacão. Fala um português muito bom.
- Sabia que ele esteve no local no naufrágio, e que os destroços já haviam sido localizados um mês antes do furacão?
- Não, isso é importante?
- Estou convencido de que o sr. Kalvelage não viajou de Roterdã a Florianópolis para saber de um parente distante, nem para estudar o furacão. E seu afilhado está enrolado, sr. Gilmar.

O cientista sentou-se desconfortavelmente...

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Advogado

A Ilha - tempestades

Parte 2

VI

- Gilmar, é a Carolina - a voz da arqueóloga soou nervosa ao telefone.
- Olá, aconteceu alguma coisa? - perguntou o provedor da irmandade.
- O Jonas foi intimado para depor na Polícia Federal. Está apavorado. Acha que suspeitam dele no caso do roubo do material arqueológico, acredita que vai ser preso. Ele precisa de um advogado. Pensei que você, como padrinho...
- Claro, vou ver no que posso ajudar, tenho vários amigos advogados. Diga para ele ficar calmo.
- Ele disse que aquele amigo holandês, que esteve com vocês outro dia, foi detido no aeroporto. Está impedido de sair do país.
- Meu Deus, isso pode respingar na irmandade. São duas pessoas que têm contato conosco. Vou procurar o delegado federal que cuida do caso.

Sente-se senhor Gilmar...

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Holanda

A Ilha - tempestades

Parte 2

V

- O que temos sobre esse Jonas? - perguntou o César Pacheco a um dos investigadores.
- É um sujeito que gosta muito do mar. Mergulhador, filho de um velejador, prestou o serviço militar na Marinha. Há um ano e meio voltou da Holanda, onde fez um curso de Arqueologia Subaquática.
- Holanda?
- Roterdã. Um instituto de ciências chamado... - o investigador consulta o relatório - NGOC. Não me peça para pronunciar o nome por extenso. - Ergueu os olhos e notou o interesse do delegado - Isso diz alguma coisa?
- Quero que intime imediatamente Jonas Neto e outra pessoa. Um cientista holandês que está na cidade. - Pacheco estendeu um papel - Ele fala português. Está hospedado neste endereço.
- Sim, senhor - e olhando o papel - um dos nossos achou o holandês?
- A Inteligência da Marinha. Mantenha isso confidencial.

Gilmar, é a Carolina...

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Imprensa livre

Um dos mitos que muitas pessoas alimentam sobre a imprensa (tal mito é especialmente forte entre militantes de esquerda) é de que a chamada grande imprensa não é confiável, porque distorce e manipula a informação que oferece ao público. Em contraposição, a pequena imprensa tenderia a ser mais livre, mais confiável, por ficar à margem de grandes interesses.

Sugiro uma olhada na edição de hoje da coluna De Olho na Capital, do jornalista César Valente. O Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE) julga se o governador reeleito Luiz Henrique da Silveira (PMDB) cometeu ou não abuso do poder econômico e político, o que pode impedi-lo de tomar posse. O governador é acusado de manipular a seu favor quase uma centena e meia de pequenos jornais em todo o Estado. A grande imprensa tem sido bem mais crítica.

domingo, 19 de novembro de 2006

Parente

A Ilha - tempestades

Parte 2

IV

Gilmar recebeu Kalvelage na Fundação Cultural da Irmandade Nosso Senhor Jesus dos Passos, em meio a estantes e pastas de arquivos contendo registros históricos de dois séculos e meio.

- Então ele era seu parente - disse o provedor da irmandade, estendendo uma pasta a Ian Kalvelage. - Aqui estão as cópias dos escritos dele. Nunca traduzimos por falta de alguém capacitado para entender o dialeto alemão em que ele escrevia.
- Ele enviou cartas à família na Europa - o cientista holandês fazia pausas excessivas entre as palavras, mas falava um português quase sem sotaque. - Comentou dados científicos muito interessantes. As anotações podem conter mais informação. Eu enviarei tradução. Não se preocupe.
- Sabemos pouco sobre José Coelho. Era filho de um cristão-novo, judeu convertido. Estudou com os jesuítas e gostava de astronomia. Era católico devoto e foi um dos fundadores desta irmandade. Teria embarcado num navio para a Europa e depois não sabemos o que foi feito dele.

O que temos sobre esse Jonas?

