Passei cinco dias em Buenos Aires. A má-fama dos portenhos, que por extensão acaba atingindo todos os argentinos, não é birra apenas brasileira. Nos outros países sul-americanos e até na Europa eles também têm a pecha de arrogantes. Mas essa auto-imagem de uma ilha européia no continente tem lá suas raízes históricas. Na primeira metade do século XX, a Argentina era um país rico. Frigoríficos ingleses lá se instalaram e os pecuaristas fizeram fortuna, graças a exportação de carne. Até que a concorrência autraliana acabou com a festa. Buenos Aires teve o primeiro metrô da América do Sul (1913). Altamente europeizada, a cidade era considerada, sem demasiado exagero, a Paris sul-americana. Enquanto isso o Rio de Janeiro, então capital brasileira, fazia uma drástica reforma urbana (o bota-abaixo) para apagar os feitos vestígios coloniais, enfrentava convulsões sociais, favelização, surtos de febre amarela e da gripe espanhola. Os portenhos orgulham-se desse passado opulento e mantém a pose apesar das crises econômicas. Fomos ver in loco o quanto a cidade ainda mantém desse brilho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário