sexta-feira, 20 de agosto de 2004

Sunitas e Xiitas

Já que a Alice comentou no último post que o Bobageira também é cultura, agora agüenta. Quem assiste aos noticiários de TV sobre o conflito no Iraque ouve falar o tempo todo de xiitas e sunitas, mas pouca gente entende o que é isso. Os xiitas são uma espécie de protestantes do Islã - forçando um pouco - se a gente comparar os sunitas aos cristãos católicos. Maomé fundou a religião islâmica em 622 e morreu dez anos depois, sem deixar nenhum filho homem nem instruções claras sobre quem seria seu sucessor. Parte de seus seguidores queria que o novo califa (líder da comunidade muçulmana) pertencesse à família do profeta. Nesse caso, o candidato natural seria Ali Ibn Abi Talib, casado com a filha de Maomé, Fátima. Outro grupo, que acabou prevalecendo, entendeu que qualquer fiel poderia ser o novo califa, desde que aceito pela comunidade.



Sucederam-se quatro califas até que Ali, o genro de Maomé, assumiu o posto, em 656. O Império Muçulmano já havia crescido muito em tamanho e riqueza e as divisões políticas levaram a uma guerra civil. O líder Ali acabou assassinado em 661. Seus partidários passaram a contestar a legitimidade dos califas desde então e formaram a facção (shi'a, em árabe) de Ali, origem dos xiitas. O grupo que assumiu o poder intitulou-se defensor da tradição (sunna), de onde vêm os sunitas. Hoje, há países sob controle xiita, como o Irã, e sunita, como a Arábia Saudita. Mas na maioria dos países muçulmanos, como o Iraque, as duas facções são numerosas, opõe-se politicamente e mantêm formas um pouco diferentes de viver o Islã. No Iraque de Sadam Hussein, os sunitas estavam no poder, embora a população seja de maioria xiita. Curiosamente, são hoje os xiitas, oprimidos nos tempos de Sadam, a principal força de resistência contra as tropas de ocupação lideradas pelos EUA.

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