segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Paranóia a bordo
domingo, 2 de agosto de 2009
Bobagera no blog C
É interessante rever os arquivos e relembrar que tipo de assuntos eu costumava comentar na época. Tem quadrinhos, política, história, notícias da imprensa internacional e bobageras em geral.
Vou ver se consigo dar uma renovada nisso aqui e voltar a ter um blog ativo como antes.
domingo, 14 de junho de 2009
Blog importado
quinta-feira, 28 de maio de 2009
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Greve no transporte
domingo, 17 de maio de 2009
Buscadores
Usei como regra inserir em cada um dos buscadores as palavras "cura" e "stress", selecionando sempre a busca mais ampla possível (alguns serviços oferecem a opção de buscar apenas sites em português, ou apenas sites no Brasil).
Defini também alguns parâmetros para comparação entre os buscadores. A tabela abaixo apresenta a comparação entre os serviços de busca com base nos seguintes tópicos:
1. Sugestão:
Ao digitar as palavras-chaves, alguns buscadores já abrem uma lista com as buscas semelhantes mais populares, sugerindo ao usuário resultados relevante já de saída. Apenas o Google e o Ask.com oferecem esse recurso. No caso do Google, a sugestão vem acompanhada do número de resultados para o tópico.
2. Total de resultados:
Quase todos os buscadores informam o número total de sites encontrados para a busca, dando uma idéia da abrangência da pesquisa. O Yahoo! e o Altavista são os campeões nesse quesito, com 4,5 milhões de resultados.
3. Resultado mais relevante
Mesmo entre os cinco primeiros resultados, nem todos são realmente o que o usuário procura. Comparei entre os buscadores em que posição ficou o primeiro resultado que apresenta um site com a informação precisa procurada (informações sobre como curar o stress). O melhor desempenho foi o do MSN Live Search, que colocou um site de saúde com essas informações em 2° lugar entre os top 5. O Clusty coloca também em 2° lugar um artigo sobre o tema de um site de um instituto de psicologia e psicoterapia, mas em italiano.
4. Recursos adicionais
Alguns buscadores apresentam alguns recursos extras de busca que ajudam a refinar a pesquisa, com base nas buscas de outros usuários. O Google apresenta uma ferramente wiki, em que o usuário pode adicionar os resultados que considere mais relevante numa lista pública. O Yahoo! oferece o Yahoo! Respostas (disponível também no Altavista) em que usuários respondem a dúvidas uns dos outros, permitindo uma busca nessas respostas. Clusty, Ask.com e Dogspile oferecem listas de tópicos relacionados, agrupando resultados em tags mais específicas.
Buscador | Sugestão | Resultados | Mais relevante entre os Top 5 | Recursos |
Google | Sim | 1,4 milhão | 3° | Wiki |
Yahoo! | Não | 4,55 milhões | 3° | Wiki |
Altavista | Não | 4,53 milhões | 3° | Wiki |
Radar Uol | Nâo | 196 mil | 3° | Nâo |
Clusty | Não | 198 | 2° (italiano) | Tags |
MSN | Não | 562 mil | 2° | Não |
Ask.com | Sim | 209 mil | Nenhum | Tags |
Dogspile | Não | Não informado | 4° (inglês) | Tags |
Conclusão
Para usuários que buscam prioritariamente sites em português, o Clusty e o Dogspile (ferramentas que na verdade compilam dados de outros buscadores) não são os mais úteis. Neste caso, por exemplo, não apresentarem resultados em português. O Dospile traz uma lista que mistura links patrocinados com links obtidos por busca orgânica, ainda que identificando quais são os patrocinados. O que pode ser uma desvantagem ou uma busca mais rica, dependendo do que procura o usuário.
O MSN apresentou um bom desempenho ao refinar resultados relevantes. Mesmo com um total de sites encontrados bem menor que o Google e Yahoo!, trouxe uma hierarquização um pouco melhor dos sites relevantes. O Ask.com, por outro lado, teve o pior desempenho. Nenhum dos cinco primeiros resultados trazia a informação buscada.
O público parece ter bons motivos para preferir o Google e o Yahoo! como buscadores. São os que varrem mais amplamente a Web e apresentam mais recursos de refinamento da pesquisa. Curiosamente, ambos apresentaram resultados de busca muito parecidos.
sábado, 16 de maio de 2009
Leitor RSS x Google Reader
RSS
O RSS (Real Simple Syndicate, ou Distribuição Realmente Simples, em português) é um sistema que permite acompanhar as atualizações de um site. Em vez de visitar com frequência um blog ou portal de notícias, por exemplo, para ver quais posts ou notícias novas entraram lá, você checa essas atualizações por meio de um programa instalado no computador (ou serviço web) e só entra nos links que achar mais interessantes. Poupa tempo, especialmente quando se acompanha diariamente um número considerável de sites.
Para usar o RSS, é preciso que o site a ser acompanhado tenha o sistema instalado. Um logo padrão, como na imagem acima, informa ao visitante que o site tem o sistema. Também é preciso que o usuário tenha uma ferramenta de leitura de RSS, que pode ser um programa instalado no computador (leitor RSS) ou a assinatura de um serviço web. Os sites que disponibilizam o sistema geram um endereço RSS próprio, chamado de feed, que precisa ser informado à ferramente de leitura para que o site possa ser acompanhado. Em geral encontra-se o feed clicando no ícone RSS do site.
Leitor RSS
Uma das formas de usar o sistema, portanto, é instalando um programa no computador do usuário, um leitor de RSS. Há vários programas gratuitos desse tipo disponíveis, inclusive como complementos do popular navegador Mozilla Firefox. Busquei alguns leitores e acabei optando pelo QuickRSS, um leitor leve e simples, indicado para um novo usuário como eu. Alimentei o programa com alguns sites de notícias e blogs e o utilizei por três dias.
A interface é semelhante a de um programa de leitura de e-mails, como o Microsoft Outlook. Na coluna à esquerda, ficam os sites acompanhados, que podem ser organizados em pastas. À direita, no campo superior, as últimas atualizações do site selecionado e, abaixo, o link para a atualização (post ou notícia) selecionado no campo de cima. Ao clicar nesse link, a página web é aberta dentro do próprio programa, subistituindo toda a área da direita, sem a necessidade de rodar o navegador. A partir daí, é possível navegar dentro do site escolhido.
Google Reader
Uma outra forma de acompanhar as atualizações de sites é assinar serviços web como o Reader, um dos mais populares, com a grife Google. O Reader é o que podemos chamar de ferramenta de web 2.0, comparado a um leitor como o QuickRSS. Tudo é feito no navegador, sem precisar instalar um software específico. Primeiro é preciso criar uma conta (quem usa Gmail ou outro serviço do Google já a tem). Depois basta entrar no site do Google Reader e digitar nome de usuário e senha.
A interface é amigável, semelhante à do Gmail (e de um leitor RSS). Clicando em "adicionar inscrição" acrescenta-se um site à lista dos que serão acompanhados, com a possibilidade também de organizá-los em pastas. O funcionamento é semelhante ao do leitor de RSS. Ao clicar num link de interesse, no entanto, a página é aberta numa nova aba ou janela do navegador, permitindo abrir vários sites ao mesmo tempo.
leitor 1.0, Reader 2.0
O Google Reader é claramente uma ferramenta mais avançada (no sentido de apresentar mais recursos e praticidade) do que leitores como o QuickRSS. A primeira vantagem se deve ao fato de o Reader ser um serviço web. Além de dispensar o download e instalação de um programa de leitura de RSS, o Reader pode ser aberto em qualquer computador com acesso à internet. Essa portabilidade, por si só, é uma diferença-chave em favor do Reader, mas não é só isso.
O Reader é integrado ao buscador do Google, o que lhe dá outra grande vantagem em relação aos softwares de leitura. Para adicionar um feed ao QuickRSS, por exemplo, primeiro é preciso usar o navegador para encontrar o site que se quer acompanhar, entrar o endereço de feed do site e então copiá-lo para o software.
Já o Reader faz essa busca. O campo "adicionar inscrição" aceita também termos de pesquisa. Coloca-se uma palavra, em vez de endereço RSS. O Reader apresentam então resultados de busca de sites RSS correspondentes ao termpo pesquisado, que podem então ser adicionados.
Outro recurso adicional do Reader é a possibilidade de compartilhamento de informações encontradas na Web. O compartilhamento permite enviar links a outras pessas, com a possibilidade de acrescentar observações, desde que elas também usem a ferramenta.
O compartilhamento pode ser feito não só dos links de sites que são acompanhados, mas de qualquer página. A partir da página pessoal do Google Reader, é possível arrastar para a barra de ferramentas do navegador o botão "nota do Reader". Ao encontrar algo interessante num site, clicar nesse botão permite enviá-lo a um grupo de usuários incluídos na sua lista de amigos.
O Google Reader também apresenta estatísticas de utlilização dos sites acompanhados, mostrando a relação entre a quantidade de ítens postados no site e a de itens lidos por você. Assim é possível ver graficamente quais sites têm sido mais úteis. Para o trabalho de um jornalista, isso é especialmente útil quando vários sites precisam ser acompanhados e torna-se necessário, em função do tempo, priorizar alguns. O Reader também indica alguns feeds não incluídos na lista pessoal, em função do índice de leitura por outros usuários com perfil semelhante
Conclusão
O leitor RSS oferece, digamos, um serviço mais básico de acompanhamento de feeds. Tem a desvantagem de funcionar apenas na máquina onde o software está instalado. É útil para acompanhar alguns sites selecionados, nos quais é preciso fazer uma checagem rápida, sem a necessidade de abrir o navegador e digitar nome de usuário e senha. Também é mais simples, e talvez mais indicado para quem não está habituado com serviços web e usa a internet usualmente apenas para visitar um grupo limitado de sites.
O Reader é uma ferramenta mais completa, sem deixar de ser simples e acessível também ao usuário com pouca familiaridade com o RSS. Mas parece ser melhor aproveitada por quem faz uso mais intensivo da web, como é o caso (ou deve ser) de um jornalista. Os recursos do Reader permitem gerenciar melhor uma quantidade maior de sites, além da possibilidade de ser usado como um meio de troca de informação, com o compartilhamento, e de funcionar também como ferramenta de busca de feeds.
Depois da primeira experiência com as duas ferramentas, a tentação é afirma que o Google Reader deixa os leitores de RSS, como o QuickRSS, obsoletos.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Feeds e buscadores
domingo, 10 de maio de 2009
Mais um blog
Web 1.0 e Web 2.0
A Web 2.0, embora do mesmo modo que os pacotes de sotwares, acrescente funcionalidades à sua “versão” 1.0, é diferente de um novo pacote de software que o usuário instala em substituição ao mais antigo. Não há uma nova Web, no sentido literal, sendo estruturada e instalada em substituição à antiga. Ambas convivem e trabalham juntas. A Web 2.0 pode ser entendida mais como uma tendência, um conjunto de conceitos para os quais o conteúdo da rede vai rapidamente migrando, mudando a produção e o consumo de conteúdo.
Tim O’Reilly, o inventor da expressão Web 2.0, parece ter criado também a melhor metáfora para descrever essa nova Web (que ganhou força a partir dos anos 2003 e 2004, segundo Graham Cormode e Balachander Khrisnamurthy). No esquema de O’Reilly, a Web 2.0 pode ser entendida como uma espécie de centro de gravidade da rede, que tende a atrair os sites para si. Em geral, é difícil classificar um site exclusivamente como 1.0 ou 2.0. Conforme vai adotando os parâmetros do novo ambiente da Web, um site se aproxima desse centro de gravidade, tornando-se “mais” 2.0, ou “menos” 2.0.
E quais seriam essas características-chave que comporiam tal centro de gravidade para onde estão convergindo os serviços mais populares da Web? O’Reilly descreve três premissas básicas da Web 2.0, que a dintinguem da 1.0 (expressão criada mais tarde, para designar a primeira fase da Web):
— Posicionamento estratégico: uso da Web como plataforma. A chave não é mais instalar novos softwares para “ver” ou processar conteúdo, mas fazer tudo na Web, inclusive o armazenamento de dados, usando apenas o navegador. Essa mudança de parâmetro abre as portas para a produção colaborativa de conteúdo na Web.
— Posicionamento do usuário da Web. Você mesmo controla suas informações da rede. Em vez de mero consumidor passivo de dados, o usuário passa a selecioná-los, recombiná-los e produzí-los. Os blogs talvez sejam o melhor exemplo. Em vez de consumir informação pronta de sites de notícias, um blogueiro pode buscar informações em vários site e serviços, recombiná-las e gerar informação nova, ou ele mesmo produzir notícias novas para a Web.
— Um conjunto de competências centrais da Web 2.0: oferta de serviços, em vez de pacotes de softwares (Google Docs); uma nova arquitetura de rede fundada na participação do usuário (redes sociais, como Orkut e Facebook); escalabilidade de custo-eficiência (a “cauda longa”); fontes de dados recombináveis e possibilidade de transformação de dados (Google Maps); possibilidade de usar o software em mais de um computador ou outro dispositivo com acesso à Web (iPhone); emprego da inteligência coletiva (Wikipedia).
Para que esses parâmetros pudessem se tornar o novo “centro de gravidade” da Web, foi necessário antes que se construísse um cenário propício a essa evolução, como a difusão do acesso à internet por banda larga, convergência de mídias e distrubuição de conteúdos por vários canais. E a Web 3.0? É um conceito ainda em construção, indicando para uma Web semântica, que “entende” melhor o que o usuário busca na rede. Mas essa é outra história.
Novo blog
terça-feira, 5 de maio de 2009
Velejada
Meu amigo Gian é dono de um barco, um veleiro pequeno, modelo day sailer, batizado ainda pelo antigo proprietário com o poético nome de Gostosa. Vez ou outra o Gian me chama para um passeio de barco na Baía Norte. Foi o que aconteceu no domingo, quando saímos por volta das 11 horas da marina em Santo Antônio de Lisboa e voltamos só perto das 18 horas.
Com o tempo, o Gian foi pegando o jeito de velejar (eu também vou aprendendo um pouco, a foto não é só estilo). Ele também foi se equipando, fissurado que é por badulaques. Um deles é um GPS. Além de orientação, o aparelhinho permite registrar o deslocamento do barco, marcando a trajetória num mapa e acumulando dados como a velocidade alcançada e distância percorrida.
O GPS é capaz também de gerar um arquivo que agrupa esses dados e pode ser lido pelo Google Maps e Google Earth. O resultado está aí abaixo. Fomos longe dessa vez, hein? Partimos de Santo Antônio de Lisboa, em Florianópolis, e quase tocamos Governador Celso Ramos.
Visualizar Velejada de domingo 3/05/09 em um mapa maior
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Lagoinha
A trilha do feriado entre as praias do Matadeiro e da Lagoinha rendeu. É nisso que dá fazer quatro blogueiros atravessarem um caminho de pedras no mato, entre a montanha e o mar.
Dauro Veras deixou seu relato e fotos no DVeras em Rede.
Maurício escreveu lá no Vida de Frila.
E o Lauro no Meleca Verde.
terça-feira, 21 de abril de 2009
Matadeiro-Lagoinha
Por que alguém decide aproveitar o dia de folga caminhando cerca de 10 quilômetros morro acima e morro abaixo, atravessando praias e rios, equilibrando-se para não cair em despenhadeiros e atravessando um caminho de pedras no meio da mata? E tudo isso para, no fim do dia (depois de uma tainha frita e cerveja, que ninguém é de ferro), pegar um ônibus e voltar ao ponto de partida.
Passar um cansaço desse começa a fazer algum sentido quando se vê uma foto como esta aí acima. Da esquerda para a direita, os quatro blogueiros Lauro, Maurício, Dauro e Carlito fazem uma parada para foto antes de chegar à Praia da Lagoinha do Leste (ao fundo), atravessando a trilha que vem da Praia do Matadeiro, ambas em Florianópolis. Da Lagoinha do Leste, seguimos pela outra trilha, atravessando o morro até à Praia do Pântano do Sul, para depois voltar de ônibus até a Armação (vizinha ao Matadeiro), onde o carro havia ficado.
Foi bem cansativo. Mas é o tipo do cansaço que faz bem.
Visualizar Trilha Matadeiro-Lagoinha em um mapa maior
domingo, 19 de abril de 2009
A Ilha
Ian chegou à Ilha ainda com a velha imagem que os europeus tinham de países do lado sul do mundo. Já haviam lhe contado, mas ainda assim surpreendeu-se de não encontrar naquela ilha estranha um enorme cobertor de casebres espalhando-se pelos morros, como vira no Rio de Janeiro. O holandês ainda tinha essa imagem na mente enquando assistia ao filme de treinamento da turma de novos policiais navais. Os morros, em vez da pobreza do Rio, eram oásis de civilização naquele país latino. Lá estavam os espaços mais nobres e organizados da cidade reiventada pela VOC.
O jovem recruta voltou a pensar nisso quando embarcou numa das lanchas da Polícia Naval para o reconhecimento da porção marítima de Desterro. Em turmas, os recrutas descem por um grande elevador até o porto da VOC, no “subsolo” da ilha artificial. Suspensa pelos pilares das antigas pontes de acesso a Desterro, a sede da VOC permitia-se aquela curiosa solução arquitetônica de um porto localizado embaixo do grande edifício, de onde partiam as lanchas de patrulha da ilha. O mar estava não apenas em volta da construção, mas também embaixo.
Em poucos minutos, Ian foi outra vez desmentido pelos olhos. Também haviam lhe falado sobre aquilo, mas atribuíra então a exageros de conterrâneos embriagados pelo exotismo de uma terra distante. A lancha se aproximava de uma grande mancha no horizonte, numa diagonal à direita da proa. No início parecia ser uma pequena ilha. Mas era algo flutuante. Nâo poderia ser algum tipo de embarcação. Não fosse tão grande, Ian poderia pensar que fosse uma grande massa de lixo boiando sobre a baía.
A embarcação da Polícia Naval passou ao largo daquela massa flutuante de formas quadradas, conectando-se numa grande e irregular rede de madeira. Não havia exagero no que lhe contaram. Sim, não havia mais as antigas favelas nos morros. A guerra e a ocupação militar rígida de todas as áreas disponíveis ha ilha havia sido bem sucedida. Os pobres e os narcotraficantes não estavam mais nas terras da ilha. Mas as favelas não desapareceram, apenas mudaram de lugar.
Aquela massa flutuante era uma grande “abarcagem”, as inacreditáveis favelas flutuantes de que falavam os relatos que Ian considerava meros deslumbramentos exóticos. As casas, algumas com dois ou três pavimentos, aglomeraram-se em balsas ancoradas no meio das baías, a uma distância segura da ilha,. Era o único espaço onde aquela gente poderia ser tolerada.
— Estas áreas foram originalmente criadas para abrigar grandes fazendas marinhas de produção de moluscos, um negócio promissor para abastecer os restaurantes de Desterro — o instrutor tentava projetar a voz através do vento, em pé na proa da lancha, apontado para a favela flutuante. — A produção não deu certo porque ataques de piratas a tornaram pouco segura. Nossa estratégia foi então reforçar a segurança dos portos, para manter esses transgressores fora da ilha. E conseguimos. Eles se instalaram então nas águas da baía, sobre as antigas fazendas. A situação está estabilizada.
“Por enquanto...”, gostaria de ter acrescentado o instrutor. Aquela situação era tudo, menos estável. Cedo ou tarde, os piratas baseados nas abarcagens trariam problemas à cidade holandesa na ilha. Amiúde, pequenas escaramuças já ocorriam. Os dois lados mantinham uma espécie de guerra fria, como dois leões entocados esperando um descuido do oponente para atacar e tomar todo o território. Os piratas era militarmente mais fracos, mas poderiam fazer grandes estragos com suas táticas de guerrilha. À Polícia Naval, cabia neste momento manter a estabilidade em Desterro, não interessando um confronto aberto. Mas como avaliava mentalmente o instrutor, era uma situação que não poderia durar. Ian começa a compreender isso.
(continua...)
segunda-feira, 6 de abril de 2009
A Ilha
3.
Jef acomodou-se na poltrona da sala do editor-chefe, não a que o próprio usava, mas uma segunda, instalada ao lado do grande surfbook que servia também como mesa. O editor-chefe, um sujeito de expressão comum e olhos pequenos protegidos por óculos de aro escuro, de rosto mal barbeado, usava uma camisa clara, adequada para aquela época de calor e umidade. altas em Blumenau, a cidade que ainda se acostumava a ser capital. Estendeu uma chícara de café ao repórter, ao mesmo tempo em que começou a falar.
— Vou lhe contar o que vi.
O repórter sorriu levemente, satisfeito, e apurou os ouvidos. Já havia pesquisado bastante nos arquivos. O que precisava agora era exatamente da impressão de um colega experiente que esteve na ilha durante aqueles anos turbulentos, ainda que não tenha, por impossível, seguido todo o processo de mudança da ex-capital.
— Do que mais me lembro são as explosões. Ficaram gravadas aqui de forma muito viva — disse o editor-chefe, tocando a têmpora com o indicador direito. — Explosões na água, especialmente, são imagens muito impressionantes.
— Fala da Guerra do Maciço?
— A guerra foi realmente a coisa mais impressionante que já cobri. Três anos de bombardeio aos morros de Florianópolis, que ainda se chamava assim, até desentocar as guerrilhas de narcotraficantes. A Polícia Naval teve trabalho. Mas a imagem que tenho mais clara daquele tempo é anterior. Estava lá quando eles implodiram as pontes Pedro Ivo e Colombo Salles. A VOC ergueu a ilha artificial, o quartel-general deles, sobre o que restou das pontes, como você sabe.
A memória do editor-chefe correu em frente a seus olhos como um filme. As duas pontes ainda estavam lá, mas levando a lugar nenhum. Do lado da ilha, as oito pistas terminavam embaixo d'água. A preparação da operação não durou mais que um dia. Mergulhadores istalaram poderosos e compactos explosivos, acionados a distância. Barcos da Polícia Naval patrulhavam uma área de isolamento no mar, mantendo qualquer embarcação na zona segura.
Às 15 horas em ponto, o mecanismo foi acionado. Várias explosões a intervalos de meio segundo abriram um caminho de água, que engolia os escombros do que foram segundos antes as extremidades das pontes, dois dois lados. O editor podia ver as colunas de água se erguendo, como o impacto do mar contra o rochedo, mas alcançando a altura de edifícios. Ao cair, a água levava para o fundo da baía o que parecia tão sólido, como um Netuno que cobra seu tributo destes homens de terra que um dia usaram cruzar seus domínios de água.
Em segundos, acabou. O cordão umbilical entre a ilha e o continente próximo voltava a ser a velha ponte pênsil, recuperada para a passagem de um linha férrea. Como o aeroporto também fora submerso e não havia mais áreas planas para construir outro, só era possível agora entrar na ilha por trem ou barco. Os morros, antes tomados pelas pobreza das favelas, passaram a ser as áreas mais cobiçadas. Ficam a salvo das marés, abrigam preciosas fontes de água potável e em geral haviam sido ocupadas de forma ilegal, tornando-se também reduto de organizações criminosas.
Com os amplos poderes concedidos pelo governo à VOC e seu braço militar, a Polícia Naval, não havia grandes obstáculos a uma ação rápida e violenta de tomada dos morros. Antigos bairros foram comprados inteiros por investidores. Mas os narcotraficantes e os que dependiam deles recusaram-se a sair. Então veio a guerra. A Polícia Naval descarregou seu arsenal sobre o maciço rochoso no antigo centro da cidade.
sábado, 4 de abril de 2009
A Ilha
— Isso é o que temos de mais parecido com um aeroporto! 20 por 25 metros! Chamamos de “Hercilio de bolso!”, ha ha ha!
O piloto quase tinha que inclinar o corpo à direita para se aproximar do interlocutor e permitir que sua voz, abafada pelo capacete e pelo ruído do rotor do helicóptero, pudesse ser ouvida com um mínimo de clareza. O passageiro, um técnico em comunicações, não fez questão de achar graça.
“Hercílio” era o apelido dado pelos militares ao heliponto. Era uma referência ao antigo aeroporto da ilha, hoje uma grande enseada frequentada não mais por aeronaves, mas por embarcações.
O heliponto fica no topo da construção mais alta de Desterro. Não por acaso, o edifício não foi construído na ilha, mas num ponto isolado pela água, tal qual as antigas fortificações portuguesas do século XVIII. As bases dessa ilha artificial já foram os pilares de duas grandes pontes de acesso à ilha.
O técnico em comunicações, um holandês calado, desceu apressado as escadas assim que desembarcou do helicóptero, sob um vento sul forte e uma chuva fina com cheiro de água do mar. Logo teve acesso a uma sala onde pôde pendurar a capa de chuva e tomar um elevador. Foi direto ao estúdio, um compartimento isolado acusticamente aos fundos da sala de conferência. Em 10 minutos, os equipamentos estavam prontos.
Uma turma de 20 recrutas da Polícia Naval, em fase inicial de treinamento, preencheu ordenadamente os assentos da sala. As poltronas estavam voltadas para uma parede escura. Um instante após o último deles se acomodar, o conferencista entrou na sala por uma porta lateral e estacou de costas para a parede escura, voltando-se para os recrutas. Era um homem jovem, mas de expressão decidida, usando uma roupa civil, com um discreto bottom na lapela em formato de açor, figura de ave adotada como símbolo da organização.
— Bom dia. Daqui a seis meses, vocês estarão prontos para fazer parte de um dos eventos históricos mais importantes deste país, uma experiência pioneira neste continente. Vocês serão parte do braço operacional da VOC, a organização que governa esta ilha atualmente. A VOC é uma empresa que vende civilização, que traz a paz onde o caos se instalou. É precisamente o que fazemos aqui. Vocês conhecerão a história dessa fabulosa organização, o que os ajudará a compreender melhor sua missão nesta ilha.
A parede escura iluminou-se como uma tela de cinema. Imagens e sons passaram a serem exibidos como se uma grande TV de plasma acabase de ter sido ligada. Isolado no estúdio, com visão para a sala, o técnico em comunicações cochilou logo depois de acionar a apresentação. Mas acordou antes que o curto filme terminasse:
...Os agentes da Vereeridge Neederlandsche Geocitoyeerde Oast Compagnie escolheram Desterro para a primeira experiência de reconstrução urbana. O congelamento dos Países Baixos pelos efeitos da mudança no clima global fez a VOC enxergar oportunidades empresariais no que parecia ser uma catástrofe irremediável. Antes um instituto de pesquisa, a VOC holandesa criou seu braço empresarial, especializado em adquirir possessões territoriais no ultramar e transformá-las em bases experimentais para as novas tecnologias de convivência com o oceano, num mundo que aos poucos ficava embaixo d´água. A VOC obteve rapidamente do governo brasileiro uma concessão de 50 anos sobre a ilha, com o compromisso de transformá-la numa cidade viável...
(continua...)
quinta-feira, 2 de abril de 2009
A Ilha
— Café?
— Pode deixar aqui do lado, por favor.
A copeira pousou a caneca sobre o surfbook — o equipamento metade mesa, metade computador que as redações de jornais haviam há pouco adotado como padrão. Os olhos de Jef alternavam-se entre a atenção fixa ao monitor, por trás dos óculos de aros finos, e rápidas olhadelas no teclado. Monitor e teclado ainda eram chamados assim por costume, numa referência aos periféricos dos antigos PCs. O surfbook os mantinha apenas como imagens virtuais numa grande tela sensível, dobrável à moda dos velhos notebooks.
Jef também não perdia o costume de murmurar ao digitar.
— Acho que foi publicado em janeiro...
[pesquisa FIND9]
[canal: JSC]
[palavra-chave: Desterro especial nova_cidade]
[período: 01/01/2029 a 31/03/2029]
Um aplicativo instalado no surfbook simulava o som de um antigo teclado ao digitar. Jef achava que seu cérebro trabalhava melhor ritmado pelo saudosismo do ruído. Por isso franziu levemente a testa quando uma voz atrás de si quebrou a melodia das teclas.
— Vai mesmo para aquele inferno?
Jef fez um meneio de cabeça para o lado, apenas para indicar que havia ouvido o editor.
— Aquilo já foi um inferno pior. E pode voltar a ser.
Notando que o editor se afastava, olhou pela janela antes de prosseguir. Podia ver as águas barrentas do Itajaí-Açu. Do outro lado do rio, avistava parte do prédio da prefeitura (que tinha sido poucos anos antes também a sede provisória do governo estadual). Havia chovido na madrugada e a manhã era cinza e quente. Certamente voltaria a chover no início da tarde, ou antes. O reflexo das nuvens nas águas lentas do rio o fizeram pensar no tempo.
Quase todos os dias eram assim. Um clima relativamente novo, mas já típico e integrado à paisagem. Só os mais velhos se preocupavam com alguma chuva mais intensa. Ainda havia famílias assombradas por lembranças antigas, de quando as cheias do rio costumavam ter como resultados tragédias humanas e edições históricas do jornal. Com as novas tecnologias importadas no norte europeu, as chuvas fortes, embora mais frequentes, haviam sido rebaixadas à posição de mero contratempo cotidiano.
[Enter]
31/03/2029 Edição 17844
Reportagem Especial
A Ilha
De uma cidade brasileira em expansão, a ilha converteu-se numa concessão privada de uma companhia estrangeira, ao fim de uma década de transformação violenta. O antigo nome da ilha, abandonado havia mais de um século, foi restaurado com uma surpreendente atualidade para a nova situação: Desterro. Nunca, em seus mais de três séculos de história, a cidade havia assistido a uma transferência tão rápida e dramática de populações. Quase ninguém ficou onde estava.
O aviso veio pouco antes da década fatal. Depois de um século XX traumático, em que o mundo aprendeu a temer a guerra, um novo alarme global soou nos primeiros anos do século XXI: o clima do planeta estava mudando mais rápido do que previam os cientistas mais pessimistas. O mar elevou seu nível em nove metros. O derretimento das geleiras do Ártico resfriou as correntes marinhas no Atlântico Norte, congelando o norte europeu.
Tais mudanças globais, ocorridas no veloz espaço de meia década, aceleraram a roda da história e transformaram completamente uma cidade instalada numa ilha costeira da América do Sul. A inundação de grandes áreas inviabilizou a ilha como espaço urbano. O grande aterro no acesso ao centro da cidade desapareceu sob vários metros de mar e as duas pontes paralelas de acesso à ilha tornaram-se inúteis.
A economia local, baseada em grande parte no turismo, entrou em colapso. A capital do estado foi transferida para Blumenau. Traficantes de drogas tornaram-se os governantes efetivos de grandes áreas. A ilha deixou de ser uma cidade para se transformar num pontilhado urbano disforme. Sem lei, sem governo, sem esperança.
(continua...)
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Ficção
Agora, em vez de escrever já esta prometida terceira parte, optei por um caminho diferente. Vou reescrever as duas primeiras partes de A Ilha, descompactando aqueles posts antigos e estendendo um pouco mais o texto.
Assim quem sabe me animo e, no embalo, consigo escrever a terceira parte. E eventuais novos leitores podem seguir o fio dessa meada. A base da história não se altera com a nova versão.
sexta-feira, 27 de março de 2009
DC e Twitter pegam o ônibus
Roberto fez o trajeto com um celular à mão, postando no Twitter a partir do aparelho. Uma equipe do Hora de Santa Catarina — irmão mais novo do DC, de perfil mais popular — foi junto, fazendo a cobertura tradicional para os dois jornais. Ao mesmo tempo, o motorista da equipe fez o trajeto de carro.
Os leitores acompanharam pelo Twitter a experiência do repórter e as mudanças de última hora no sistema. No final, os membros da equipe de reportagem que fizeram o trajeto de carro e de ônibus chegaram ao mesmo tempo ao terminal do Sul da Ilha. Conclui-se que houve ganho de tempo, então, na viagem de ônibus.
O site do Diário Catarinense já usava o Twitter como uma espécie de RSS mais seletivo, avisando aos leitores-seguidores do perfil do DC sobre a publicação das notícias e conteúdos mais interessantes no site.
Hoje, a iniciativa dos repórteres Roberto Saraiva e Rodrigo Dalmônico (também do diario.com.br, que ficou na redação como apoio, e já usava o twitter para comentários sobre jogos de tênis em seu blog, o Deixadinha), avançou no uso do Twitter como ferramenta de reportagem.
Outras experiências como essa virão.
Em tempo: o DC também já teve outra experiência de cobertura pelo Twitter, quando a repórter Ticiane Aguiar acompanhou em Florianópolis o Twestival, encontro de twitteiros, em 12 de fevereiro. Mas o caso do corredor do ônibus é o primeiro numa reportagem propriamente dita, indo além da cobertura de um evento.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
26 de fevereiro
Adoro história. Coisa de velho.
Não é fácil ficar mais velho (embora a gente faça isso todo dia). Nâo é fácil a partir de um certo ponto, melhor dizendo. O cabelo vai ficando rarefeito e a barba teima em mostrar uns fiozinhos brancos na altura do queixo, à moda de um bode — ia dizer bode velho, mas está implícito. E tem gente cada vez mais jovem (em relação a você, lógico) a sua volta. Como é possível alguem ter nascido no fim dos anos 80? Curiosamente, esses jovens passam uma sensação estranha de saberem mais do que você, o velho.
Até os presentes de aniversário mudam. Adorei os presentes que estou ganhando. De verdade. Ganhei uma sandália (para não dizer um chinelo) e uma parafusadeira elétrica. Não são presentes de velho? Pois é, eu pedi os dois, era bem o que eu queria. Ainda bem que minha cunhada foi iluminada em algum ponto da viagem recente à Alemanha e me trouxe uma mochila da Adidas. Afinal, ainda resta um pouco do garotão que ia à escola, subia as trilhas da Lagoinha do Leste e acampava em Naufragados.
Existem algumas vantagens em somar dígitos à idade, claro. Não lembro de nenhuma agora, mas certamente há.
Acabo de lembrar. Às vezes algumas pessoas mais jovens olham para você com ar de dúvida, fazendo uma pergunta qualquer e esperando uma solução rápida e definitiva para a questão, como se você fosse o Google (ia dizer oráculo, mas isso é definitivamente coisa de velho). Eventualmente você sabe a resposta e ganha moral (menos do que pensa, mas já é alguma coisa). Se você não sabe, ganha uma oportunidade de aprimorar a arte milenar de enrolar quem sabe menos ainda. É um momento de glória.
Tudo bem, 37 anos talvez não sejam tanto. Mas vou treinando.
domingo, 8 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Barbearia virtual
O que pode fazer um texto aparentemente banal combinado com o bom uso de recursos sonoros.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Samba e Rock
Palavras da banda Mané Sagaz. Veja o resultado:
A dica é do Alexandre Gonçalves.
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Cachorro português jogando Street Fighter
O melhor é a cena final.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
O Blog C
Meus seis segredos
2 — Tenho compulsão em preencher formulários. Cupons de promoção, declaração de imposto de renda, tabela de copa do mundo. Não posso ver quadradinhos num papel ou num site que vou enfiando letras e números.
3 — Falo sozinho. Muito. Me convenci de que ajuda a organizar o raciocínio, então tudo bem.
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Anita em quadrinhos
O trabalho está a cargo do cartunista paulistano Custódio, com apoio da Secretaria de Cultura de São Paulo. E o próprio autor mostra, num blog, o processo de criação.
Já entrou para os favoritos do Blog C. Ao lado do hilário Wagner & Beethoven, o blog Anita Garibaldi é um belo casamento entre as linguagens de HQ e dos blogs.
sábado, 24 de janeiro de 2009
Blogs viram jornal impresso nos EUA
Claire Cain Miller, The New York Times
Leia a matéria completa aqui.
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
O blog de Obama
domingo, 18 de janeiro de 2009
Terra do Nunca
É um filme triste e bonito, que presta uma bela homenagem ao autor de uma jóia da literatura universal. Peter Pan é Peter, um dos quatro meninos, mas é também um pouco do próprio Barrie. O escritor acredita que a infância acaba num momento, que não dura mais de 30 segundos. Ele identifica esse momento em sua própria vida e o presencia na de George, irmão do Peter real. "As crianças não deveriam dormir. Sempre acordam um dia mais velhas, até que a infância acaba", diz o personagem James Barrie.
Assim que puder, vou tentar ler Peter Pan. E recomendo o filme.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Widget de notícias
Diário Catarinense
Últimas notícias
Carregando...
Acrescentei uma novidade ao blog. É o widget de notícias do diario.com.br, o site do Diário Catarinense, onde trabalho. Agora o site oferece um código html que permite acrecentar a qualquer site uma "janelinha" com as últimas notícias do DC. No blog, funciona melhor que o RSS que eu tinha antes.
O widget está aí na coluna da direita do blog. É só clicar nas notícias.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Voar
Desta vez gostei do folder que recebi da American Express. Para você ver como é a informação escrita. De tanto insistir, um dia ela, se não acerta, chega perto do alvo. Pelo menos conseguiram mexer com a minha imaginação.
A cada duas semanas, já faz vários meses, recebo uma carta oferecendo um cartão de crédito da Amex. Eles não descobriram ainda que eu não atendo a um requisito básico exigido pela administradora: não tenho renda comprovada de até R$ 8 mil. E lá vem propaganda pelo correio.
Agora eles divulgam uma promoção em que as compras com o cartão valem cupons para concorrer a três prêmios, que eles chamam de "mitos velozes". Um deles é um Porsche 911 Carrera 4 (diz a publicidade que é o único no Brasil) e o outro uma Harley-Davidson Night Rod Special. Nada mau.
Mas foi o terceiro prêmio que me atraiu mais: uma viagem a Nova York, Boston, Quebec e Toronto, com direito a um vôo num caça supersônico. Criativos, não?
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
domingo, 11 de janeiro de 2009
PC
A política é um cabo-de-guerra em que um grupo tenta puxar o poder para si, seja convencendo a opinião pública (em sistemas democráticos) ou pela força (quando em geral degenera para conflitos armados). Assim, algo só pode ser "politicamente correto" quando encarado do ponto de vista de um grupo. De outro ponto de vista (e não necessariamente o do adversário) pode não ser tão correto assim.
Mas o problema não está em defender um ponto de vista, o que é saudavelmente democrático. Parte do problema é o discurso de guerrilha: tudo o que o outro diz é mentira; tudo o que eu digo é verdade e, se você não concorda comigo, ou é ingênuo, ou está a serviço do outro.
Tentando explicar melhor, o que me incomoda não é nem o discurso politicamente correto. É a moda que diz que você precisa agir e falar em conformidade com esse discurso. Para ser inteligente, é preciso ser contra a morte de animais, em qualquer hipótese (o que não implica em ser contra a morte de seres humanos, em qualquer hipótese). É preciso ser absolutamente a favor dos palestinos e absolutamente contra Israel. É preciso ser antiamericano. É preciso ser a favor do sistema de cotas. É preciso ser contra as privatizações. É preciso usar esta ou aquela palavra, para não ser preconceituoso. É preciso ser contra o FMI (essa perdeu a graça, agora que o Brasil não depende mais do fundo) e contra o Banco Mundial. É preciso abolir as sacolas plásticas.
Não há problema em adotar nenhuma dessas posições, que fique claro. Mas elas deveriam ser resultado de alguma reflexão, e não um pressuposto. Parece ser o que ocorre, muitas vezes: quem discorda é por definição um reacionário ou um desinformado que não merece ser ouvido. E a certeza é nociva à razão. É a dúvida que nos fazer entender e aprender.
Um dia, na universidade, um grupo de ativistas do movimento estudantil interrompeu uma aula para nos convidar a uma assembleia: "vamos lá tirar uma posição contra a reforma universitária, porque isso nos afeta". Se é para tirar uma posição "contra", então ela já está tomada. O que eu vou fazer lá? Esse tipo de coisa me incomoda.
domingo, 4 de janeiro de 2009
Guerra em Gaza
É fácil condenar Israel no caso dos ataques em Gaza: um estado "atômico", que ignora solenemente resoluções da ONU porque tem grandes aliados com poder de veto no Conselho de Segurança — o mais notável deles, claro, os Estados Unidos.
A superioridade bélica de Israel também é indiscutível, comparada a vizinhos que nem sequer contam com um governo independente (Cisjordânia e Faixa de Gaza), quanto mais um exército. São grupos de guerrilheiros empunhando rifles AK-47, bombas amarradas ao corpo e foguetes soviéticos de curto alcance e poder de destruição limitado contra alguns dos combatentes mais experientes e bem armados do mundo.
Mais do que as armas, Israel usa como estratégia de defesa duas grandes cartas de que dispões no cenário político internacional: a forte influência da comunidade judaica na política americana e o remorso europeu. A Comunidade Européia (notadamente alemães e italianos, mas também ingleses e franceses) é impedida de posicionar-se contra um estado judeu por uma barreira psicológica. Os europeus ainda carregam a culpa pelo morticínio da Segunda Grande Guerra.
O Hamas não chama Israel de "estado", mas de "entidade sionista". É uma referência ao sionismo, movimento criado por judeus europeus no fim do século XIX em torno do sonho de reunir os judeus dispersos pela Europa num território próprio, que resultou na fundação de Israel com aval da ONU, após o holocausto.
Para o Hamas, Israel não pode existir como Estado e tem de ser destruído. Os judeus devem sair. Vivos ou mortos. Tal posição não decorre de um simples preconceito antijudeu, mas do fato de que a criação de Israel ser considerada uma invasão do território palestino ocupado por árabes há dezenas de séculos. Com a saída dos britânicos, que dominaram a região até a Segunda Guerra, os palestinos esperava ter a terra onde viviam para si — e não dividi-la com judeus europeus, que sequer têm relação étnica (apenas religiosa) com os antigos habitantes da região.
Mas como Israel pode negociar com um inimigo que só aceita como solução do conflito a eliminação do oponente? O que fazer quando esse inimigo, ainda que incapaz de levar a cabo tal "solução final", ataca com foguetes e homens-bombas o território de um estado reconhecido pela ONU? Qual é o limite aceitável de uma reação militar nesse cenário? Nâo são perguntas tão fáceis de responder.
sábado, 3 de janeiro de 2009
Twitterfeed
Atualizado às 15:28
E não é que funcionou?
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
Hífen
Decorar todas as regras do hífen, além de maçante, não garante uma escrita 100% de acordo com a nova ortografia. Alguns empregos contém exceções que obrigam a uma consulta caso a caso a listas de palavras.
De qualquer modo, pouca coisa mudou. Da mesma forma que fiz com os acentos, listei apenas os casos em que o hífem continua valendo, ignorando as supressões. As regras agora são estas:
de duas palavras cria uma terceira,
com sentido diferente da expressão
formada pelas mesmas palavras sem o hífen.
Quando se perde a noção de que a
palavra é composta, os dois elementos,
passam a ser aglutinados, sem hífen
(mandachuva, paraquedas, pontapé).
Regras especiais
Nomes de lugares
Iniciados pelos adjetivos grã e grão
(Grã-Bretanha, Grão-Pará)
Espécies de animais e plantas
(couve-flor, tigre-de-bengala)
começa com vogal ou h
(mal-amado, mal-humorado)
Palavras iniciadas por "bem"
começa com vogal ou h
(bem-amado, bem-humorado)
elemento iniciado por consoante
(bem-dito, bem-nascido, bem-criado)
Todos
Locuções
Em geral não levam hífen, exceto em
alguns casos já consagrados* pelo uso
(água-de-colônia, arco-da-velha,
cor-de-rosa, mais-que-perfeito,
pé-de-meia, ao deus-dará,
à queima-roupa)
Todos
(ligação Lisboa-Madri,
sentido norte-sul,
Inciadas por prefixos
Segundo elemento começa por h
(anti-higiênico, pan-helenismo),
exceto com os prefixos des e in,
quando a palavra perdeu o h
(desumano, inábil).
que o elemento seguinte
(anti-imperialista, micro-onda),
exceto, em geral, com o
prefixo co (cooperar, coobrigar)
Circum e pan, quando o segundo
elemento começa por vogal, m, n ou h
(circum-navegação, pan-americano)
Hiper, inter e super, quando
o segundo elemento começa por r
(hiper-realista, inter-relacionado)
Ex, vice, soto, sota e vizo
(ex-prefeito, vice-campeão, sota-vento)
Pós, pré e pró, quando o segundo
elemento tem vida à parte
(pré-julgar, pós-graduação, pró-reitor)
Verbos
Na ênclise ou mesóclise
(partir-lhe, amá-la-ei)
Na próclise, em formas como no-lo, vo-la
(esperamos que no-lo comprem)
Quando forma ênclise
(eis-me, ei-lo)
*dúvidas sobre casos como estes serão resolvidas com a publicação do novo Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras, prevista para o fim de fevereiro.