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Confidencial

A Ilha - tempestades

Parte 2

III

A sala do capitão-de-mar-e-guerra Cavalcanti, chefe da Capitania dos Portos de Santa Catarina, é ampla e sóbria. Uma grande mesa é único móvel digno de nota. Um cabo fez o delegado Pacheco entrar. Já em pé, postura ereta, o militar de farda branca o aguardava. O oficial cumprimentou o policial.

- Sente-se, fique à vontade. - Cavalcanti indicou a cadeira em frente á mesa.
- Então temos algo novo? - perguntou Pacheco.

O capitão colocou sobre a mesa um envelope pardo contendo folhas tamanho A4.

- Informações do Setor de Inteligência. O resgate arqueológico está sob supervisão da Marinha, como sabe, então temos interesse em resolver isso.
- O que tem aí? - apontou o delegado, com um discreto movimento do queixo.
- Um suspeito.

Gilmar recebeu Kalvelage...

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Calvin & Haroldo versão Frango Robô



O programa Robot Chicken (Frango Robô), do canal Cartoon Network colocou no ar esse vídeo muito engraçado com uma versão de Calvin & Haroldo em stop motion (técnica de animação com massinhas). A versão legendada foi feita pelo blogue Depósito do Calvin e o vídeo original está no You Tube.

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Segurança

A Ilha - tempestades

Parte 2

II

- Pode ter sido só um arrombamento comum. Afinal, levaram o computador. E como a caixa estava no armário trancado, imaginaram que teria valor.
- Não, Carol, quem entrou lá sabia muito bem o que estava procurando. Levaram o computador porque os registros e as fotos sobre o material estaram lá. Mas nada disso diminui a minha responsabilidade - as olheiras da historiadora Vilma, sintoma de insônia, reforçavam o tom de preocupação.
- A responsabilidade é de quem roubou, não sua - tentou consolar a arqueóloga. - A polícia vai descobrir isso. O que você poderia fazer? Dormir armada em cima do armário? Você é historiadora, não segurança.
- Você sabe que nos duas somos suspeitas, para a polícia - o olhar de Vilma tornou-se firme por um instante.
- Eu? - assustou-se Carolina. - Se eu quisesse roubar, nem teria entregue a você.
- Não tenho certeza se eles também pensam assim.

A sala do capitão-de-mar-e-guerra...

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Gabo

A Record acaba de lançar uma coletânea dos textos de não-ficção escritos por Gabriel Garcia Marquez desde os anos 1940. São cinco volumes (e bota volume nisso). Aceito como presente de Natal. Cada livro custa R$ 82,90, com exceção do volume 4 (Reportagens Políticas), por R$ 39,90. O autor de Cem Anos de Solidão produziu alguns de seus melhores textos como repórter e redador do jornal El Universal. Relato de um Náufrago, por exemplo, um de seus melhores livros, é resultado de uma série publicada no diário colombiano. Mestre Gabo merece reverência escrevendo ficção ou jornalismo, áreas que nem sempre têm fronteiras bem definidas - para o bem e para o mal.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Heloísa Helena

Logo depois das eleições, o escrachado blogue Kibe Loco causou polêmica (mais uma) ao publicar uma montagem simulando uma capa da Playboy com a senadora Heloísa Helena (Psol-AL), ex-candidata à Presidência da República. Agora a própria Playboy perguntou a três fotógrafos como seria um ensaio com a senadora. A imagem acima é a ilustração para a reportagem, feita pelo chargista Baptistão. Será que ela vai chorar de novo?

Caixa

A Ilha - tempestades

Parte 2

I

O padre Alfredo Schmitt esperava encontrar um homem rude, àspero, inculto e mal-educado. E o delegado César Pacheco esperava um homem de batina. O delegado federal usava terno e gravata, recebeu educada e amistosamente o jesuíta, pediu que se sentasse e ofereceu água, chá ou café. O religioso parecia mais um professor de escola - o que de fato era - do que um padre, vestindo calça jeans, uma camisa clara e óculos. Também parecia mais jovem do que imaginara o delegado.

- Antes de mais nada, padre, quero dizer que o senhor está aqui para nos ajudar nesse caso. Neste momento, não há qualquer suspeição pesando sobre o senhor ou sua ordem religiosa. Os padres inacianos são parte interessada na investigação e esperamos que nos ajudem. Fui claro?
- Muito claro, delegado. Confesso que isso me tranqüiliza. Nunca estive nessa situação e admito que, espero que o senhor não se ofenda, imaginei que poderia haver alguma hostilidade.
- Não se preocupe, estou habituado a isso. A primeira coisa que quero lhe perguntar é: o que exatamente havia naquela caixa?

Pode ter sido só um arrombamento...

sábado, 11 de novembro de 2006

Ficção

Encerrei na quinta-feira, dia 9, a publicação na Parte 1 da série de ficção A Ilha - tempestades. A origem da história é a série de ficção científica A Ilha, publicada entre março e maio desde ano no blogue coletivo +D1 e disponível na lista de linques aí ao lado, na seção Ficção. A história original se passa num futuro próximo, em que um desastre ecológico causado pelo aquecimento global provoca o colapso da cidade instalada na Ilha de Santa Catarina.

Amigos sugeriram uma continuação de A Ilha e encarei o desafio de escrever uma "segunda temporada". Mas não se trata de uma continuação da história no tempo. Tempestades se passa no presente, antes dos eventos da série original. A história gira em torno de uma caixa encontrada nos destroços do naufrágio de um navio do século 18. Ainda pretendo escrever uma "terceira temporada" ambientada no passado, fechando o círculo.

A Parte 2 de A Ilha - tempestades começa na segunda-feira, dia 13.

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Shopping

Dona Cléia Schmitz, doravante conhecida como a mãe do Xavier, inaugurou há poucos dias o Blog do Varejo, utilizando a experiência como jornalista de uma revista voltada para esse segmento da economia. Para não dizer que estou fazendo propaganda só porque a distinta é minha mulher, colaborei hoje com um post sobre a inauguração de um novo shopping center em Florianópolis. É bom precaver os que têm estômago fraco. É uma história um tanto nojenta. Mas vai lá.

Alarme

A Ilha - tempestades

Parte 1

X

Estudantes que dirigiam-se às salas de aula, no início da manhã, estranharam a presença de uma picape Ford Ranger preta, com inscrições amarelas da Polícia Federal, no estacionamento ao lado do Museu Universitário. Um pequeno grupo de curiosos e funcionários tumultuava a entrada do prédio e havia um nítido clima de agitação. Policiais estavam lá dentro, examinando um dos laboratórios do novo anexo.

– Não havia alarme no prédio? - perguntou o delegado federal César Pacheco.
– Sim, mas parece que faltou energia durante a noite, acho que não chegou a disparar – respondeu o diretor do museu, em crise de taquicardia.
– Sentiram falta de mais alguma coisa?
– Até agora não, fizeram alguma bagunça aqui e ali, mas parece que só levaram mesmo o material da sala da professora Vilma.

A historiadora havia informado o roubo ao pró-reitor de pesquisa da Universidade, que imediatamente acionou a Polícia Federal. A caixa de metal havia sumido, com todo o conteúdo.

Parte 2

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Professor

Hoje foi minha estréia como professor de História. Como o curso de graduação que estou terminando habilita o sujeito ao mesmo tempo como bacharel (pesquisador) e licenciado (professor), faz parte do contrato ministrar algumas aulas. Minhas vítimas são 24 alunos de uma turma do 3° ano do Ensino Médio de uma escola pública.

A maioria é de gente que trabalha durante o dia e ainda tem o heroísmo de assistir a aulas no tempo que sobra. As aulas são à noite. Nas quartas, antes do intervalo, e nas sextas, a última. Ou seja, tudo contribui para que os alunos não vejam a hora de sair porta afora. Mas não posso reclamar deles. Nessa primeira experiência, em que pese o nervosismo da estréia e o orientador do estágio no fundo da sala, foi tudo tranqüilo.

Verdade que eu joguei sujo: metade da aula foi tomada por um vídeo de 17 minutos sobre o nascimento da República no Brasil. Neguinho adora trocar o papo do professor por um filminho para relaxar. E passei duas perguntas para eles responderem com base no documentário, o que os manteve atentos à telinha. Sexta-feira o bicho pega. Na última aula.

terça-feira, 7 de novembro de 2006

Repórter U

O jornalista Upiara Boschi, setorista de política do jornal A Notícia em Florianópolis, inaugurou o blogue Repórter U, com historinhas que não saem nas matérias que ele escreve. Não porque o competente colega negligencie informação ao leitor. É que... bom, é melhor dar uma olhada no blogue. É a editoria de política mais divertida dos últimos tempos.

Imagem

A Ilha - tempestades

Parte 1

IX

Jonas admirou a estátua de Jesus Cristo carregando a cruz, guardada há quase dois séculos e meio na Capela do Menino Deus. A imagem é expressiva, até assustadora. Toda esculpida em madeira, teve as partes móveis travadas porque seu realismo apavorava o povo durante as procissões. Há 240 anos, um navio vindo do Norte a transportava para outra cidade, mas uma tempestade obrigou a embarcação a fazer uma escala forçada na ilha. O povo disse que era milagre. A gente mais importante do lugar acabou comprando a imagem. Fundaram uma irmandade para cuidar do Cristo de madeira e todos os anos carregá-lo em procissão até a catedral.

– Ela sempre impressiona, mesmo tendo sido vista muitas vezes – disse uma voz conhecida.
O mergulhador virou-se e reconheceu Gilmar, o provedor da irmandade.
– Obrigado por ter vindo, Jonas. Vamos ao meu escritório, alguém deseja falar com você. Acho que os dois têm muito o que conversar.

Estudantes que dirigiam-se às salas de aula...

domingo, 5 de novembro de 2006

Veja a charge

A revista Veja andou se enrolando de novo em códigos de ética. Agora é acusada de publicar sem autorização a charge acima (de Santiago, desenhista do Jornal do Comércio, de Porto Alegre) e usá-la como argumento num editorial, sem citar o nome do autor. A história está no Blog dos Quadrinhos.

Companhia

A Ilha - tempestades

Parte 1

VIII

Vilma reconhecia no Museu do Homem do Sambaqui, instalado dentro de um colégio jesuíta, um segundo lugar de trabalho, talvez até uma segunda casa. Os padres e funcionários do colégio já estavam acostumados com isso e ela sempre subia ao museu quando precisava falar com um dos religiosos. O padre-professor Alfredo Schmitt não demorou muito a chegar. Cumprimentou amistosamente a historiadora.

– Tomei conhecimento de que os arqueólogos do PAS haviam descoberto algum objeto com a inscrição da Companhia – disse o padre. – Estamos todos muito interessados.
– Não quis trazer a caixa aqui hoje por uma questão de segurança, e também pelas dificuldades de transportar algo assim pesado. Mas está à sua disposição no Museu Universitário. Trouxe algumas fotos. Não conhecíamos nada desse tipo, talvez os padres da Companhia possam nos ajudar a saber mais sobre ela.

Vilma abriu a pasta de fotos ao padre ansioso.

Jonas admirou a estátua...

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Mensagem

A Ilha - tempestades

Parte 1

VII

As placas de cerâmica dura continham algumas inscrições, mapas e outras indicações gráficas.

– É curioso que isso não tenha sido escrito em papel – disse a historiadora Vilma Duarte. – É possível que contassem com a possibilidade de perder esse material e encontrá-lo de novo muito tempo depois. A escrita parece ser do século 18, a caixa também, mas simplesmente não encontrei referências a esse tipo de material – concluiu.
– Bom, isso torna o material ainda mais interessante – argumentou a arqueóloga Carolina. – Continuamos a busca no sítio do naufrágio, mas não há esperança de encontrar algo mais. Foi sorte o mar ter desenterrado o navio. O que resta dele, ou está enterrado bem mais fundo, ou já se deteriorou. Mas temos uma pista. Encontramos um sino, que acreditamos ser do próprio navio.
– E então?
– É holandês.

Vilma reconhecia no museu...

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Tesouro

A Ilha - tempestades

Parte 1

VI

O prédio do Museu Universitário havia sido recentemente ampliado, multiplicando seu espaço por dez, mas a fachada continuava sendo a de uma antiga estrebaria, construída antes mesmo da universidade e adaptada para novos usos, de forma que sua função original tornou-se irreconhecível. Carolina atravessou o pequeno prédio antigo e entrou no grande anexo novo, com salas modernas e laboratórios. Cumprimentou a velha amiga Vilma Duarte, historiadora dedicada ao projeto missionário jesuítico nos séculos 16 a 18.

Vilma já havia recebido o objeto encontrado no naufrágio, no dia anterior. O conjunto havia passado por um processo de limpeza e a caixa fora aberta pelos arqueólogos. Pelo peso, julgou-se inicialmente que transportava ouro, mas o conteúdo revelado eram placas de um tipo de cerâmica muito dura, bem preservadas. Carolina procurou a especialista porque nunca havia encontrado material como esse.

As placas de cerâmica...