Os portenhos têm três paixões, como eles mesmo gostam de dizer: o churrasco (asado), o tango e o futebol. Durante a visita a Buenos Aires, pude conhecer um dos templos argentinos da bola. Ou, mais propriamente. o lugar de veneração a um santo local: Maradona. Há até um museu dedicado ao ídolo. O Estádio do Boca Júnior, no bairro La Boca, não é o maior da cidade. Conhecido como La Bombonera (caixa de bombons), por sua forma retangular, tem capacidade para 50 mil espectadores, contra quase 80 mil do River Plate, o clube rival localizado na zona mais rica de Buenos Aires, do outro lado da cidade. Tive a forte impressão de que é mentira, mas eles contaram uma historinha curiosa sobre o Boca Júnior. No início, o time usava um uniforme preto e branco, as mesmas cores da camisa de outro clube localizado no mesmo bairro. Para decidir quem mudaria a cor do uniforme, as duas equipes marcaram um jogo. Aquele que perdesse, adotaria as cores da bandeira do primeiro navio que atracasse no porto. O Boca Júnior perdeu. Os dois times foram ao porto e encontraram um navio sueco. A partir daí, a equipe teria adotado as cores atuais, azul e amarelo. La Boca, em contraste com os elegantes arredores do River Plate, é um bairro decadente, ligado a uma zona portuária (o nome se deve à embocadura do Riachuelo, que ali deságua no Rio da Prata e estabelece um dos limites da cidade). É um lugar onde não se recomenda sair à noite. Antigamente se fixaram ali imigrantes italianos, que viviam em pequenos cortiços feitos de lâminas de zincos, pintados de várias cores diferentes com tintas recolhidas de sobras das reformas dos navios. Hoje, uma das ruas foi transformada em atração turística, com reconstituição das casinhas coloridas, lojinhas e feiras de artesanato. El Caminito (a rua foi batizada com o nome de um tango) parece uma pequena ilha enfeitada num lago de sujeira e pobreza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário