terça-feira, 26 de dezembro de 2006
Começou?
O jornal londrino Independent divulgou que pela primeira vez uma ilha habitada foi coberta permanentemente pelo mar, devido a elevação dos oceanos provocada pelo aquecimento global. Trata-se de Lohachara, na Índia, que já teve 10 mil habitantes. Há oito anos, a elevação do nível do mar já havia levado ao desaparecimento da primeira ilha deserta, o atol de Kiribati, no Pacífico. O que aconteceria se o mar começasse a engolir a Ilha de Santa Catarina? Leia em A Ilha, na seção Ficção, na coluna aí ao lado.
domingo, 24 de dezembro de 2006
Seu Carlito e seus telefones
Meu pai conserta coisas há muito tempo. Seu Carlito Alexandre da Costa fez isso por profissão, primeiro com carros, depois com telefones. Hoje aposentado, mantém os consertos como hobbie e mesmo como hábito. Coloquem qualquer coisa quebrada na mão dele, nova ou velha, conhecida ou não, e o homem remexe até descobrir o defeito e dar um jeito de fazer funcionar. Desconfio que se a Nasa o enviasse a bordo de um ônibus espacial para dar uma olhada no telescópio Hubble, Seu Carlito seria capaz de encontrar um defeito e consertar com uma chave de fenda e um pedaço de arame - que ele teria levado por precaução.
Há alguns anos meus pais se mudaram para uma casa nova. Não demorou muito para que a churrasqueira coberta no fundo do quintal fosse convertida numa pequena oficina. É ali que Seu Carlito conserta e atualmente até cria (ou recria) engenhocas. As preferidas são os telefones, que ele recuperou ou consertou durante quase toda a vida profissional, como empregado de uma companhia telefônica. O que ele fez com o aparelho da foto é uma obra de arte. Juntou peças de equipamentos muito diferentes e fabricados em épocas também distintas para construir uma réplica perfeita de um telefone dos anos 1930. Uma frase do Seu Carlito resume tudo:
- Se me pedirem para fazer um telefone de bambu, eu faço.
Há alguns anos meus pais se mudaram para uma casa nova. Não demorou muito para que a churrasqueira coberta no fundo do quintal fosse convertida numa pequena oficina. É ali que Seu Carlito conserta e atualmente até cria (ou recria) engenhocas. As preferidas são os telefones, que ele recuperou ou consertou durante quase toda a vida profissional, como empregado de uma companhia telefônica. O que ele fez com o aparelho da foto é uma obra de arte. Juntou peças de equipamentos muito diferentes e fabricados em épocas também distintas para construir uma réplica perfeita de um telefone dos anos 1930. Uma frase do Seu Carlito resume tudo:
- Se me pedirem para fazer um telefone de bambu, eu faço.
segunda-feira, 18 de dezembro de 2006
Imagens inéditas!
O pequeno Xavier teve o rosto fotografado pela primeira vez. Quer dizer, não é exatamente uma fotografia, mas uma imagem com ultra-som 3D. A foto mais nítida que se conseguiu foi esta, onde (acreditem!) a mamãe Cléia já conseguiu identificar um traço do pai no rosto da criança: o queixo. Repararam? Não é a cara do pai?
Mas, como dizem, o importante é ter saúde. E isso ele tem. Pequeno Xavier já está com 37 cm e 1,7 Kg, um pouco grande para a média dessa idade (quase sete meses de gestação), mas dentro do normal. Ele se mexe cada vez mais e já está na posição correta para o nascimento, que periga coincidir com o meu aniversário, 26 de fevereiro. Tudo bem, nunca liguei muito pra festa e presente mesmo.
Mas, como dizem, o importante é ter saúde. E isso ele tem. Pequeno Xavier já está com 37 cm e 1,7 Kg, um pouco grande para a média dessa idade (quase sete meses de gestação), mas dentro do normal. Ele se mexe cada vez mais e já está na posição correta para o nascimento, que periga coincidir com o meu aniversário, 26 de fevereiro. Tudo bem, nunca liguei muito pra festa e presente mesmo.
segunda-feira, 11 de dezembro de 2006
Capela
A Ilha - tempestades
Parte 3
VI
Gilmar Linhares esperava junto à entrada da Capela do Menino Deus, sozinho. Não fosse uma promessa feita anos antes, acenderia um cigarro. A noite está calma e um pouco fria, apesar da primavera. Pensava no cigarro quando dois faróis ofuscaram-lhe a visão por um momento. O carro passou por ele e estacionou atrás da Capela. O provedor da irmandade caminhou devagar até lá.
Três homens saíram do carro. Dois deles logo ocuparam-se em retirar uma carga do porta-malas. Gilmar reconheceu o terceiro e cumprimentou-o.
- Capitão Calvalcanti, estou aqui para servi-lo. Mesmo que, sinceramente não ache uma boa idéia.
- As igrejas ainda são mais invioláveis que instalações do governo, meu caro, mesmo militares.
- A imagem de Nosso Senhor Jesus dos Passos guardará bem esse material. Nosso amigo não a encontrará.
- Infelizmente - disse o militar - nossa missão falhou. Ele teve acesso a cópias. Cuidaremos disso no momento oportuno.
- Poderá sempre contar conosco.
- Não tenho dúvidas. A Marinha e a Irmandade são parceiras nisso há mais de 200 anos.
FIM
Parte 3
VI
Gilmar Linhares esperava junto à entrada da Capela do Menino Deus, sozinho. Não fosse uma promessa feita anos antes, acenderia um cigarro. A noite está calma e um pouco fria, apesar da primavera. Pensava no cigarro quando dois faróis ofuscaram-lhe a visão por um momento. O carro passou por ele e estacionou atrás da Capela. O provedor da irmandade caminhou devagar até lá.
Três homens saíram do carro. Dois deles logo ocuparam-se em retirar uma carga do porta-malas. Gilmar reconheceu o terceiro e cumprimentou-o.
- Capitão Calvalcanti, estou aqui para servi-lo. Mesmo que, sinceramente não ache uma boa idéia.
- As igrejas ainda são mais invioláveis que instalações do governo, meu caro, mesmo militares.
- A imagem de Nosso Senhor Jesus dos Passos guardará bem esse material. Nosso amigo não a encontrará.
- Infelizmente - disse o militar - nossa missão falhou. Ele teve acesso a cópias. Cuidaremos disso no momento oportuno.
- Poderá sempre contar conosco.
- Não tenho dúvidas. A Marinha e a Irmandade são parceiras nisso há mais de 200 anos.
FIM
sábado, 9 de dezembro de 2006
Roterdã
A Ilha - tempestades
Parte 3
V
O prédio da NGOC fica numa elevação, um semicírculo envidraçado com vista para a região do aeroporto de Roterdã. Kalvelage saiu do elevador para um amplo saguão, com uma parede formada por janelas, deixando a iluminação natural encher o ambiente. Não que houvesse muita luz do lado de fora. Os dias tem sido mais sombrios que ensolarados. E também mais frios. O departamento de Climatologia Global começa a chegar a algumas respostas para os dois fenômenos.
O cientista entrou numa sala com paredes brancas, para aproveitar melhor a luminosidade. Encontrou-se com um colega e lhe perguntou sobre como ia o trabalho.
- Os dados dos jesuítas são impressionantes, considerando a época em que foram levantados. Eles aproveitaram bem a presença da ordem em vários continentes para espalhar seus padres-cientistas e montar uma rede global. - disse o colega. - Isso nos ajuda muito a entender o que está acontecendo hoje.
Os dois cientistas deixaram a sala. Tinham um compromisso. A NGOC lançaria oficialmente dali a pouco um braço empresarial, com nome bem parecido ao de uma antiga companhia holandesa fundada no século 17: Vereeridge Neederlandsche Geocitoyeerde Oast Compagnie (VOC).
Gilmar Linhares esperava...
Parte 3
V
O prédio da NGOC fica numa elevação, um semicírculo envidraçado com vista para a região do aeroporto de Roterdã. Kalvelage saiu do elevador para um amplo saguão, com uma parede formada por janelas, deixando a iluminação natural encher o ambiente. Não que houvesse muita luz do lado de fora. Os dias tem sido mais sombrios que ensolarados. E também mais frios. O departamento de Climatologia Global começa a chegar a algumas respostas para os dois fenômenos.
O cientista entrou numa sala com paredes brancas, para aproveitar melhor a luminosidade. Encontrou-se com um colega e lhe perguntou sobre como ia o trabalho.
- Os dados dos jesuítas são impressionantes, considerando a época em que foram levantados. Eles aproveitaram bem a presença da ordem em vários continentes para espalhar seus padres-cientistas e montar uma rede global. - disse o colega. - Isso nos ajuda muito a entender o que está acontecendo hoje.
Os dois cientistas deixaram a sala. Tinham um compromisso. A NGOC lançaria oficialmente dali a pouco um braço empresarial, com nome bem parecido ao de uma antiga companhia holandesa fundada no século 17: Vereeridge Neederlandsche Geocitoyeerde Oast Compagnie (VOC).
Gilmar Linhares esperava...
quinta-feira, 7 de dezembro de 2006
Engarrafamento
A Ilha - tempestades
Parte 3
IV
O delegado ficou preso num engarrafamento-monstro na avenida Beira-mar. Ligou o rádio do carro. O aparelho ainda levou alguns minutos para que o noticiário desse algumas respostas. A maré subiu demais e alagou a avenida em três pontos. Em dois deles, é possível atravessar apenas por uma das pistas, devagar, passando sobre a lâmina de água salgada.
O problema se repetiu em outros locais, inclusive com o mangue adentrando em casas de veraneio no Norte da Ilha. Invasões da maré nas vias à beira-mar - justamente as de maior fluxo - tornaram-se comuns, com média de duas ocorrências por mês. A prefeitura já fala em projetar diques de contenção do mar.
- Furacão, maré alta, que diabo está acontecendo com essa cidade? - o delegado pensou alto.
Ligou do celular para a Superintendência da Polícia Federal. A secretária passou a ligação a um dos investigadores.
- Encaminhe aquelas intimações ainda hoje. - ordenou o delegado. - Quero um relatório completo sobre as duas suspeitas. Estou tentando chegar aí.
O prédio da NGOC...
Parte 3
IV
O delegado ficou preso num engarrafamento-monstro na avenida Beira-mar. Ligou o rádio do carro. O aparelho ainda levou alguns minutos para que o noticiário desse algumas respostas. A maré subiu demais e alagou a avenida em três pontos. Em dois deles, é possível atravessar apenas por uma das pistas, devagar, passando sobre a lâmina de água salgada.
O problema se repetiu em outros locais, inclusive com o mangue adentrando em casas de veraneio no Norte da Ilha. Invasões da maré nas vias à beira-mar - justamente as de maior fluxo - tornaram-se comuns, com média de duas ocorrências por mês. A prefeitura já fala em projetar diques de contenção do mar.
- Furacão, maré alta, que diabo está acontecendo com essa cidade? - o delegado pensou alto.
Ligou do celular para a Superintendência da Polícia Federal. A secretária passou a ligação a um dos investigadores.
- Encaminhe aquelas intimações ainda hoje. - ordenou o delegado. - Quero um relatório completo sobre as duas suspeitas. Estou tentando chegar aí.
O prédio da NGOC...
quarta-feira, 6 de dezembro de 2006
Beeman e Mouse
Com o perdão da expressão, do caralho a matéria publicada hoje no Estadão, da repórter Adriana Carranca. O diretor mundial de Propriedade Intelectual da americana Microsoft, Keith Beeman, esteve em São Paulo e foi apresentado pela repórter a um camelô, Mouse, que tentou lhe vender cópias piratas do Windows Vista e Office 2007, softwares da Microsoft ainda fora do mercado – formal, é claro.
terça-feira, 5 de dezembro de 2006
Dados
A Ilha - tempestades
Parte 3
III
O delegado Pacheco estava irritado. Tomou um café mais amargo que de costume, antes de reunir-se com os investigadores.
- Perdemos o holandês e o mergulhador. Não temos como incriminá-los e, para falar a verdade, a esta altura não acredito mais que foram os dois - concluiu Pacheco.
- Mas o holandês estava interessado no material. - argumentou um investigador.
- É fato. Mas não escondeu isso de ninguém, o que é estranho para alguém que pretende cometer um crime. E teve acesso às fotos, o que parece ter sido suficiente. Ele mandou o e-mail para a NGOC informando que já tinha os tais "dados" na noite do dia em que viu as fotos. O roubo foi executado dois dias antes e ele continuava procurando. Há outros indícios de que ele queria copiar o material, não roubá-lo.
- Para onde vamos agora?
- Temos outros suspeitos. Quero que fiquem de olho na arqueóloga, Carolina Paes, e na historiadora, Vilma Duarte.
O delegado ficou preso num engarrafamento...
Parte 3
III
O delegado Pacheco estava irritado. Tomou um café mais amargo que de costume, antes de reunir-se com os investigadores.
- Perdemos o holandês e o mergulhador. Não temos como incriminá-los e, para falar a verdade, a esta altura não acredito mais que foram os dois - concluiu Pacheco.
- Mas o holandês estava interessado no material. - argumentou um investigador.
- É fato. Mas não escondeu isso de ninguém, o que é estranho para alguém que pretende cometer um crime. E teve acesso às fotos, o que parece ter sido suficiente. Ele mandou o e-mail para a NGOC informando que já tinha os tais "dados" na noite do dia em que viu as fotos. O roubo foi executado dois dias antes e ele continuava procurando. Há outros indícios de que ele queria copiar o material, não roubá-lo.
- Para onde vamos agora?
- Temos outros suspeitos. Quero que fiquem de olho na arqueóloga, Carolina Paes, e na historiadora, Vilma Duarte.
O delegado ficou preso num engarrafamento...
domingo, 3 de dezembro de 2006
Cópias
A Ilha - tempestades
Parte 3
II
O delegado federal passou por um corredor com animais empalhados e um saguão onde estavam expostos esqueletos pré-históricos, antes de chegar à sala do padre Schmitt.
O jesuíta cumprimentou amistosamente o delegado Pacheco, terminou de colocar algumas fotos grandes e papéis sobre a mesa e ajeitou os óculos de leitura.
- A caixa parece realmente ter sido de uso da Companhia de Jesus, mas não o conteúdo. - atestou o padre. - Tudo indica que tanto a caixa quanto o conteúdo sejam do século 18.
- E as inscrições?
- São difíceis de decifrar exatamente, mas parecem algum tipo de tratado, escrito por alguém com conhecimento em ciências naturais.
- O senhor mostrou essas fotos a Ian Kalvelage?
- Ah, sim, o cientista holandês. Rapaz inteligente. Procurou-me dias antes do nosso primeiro contato. Disse que estava disposto a nos ajudar, permiti que fizesse cópias do material.
- Isso foi depois do roubo da caixa?
- Sim, foi... creio que dois dias depois.
O delegado Pacheco estava irritado...
Parte 3
II
O delegado federal passou por um corredor com animais empalhados e um saguão onde estavam expostos esqueletos pré-históricos, antes de chegar à sala do padre Schmitt.
O jesuíta cumprimentou amistosamente o delegado Pacheco, terminou de colocar algumas fotos grandes e papéis sobre a mesa e ajeitou os óculos de leitura.
- A caixa parece realmente ter sido de uso da Companhia de Jesus, mas não o conteúdo. - atestou o padre. - Tudo indica que tanto a caixa quanto o conteúdo sejam do século 18.
- E as inscrições?
- São difíceis de decifrar exatamente, mas parecem algum tipo de tratado, escrito por alguém com conhecimento em ciências naturais.
- O senhor mostrou essas fotos a Ian Kalvelage?
- Ah, sim, o cientista holandês. Rapaz inteligente. Procurou-me dias antes do nosso primeiro contato. Disse que estava disposto a nos ajudar, permiti que fizesse cópias do material.
- Isso foi depois do roubo da caixa?
- Sim, foi... creio que dois dias depois.
O delegado Pacheco estava irritado...
sexta-feira, 1 de dezembro de 2006
Confissão
A Ilha - tempestades
Parte 3
I
- Conseguiu a confissão do holandês? - perguntou o investigador.
- Não, ele nega, e tem bons álibis - respondeu o delegado Pacheco. - Se não conseguir provas, não vou poder segurá-lo na cidade. Achar a maldita caixa ajudaria.
- Alguma intuição?
- Há um elo dessa corrente que ainda não encontramos.
O telefone da mesa tocou. O delegado colocou a secretária no viva-voz.
- Ligação para o senhor. Padre Alfredo Schmitt.
- Ótimo. Pode passar.
- Delegado?
- Bom dia, padre. Precisava mesmo falar com o senhor.
- Pois eu tenho novidades que podem lhe interessar, mas preferia que o senhor viesse aqui ao museu do colégio jesuíta, se não se importa.
- Posso ir agora, se for o caso.
- Sim, eu o aguardo aqui, então.
O delegado federal passou por um corredor...
Parte 3
I
- Conseguiu a confissão do holandês? - perguntou o investigador.
- Não, ele nega, e tem bons álibis - respondeu o delegado Pacheco. - Se não conseguir provas, não vou poder segurá-lo na cidade. Achar a maldita caixa ajudaria.
- Alguma intuição?
- Há um elo dessa corrente que ainda não encontramos.
O telefone da mesa tocou. O delegado colocou a secretária no viva-voz.
- Ligação para o senhor. Padre Alfredo Schmitt.
- Ótimo. Pode passar.
- Delegado?
- Bom dia, padre. Precisava mesmo falar com o senhor.
- Pois eu tenho novidades que podem lhe interessar, mas preferia que o senhor viesse aqui ao museu do colégio jesuíta, se não se importa.
- Posso ir agora, se for o caso.
- Sim, eu o aguardo aqui, então.
O delegado federal passou por um corredor...
quinta-feira, 30 de novembro de 2006
Chutando, chutando...
Do Depósito do Calvin
Se depender da genética do pai, o pequeno Xavier vai ser um perna-de-pau. Mas como nem tudo é herdado, talvez os chutes e cabeceios que o rapazinho ensaia diariamente na barriga da mãe condicionem alguma habilidade futura com os pés e a cabeça. Principalmente a cabeça, espero.
Conheci nesta semana a doutora Denise, médica que acompanha a gravidez de dona Cléia Schmitz e provalvelmente será a responsável por extrair o garoto da barriga da mãe (É, filho, você vai ter que sair daí, lamento). De acordo com a doutora Denise, nessa época (seis meses de gestação) o bebê começa a se virar para ficar na posição correta para ser ejetado (mais ou menos de cabeça para baixo) e por isso se mexe muito. Vem mais chute e cabeçada por aí.
Se depender da genética do pai, o pequeno Xavier vai ser um perna-de-pau. Mas como nem tudo é herdado, talvez os chutes e cabeceios que o rapazinho ensaia diariamente na barriga da mãe condicionem alguma habilidade futura com os pés e a cabeça. Principalmente a cabeça, espero.
Conheci nesta semana a doutora Denise, médica que acompanha a gravidez de dona Cléia Schmitz e provalvelmente será a responsável por extrair o garoto da barriga da mãe (É, filho, você vai ter que sair daí, lamento). De acordo com a doutora Denise, nessa época (seis meses de gestação) o bebê começa a se virar para ficar na posição correta para ser ejetado (mais ou menos de cabeça para baixo) e por isso se mexe muito. Vem mais chute e cabeçada por aí.
quarta-feira, 29 de novembro de 2006
Parte 3
Tempestades, continuação da série A Ilha, terá a terceira e última parte publicada a partir de sexta-feira, 1° de dezembro. Os textos completos das partes 1 e 2 estão disponíveis na coluna de linques ao lado, na seção Ficção.
A Ilha foi publicada originalmente no blogue coletivo +D1. A série de ficção científica se passa num futuro próximo, em que os efeitos do aquecimento global levam a cidade de Florianópolis ao colapso. Abandonada pelo governo, a ilha é disputada por foras-da-lei, militares, ocupantes estrangeiros e aldeões remanecentes da população nativa.
Tempestades se passa no presente, num tempo anterior ao da série original, apesar de ser uma continuação. A história gira em torno do roubo de uma caixa encontrada num antigo naufrágio. Policiais, padres, cientistas, militares e membros de uma irmandade religiosa são envolvidos na trama. Acompanhe a Parte 3 e talvez descubra quem é o culpado.
A Ilha foi publicada originalmente no blogue coletivo +D1. A série de ficção científica se passa num futuro próximo, em que os efeitos do aquecimento global levam a cidade de Florianópolis ao colapso. Abandonada pelo governo, a ilha é disputada por foras-da-lei, militares, ocupantes estrangeiros e aldeões remanecentes da população nativa.
Tempestades se passa no presente, num tempo anterior ao da série original, apesar de ser uma continuação. A história gira em torno do roubo de uma caixa encontrada num antigo naufrágio. Policiais, padres, cientistas, militares e membros de uma irmandade religiosa são envolvidos na trama. Acompanhe a Parte 3 e talvez descubra quem é o culpado.
terça-feira, 28 de novembro de 2006
HQ nas escolas
Com tanta carência de boas notícias para a educação no Brasil (quase ninguém se dá conta da importância e urgência do tema), o Blog dos Quadrinhos traz uma. O governo federal vai adotar livros de histórias em quadrinhos (HQ) nas escolas públicas. Entram na lista Mafalda (Quino), Santô (Spacca), Dom Quixote (Caco Galhardo) e o mangá Na Prisão (Kazuichi Hanawa).
segunda-feira, 27 de novembro de 2006
A Ilha - tempestades
Parte 2
VIII
O cientista sentou-se desconfortavelmente em frente ao delegado, uma irritação mal disfarçada no rosto quase oculto pela barba loura e os óculos.
- Espero que tudo se resolva logo, delegado. A polícia já me fez perder um vôo.
- Sinto pelo transtorno, sr. Kalvelage. Vai acabar mais rápido se o senhor colaborar - Pacheco estendeu um papel ao estrangeiro. - Poderia ler em voz alta? A tradução para o português está embaixo.
Kalvelage observou o papel por um segundo, com surpresa, antes de pegá-lo. Começou a ler e sua expressão voltou a ser de irritação.
- Isso é um absurdo! Violação de correspondência! - vociferou Kalvelage, acrescentando dois ou três impropérios em alemão.
- Não é um absurdo quando temos autorização judicial - respondeu o delgado, com voz calma, mas firme. - Leia, por favor.
Mesmo irritado, Kalvelage obedeceu. A cópia de um e-mail dele próprio para a NGOC começava com a frase:
Já tenho os dados da Companhia de Jesus que faltavam...
Parte 3
Parte 2
VIII
O cientista sentou-se desconfortavelmente em frente ao delegado, uma irritação mal disfarçada no rosto quase oculto pela barba loura e os óculos.
- Espero que tudo se resolva logo, delegado. A polícia já me fez perder um vôo.
- Sinto pelo transtorno, sr. Kalvelage. Vai acabar mais rápido se o senhor colaborar - Pacheco estendeu um papel ao estrangeiro. - Poderia ler em voz alta? A tradução para o português está embaixo.
Kalvelage observou o papel por um segundo, com surpresa, antes de pegá-lo. Começou a ler e sua expressão voltou a ser de irritação.
- Isso é um absurdo! Violação de correspondência! - vociferou Kalvelage, acrescentando dois ou três impropérios em alemão.
- Não é um absurdo quando temos autorização judicial - respondeu o delgado, com voz calma, mas firme. - Leia, por favor.
Mesmo irritado, Kalvelage obedeceu. A cópia de um e-mail dele próprio para a NGOC começava com a frase:
Já tenho os dados da Companhia de Jesus que faltavam...
Parte 3
domingo, 26 de novembro de 2006
sábado, 25 de novembro de 2006
Suspeitos
A Ilha - tempestades
Parte 2
VII
- Sente-se senhor Gilmar - O delegado Pacheco indicou a cadeira em frente à mesa - Foi gentileza sua nos procurar voluntariamente. O senhor conhece duas pessoas que estamos investigando e pode nos ajudar falando o que sabe sobre elas.
- Conheci o sr. Kalvelage há poucos dias, não sei se posso ajudar. Esteve na fundação buscando informações sobre um antepassado, que foi um dos fundadores da irmandade. De fato tínhamos alguns documentos. Quanto ao Jonas, meu afilhado, ponho a mão no fogo.
- O que sabe sobre o sr. Kalvelage?
- Sei que é geólogo, tem formação em clima e esteve estudando o furacão. Fala um português muito bom.
- Sabia que ele esteve no local no naufrágio, e que os destroços já haviam sido localizados um mês antes do furacão?
- Não, isso é importante?
- Estou convencido de que o sr. Kalvelage não viajou de Roterdã a Florianópolis para saber de um parente distante, nem para estudar o furacão. E seu afilhado está enrolado, sr. Gilmar.
O cientista sentou-se desconfortavelmente...
Parte 2
VII
- Sente-se senhor Gilmar - O delegado Pacheco indicou a cadeira em frente à mesa - Foi gentileza sua nos procurar voluntariamente. O senhor conhece duas pessoas que estamos investigando e pode nos ajudar falando o que sabe sobre elas.
- Conheci o sr. Kalvelage há poucos dias, não sei se posso ajudar. Esteve na fundação buscando informações sobre um antepassado, que foi um dos fundadores da irmandade. De fato tínhamos alguns documentos. Quanto ao Jonas, meu afilhado, ponho a mão no fogo.
- O que sabe sobre o sr. Kalvelage?
- Sei que é geólogo, tem formação em clima e esteve estudando o furacão. Fala um português muito bom.
- Sabia que ele esteve no local no naufrágio, e que os destroços já haviam sido localizados um mês antes do furacão?
- Não, isso é importante?
- Estou convencido de que o sr. Kalvelage não viajou de Roterdã a Florianópolis para saber de um parente distante, nem para estudar o furacão. E seu afilhado está enrolado, sr. Gilmar.
O cientista sentou-se desconfortavelmente...
sexta-feira, 24 de novembro de 2006
quinta-feira, 23 de novembro de 2006
Advogado
A Ilha - tempestades
Parte 2
VI
- Gilmar, é a Carolina - a voz da arqueóloga soou nervosa ao telefone.
- Olá, aconteceu alguma coisa? - perguntou o provedor da irmandade.
- O Jonas foi intimado para depor na Polícia Federal. Está apavorado. Acha que suspeitam dele no caso do roubo do material arqueológico, acredita que vai ser preso. Ele precisa de um advogado. Pensei que você, como padrinho...
- Claro, vou ver no que posso ajudar, tenho vários amigos advogados. Diga para ele ficar calmo.
- Ele disse que aquele amigo holandês, que esteve com vocês outro dia, foi detido no aeroporto. Está impedido de sair do país.
- Meu Deus, isso pode respingar na irmandade. São duas pessoas que têm contato conosco. Vou procurar o delegado federal que cuida do caso.
Sente-se senhor Gilmar...
Parte 2
VI
- Gilmar, é a Carolina - a voz da arqueóloga soou nervosa ao telefone.
- Olá, aconteceu alguma coisa? - perguntou o provedor da irmandade.
- O Jonas foi intimado para depor na Polícia Federal. Está apavorado. Acha que suspeitam dele no caso do roubo do material arqueológico, acredita que vai ser preso. Ele precisa de um advogado. Pensei que você, como padrinho...
- Claro, vou ver no que posso ajudar, tenho vários amigos advogados. Diga para ele ficar calmo.
- Ele disse que aquele amigo holandês, que esteve com vocês outro dia, foi detido no aeroporto. Está impedido de sair do país.
- Meu Deus, isso pode respingar na irmandade. São duas pessoas que têm contato conosco. Vou procurar o delegado federal que cuida do caso.
Sente-se senhor Gilmar...
quarta-feira, 22 de novembro de 2006
terça-feira, 21 de novembro de 2006
Holanda
A Ilha - tempestades
Parte 2
V
- O que temos sobre esse Jonas? - perguntou o César Pacheco a um dos investigadores.
- É um sujeito que gosta muito do mar. Mergulhador, filho de um velejador, prestou o serviço militar na Marinha. Há um ano e meio voltou da Holanda, onde fez um curso de Arqueologia Subaquática.
- Holanda?
- Roterdã. Um instituto de ciências chamado... - o investigador consulta o relatório - NGOC. Não me peça para pronunciar o nome por extenso. - Ergueu os olhos e notou o interesse do delegado - Isso diz alguma coisa?
- Quero que intime imediatamente Jonas Neto e outra pessoa. Um cientista holandês que está na cidade. - Pacheco estendeu um papel - Ele fala português. Está hospedado neste endereço.
- Sim, senhor - e olhando o papel - um dos nossos achou o holandês?
- A Inteligência da Marinha. Mantenha isso confidencial.
Gilmar, é a Carolina...
Parte 2
V
- O que temos sobre esse Jonas? - perguntou o César Pacheco a um dos investigadores.
- É um sujeito que gosta muito do mar. Mergulhador, filho de um velejador, prestou o serviço militar na Marinha. Há um ano e meio voltou da Holanda, onde fez um curso de Arqueologia Subaquática.
- Holanda?
- Roterdã. Um instituto de ciências chamado... - o investigador consulta o relatório - NGOC. Não me peça para pronunciar o nome por extenso. - Ergueu os olhos e notou o interesse do delegado - Isso diz alguma coisa?
- Quero que intime imediatamente Jonas Neto e outra pessoa. Um cientista holandês que está na cidade. - Pacheco estendeu um papel - Ele fala português. Está hospedado neste endereço.
- Sim, senhor - e olhando o papel - um dos nossos achou o holandês?
- A Inteligência da Marinha. Mantenha isso confidencial.
Gilmar, é a Carolina...
segunda-feira, 20 de novembro de 2006
Imprensa livre
Um dos mitos que muitas pessoas alimentam sobre a imprensa (tal mito é especialmente forte entre militantes de esquerda) é de que a chamada grande imprensa não é confiável, porque distorce e manipula a informação que oferece ao público. Em contraposição, a pequena imprensa tenderia a ser mais livre, mais confiável, por ficar à margem de grandes interesses.
Sugiro uma olhada na edição de hoje da coluna De Olho na Capital, do jornalista César Valente. O Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE) julga se o governador reeleito Luiz Henrique da Silveira (PMDB) cometeu ou não abuso do poder econômico e político, o que pode impedi-lo de tomar posse. O governador é acusado de manipular a seu favor quase uma centena e meia de pequenos jornais em todo o Estado. A grande imprensa tem sido bem mais crítica.
Sugiro uma olhada na edição de hoje da coluna De Olho na Capital, do jornalista César Valente. O Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE) julga se o governador reeleito Luiz Henrique da Silveira (PMDB) cometeu ou não abuso do poder econômico e político, o que pode impedi-lo de tomar posse. O governador é acusado de manipular a seu favor quase uma centena e meia de pequenos jornais em todo o Estado. A grande imprensa tem sido bem mais crítica.
domingo, 19 de novembro de 2006
Parente
A Ilha - tempestades
Parte 2
IV
Gilmar recebeu Kalvelage na Fundação Cultural da Irmandade Nosso Senhor Jesus dos Passos, em meio a estantes e pastas de arquivos contendo registros históricos de dois séculos e meio.
- Então ele era seu parente - disse o provedor da irmandade, estendendo uma pasta a Ian Kalvelage. - Aqui estão as cópias dos escritos dele. Nunca traduzimos por falta de alguém capacitado para entender o dialeto alemão em que ele escrevia.
- Ele enviou cartas à família na Europa - o cientista holandês fazia pausas excessivas entre as palavras, mas falava um português quase sem sotaque. - Comentou dados científicos muito interessantes. As anotações podem conter mais informação. Eu enviarei tradução. Não se preocupe.
- Sabemos pouco sobre José Coelho. Era filho de um cristão-novo, judeu convertido. Estudou com os jesuítas e gostava de astronomia. Era católico devoto e foi um dos fundadores desta irmandade. Teria embarcado num navio para a Europa e depois não sabemos o que foi feito dele.
O que temos sobre esse Jonas?
Parte 2
IV
Gilmar recebeu Kalvelage na Fundação Cultural da Irmandade Nosso Senhor Jesus dos Passos, em meio a estantes e pastas de arquivos contendo registros históricos de dois séculos e meio.
- Então ele era seu parente - disse o provedor da irmandade, estendendo uma pasta a Ian Kalvelage. - Aqui estão as cópias dos escritos dele. Nunca traduzimos por falta de alguém capacitado para entender o dialeto alemão em que ele escrevia.
- Ele enviou cartas à família na Europa - o cientista holandês fazia pausas excessivas entre as palavras, mas falava um português quase sem sotaque. - Comentou dados científicos muito interessantes. As anotações podem conter mais informação. Eu enviarei tradução. Não se preocupe.
- Sabemos pouco sobre José Coelho. Era filho de um cristão-novo, judeu convertido. Estudou com os jesuítas e gostava de astronomia. Era católico devoto e foi um dos fundadores desta irmandade. Teria embarcado num navio para a Europa e depois não sabemos o que foi feito dele.
O que temos sobre esse Jonas?
sábado, 18 de novembro de 2006
sexta-feira, 17 de novembro de 2006
Confidencial
A Ilha - tempestades
Parte 2
III
A sala do capitão-de-mar-e-guerra Cavalcanti, chefe da Capitania dos Portos de Santa Catarina, é ampla e sóbria. Uma grande mesa é único móvel digno de nota. Um cabo fez o delegado Pacheco entrar. Já em pé, postura ereta, o militar de farda branca o aguardava. O oficial cumprimentou o policial.
- Sente-se, fique à vontade. - Cavalcanti indicou a cadeira em frente á mesa.
- Então temos algo novo? - perguntou Pacheco.
O capitão colocou sobre a mesa um envelope pardo contendo folhas tamanho A4.
- Informações do Setor de Inteligência. O resgate arqueológico está sob supervisão da Marinha, como sabe, então temos interesse em resolver isso.
- O que tem aí? - apontou o delegado, com um discreto movimento do queixo.
- Um suspeito.
Gilmar recebeu Kalvelage...
Parte 2
III
A sala do capitão-de-mar-e-guerra Cavalcanti, chefe da Capitania dos Portos de Santa Catarina, é ampla e sóbria. Uma grande mesa é único móvel digno de nota. Um cabo fez o delegado Pacheco entrar. Já em pé, postura ereta, o militar de farda branca o aguardava. O oficial cumprimentou o policial.
- Sente-se, fique à vontade. - Cavalcanti indicou a cadeira em frente á mesa.
- Então temos algo novo? - perguntou Pacheco.
O capitão colocou sobre a mesa um envelope pardo contendo folhas tamanho A4.
- Informações do Setor de Inteligência. O resgate arqueológico está sob supervisão da Marinha, como sabe, então temos interesse em resolver isso.
- O que tem aí? - apontou o delegado, com um discreto movimento do queixo.
- Um suspeito.
Gilmar recebeu Kalvelage...
quinta-feira, 16 de novembro de 2006
Calvin & Haroldo versão Frango Robô
O programa Robot Chicken (Frango Robô), do canal Cartoon Network colocou no ar esse vídeo muito engraçado com uma versão de Calvin & Haroldo em stop motion (técnica de animação com massinhas). A versão legendada foi feita pelo blogue Depósito do Calvin e o vídeo original está no You Tube.
quarta-feira, 15 de novembro de 2006
Segurança
A Ilha - tempestades
Parte 2
II
- Pode ter sido só um arrombamento comum. Afinal, levaram o computador. E como a caixa estava no armário trancado, imaginaram que teria valor.
- Não, Carol, quem entrou lá sabia muito bem o que estava procurando. Levaram o computador porque os registros e as fotos sobre o material estaram lá. Mas nada disso diminui a minha responsabilidade - as olheiras da historiadora Vilma, sintoma de insônia, reforçavam o tom de preocupação.
- A responsabilidade é de quem roubou, não sua - tentou consolar a arqueóloga. - A polícia vai descobrir isso. O que você poderia fazer? Dormir armada em cima do armário? Você é historiadora, não segurança.
- Você sabe que nos duas somos suspeitas, para a polícia - o olhar de Vilma tornou-se firme por um instante.
- Eu? - assustou-se Carolina. - Se eu quisesse roubar, nem teria entregue a você.
- Não tenho certeza se eles também pensam assim.
A sala do capitão-de-mar-e-guerra...
Parte 2
II
- Pode ter sido só um arrombamento comum. Afinal, levaram o computador. E como a caixa estava no armário trancado, imaginaram que teria valor.
- Não, Carol, quem entrou lá sabia muito bem o que estava procurando. Levaram o computador porque os registros e as fotos sobre o material estaram lá. Mas nada disso diminui a minha responsabilidade - as olheiras da historiadora Vilma, sintoma de insônia, reforçavam o tom de preocupação.
- A responsabilidade é de quem roubou, não sua - tentou consolar a arqueóloga. - A polícia vai descobrir isso. O que você poderia fazer? Dormir armada em cima do armário? Você é historiadora, não segurança.
- Você sabe que nos duas somos suspeitas, para a polícia - o olhar de Vilma tornou-se firme por um instante.
- Eu? - assustou-se Carolina. - Se eu quisesse roubar, nem teria entregue a você.
- Não tenho certeza se eles também pensam assim.
A sala do capitão-de-mar-e-guerra...
terça-feira, 14 de novembro de 2006
Gabo
A Record acaba de lançar uma coletânea dos textos de não-ficção escritos por Gabriel Garcia Marquez desde os anos 1940. São cinco volumes (e bota volume nisso). Aceito como presente de Natal. Cada livro custa R$ 82,90, com exceção do volume 4 (Reportagens Políticas), por R$ 39,90. O autor de Cem Anos de Solidão produziu alguns de seus melhores textos como repórter e redador do jornal El Universal. Relato de um Náufrago, por exemplo, um de seus melhores livros, é resultado de uma série publicada no diário colombiano. Mestre Gabo merece reverência escrevendo ficção ou jornalismo, áreas que nem sempre têm fronteiras bem definidas - para o bem e para o mal.
segunda-feira, 13 de novembro de 2006
Heloísa Helena
Logo depois das eleições, o escrachado blogue Kibe Loco causou polêmica (mais uma) ao publicar uma montagem simulando uma capa da Playboy com a senadora Heloísa Helena (Psol-AL), ex-candidata à Presidência da República. Agora a própria Playboy perguntou a três fotógrafos como seria um ensaio com a senadora. A imagem acima é a ilustração para a reportagem, feita pelo chargista Baptistão. Será que ela vai chorar de novo?
Caixa
A Ilha - tempestades
Parte 2
I
O padre Alfredo Schmitt esperava encontrar um homem rude, àspero, inculto e mal-educado. E o delegado César Pacheco esperava um homem de batina. O delegado federal usava terno e gravata, recebeu educada e amistosamente o jesuíta, pediu que se sentasse e ofereceu água, chá ou café. O religioso parecia mais um professor de escola - o que de fato era - do que um padre, vestindo calça jeans, uma camisa clara e óculos. Também parecia mais jovem do que imaginara o delegado.
- Antes de mais nada, padre, quero dizer que o senhor está aqui para nos ajudar nesse caso. Neste momento, não há qualquer suspeição pesando sobre o senhor ou sua ordem religiosa. Os padres inacianos são parte interessada na investigação e esperamos que nos ajudem. Fui claro?
- Muito claro, delegado. Confesso que isso me tranqüiliza. Nunca estive nessa situação e admito que, espero que o senhor não se ofenda, imaginei que poderia haver alguma hostilidade.
- Não se preocupe, estou habituado a isso. A primeira coisa que quero lhe perguntar é: o que exatamente havia naquela caixa?
Pode ter sido só um arrombamento...
Parte 2
I
O padre Alfredo Schmitt esperava encontrar um homem rude, àspero, inculto e mal-educado. E o delegado César Pacheco esperava um homem de batina. O delegado federal usava terno e gravata, recebeu educada e amistosamente o jesuíta, pediu que se sentasse e ofereceu água, chá ou café. O religioso parecia mais um professor de escola - o que de fato era - do que um padre, vestindo calça jeans, uma camisa clara e óculos. Também parecia mais jovem do que imaginara o delegado.
- Antes de mais nada, padre, quero dizer que o senhor está aqui para nos ajudar nesse caso. Neste momento, não há qualquer suspeição pesando sobre o senhor ou sua ordem religiosa. Os padres inacianos são parte interessada na investigação e esperamos que nos ajudem. Fui claro?
- Muito claro, delegado. Confesso que isso me tranqüiliza. Nunca estive nessa situação e admito que, espero que o senhor não se ofenda, imaginei que poderia haver alguma hostilidade.
- Não se preocupe, estou habituado a isso. A primeira coisa que quero lhe perguntar é: o que exatamente havia naquela caixa?
Pode ter sido só um arrombamento...
domingo, 12 de novembro de 2006
sábado, 11 de novembro de 2006
Ficção
Encerrei na quinta-feira, dia 9, a publicação na Parte 1 da série de ficção A Ilha - tempestades. A origem da história é a série de ficção científica A Ilha, publicada entre março e maio desde ano no blogue coletivo +D1 e disponível na lista de linques aí ao lado, na seção Ficção. A história original se passa num futuro próximo, em que um desastre ecológico causado pelo aquecimento global provoca o colapso da cidade instalada na Ilha de Santa Catarina.
Amigos sugeriram uma continuação de A Ilha e encarei o desafio de escrever uma "segunda temporada". Mas não se trata de uma continuação da história no tempo. Tempestades se passa no presente, antes dos eventos da série original. A história gira em torno de uma caixa encontrada nos destroços do naufrágio de um navio do século 18. Ainda pretendo escrever uma "terceira temporada" ambientada no passado, fechando o círculo.
A Parte 2 de A Ilha - tempestades começa na segunda-feira, dia 13.
Amigos sugeriram uma continuação de A Ilha e encarei o desafio de escrever uma "segunda temporada". Mas não se trata de uma continuação da história no tempo. Tempestades se passa no presente, antes dos eventos da série original. A história gira em torno de uma caixa encontrada nos destroços do naufrágio de um navio do século 18. Ainda pretendo escrever uma "terceira temporada" ambientada no passado, fechando o círculo.
A Parte 2 de A Ilha - tempestades começa na segunda-feira, dia 13.
quinta-feira, 9 de novembro de 2006
Shopping
Dona Cléia Schmitz, doravante conhecida como a mãe do Xavier, inaugurou há poucos dias o Blog do Varejo, utilizando a experiência como jornalista de uma revista voltada para esse segmento da economia. Para não dizer que estou fazendo propaganda só porque a distinta é minha mulher, colaborei hoje com um post sobre a inauguração de um novo shopping center em Florianópolis. É bom precaver os que têm estômago fraco. É uma história um tanto nojenta. Mas vai lá.
Alarme
A Ilha - tempestades
Parte 1
X
Estudantes que dirigiam-se às salas de aula, no início da manhã, estranharam a presença de uma picape Ford Ranger preta, com inscrições amarelas da Polícia Federal, no estacionamento ao lado do Museu Universitário. Um pequeno grupo de curiosos e funcionários tumultuava a entrada do prédio e havia um nítido clima de agitação. Policiais estavam lá dentro, examinando um dos laboratórios do novo anexo.
– Não havia alarme no prédio? - perguntou o delegado federal César Pacheco.
– Sim, mas parece que faltou energia durante a noite, acho que não chegou a disparar – respondeu o diretor do museu, em crise de taquicardia.
– Sentiram falta de mais alguma coisa?
– Até agora não, fizeram alguma bagunça aqui e ali, mas parece que só levaram mesmo o material da sala da professora Vilma.
A historiadora havia informado o roubo ao pró-reitor de pesquisa da Universidade, que imediatamente acionou a Polícia Federal. A caixa de metal havia sumido, com todo o conteúdo.
Parte 2
Parte 1
X
Estudantes que dirigiam-se às salas de aula, no início da manhã, estranharam a presença de uma picape Ford Ranger preta, com inscrições amarelas da Polícia Federal, no estacionamento ao lado do Museu Universitário. Um pequeno grupo de curiosos e funcionários tumultuava a entrada do prédio e havia um nítido clima de agitação. Policiais estavam lá dentro, examinando um dos laboratórios do novo anexo.
– Não havia alarme no prédio? - perguntou o delegado federal César Pacheco.
– Sim, mas parece que faltou energia durante a noite, acho que não chegou a disparar – respondeu o diretor do museu, em crise de taquicardia.
– Sentiram falta de mais alguma coisa?
– Até agora não, fizeram alguma bagunça aqui e ali, mas parece que só levaram mesmo o material da sala da professora Vilma.
A historiadora havia informado o roubo ao pró-reitor de pesquisa da Universidade, que imediatamente acionou a Polícia Federal. A caixa de metal havia sumido, com todo o conteúdo.
Parte 2
quarta-feira, 8 de novembro de 2006
Professor
Hoje foi minha estréia como professor de História. Como o curso de graduação que estou terminando habilita o sujeito ao mesmo tempo como bacharel (pesquisador) e licenciado (professor), faz parte do contrato ministrar algumas aulas. Minhas vítimas são 24 alunos de uma turma do 3° ano do Ensino Médio de uma escola pública.
A maioria é de gente que trabalha durante o dia e ainda tem o heroísmo de assistir a aulas no tempo que sobra. As aulas são à noite. Nas quartas, antes do intervalo, e nas sextas, a última. Ou seja, tudo contribui para que os alunos não vejam a hora de sair porta afora. Mas não posso reclamar deles. Nessa primeira experiência, em que pese o nervosismo da estréia e o orientador do estágio no fundo da sala, foi tudo tranqüilo.
Verdade que eu joguei sujo: metade da aula foi tomada por um vídeo de 17 minutos sobre o nascimento da República no Brasil. Neguinho adora trocar o papo do professor por um filminho para relaxar. E passei duas perguntas para eles responderem com base no documentário, o que os manteve atentos à telinha. Sexta-feira o bicho pega. Na última aula.
A maioria é de gente que trabalha durante o dia e ainda tem o heroísmo de assistir a aulas no tempo que sobra. As aulas são à noite. Nas quartas, antes do intervalo, e nas sextas, a última. Ou seja, tudo contribui para que os alunos não vejam a hora de sair porta afora. Mas não posso reclamar deles. Nessa primeira experiência, em que pese o nervosismo da estréia e o orientador do estágio no fundo da sala, foi tudo tranqüilo.
Verdade que eu joguei sujo: metade da aula foi tomada por um vídeo de 17 minutos sobre o nascimento da República no Brasil. Neguinho adora trocar o papo do professor por um filminho para relaxar. E passei duas perguntas para eles responderem com base no documentário, o que os manteve atentos à telinha. Sexta-feira o bicho pega. Na última aula.
terça-feira, 7 de novembro de 2006
Repórter U
O jornalista Upiara Boschi, setorista de política do jornal A Notícia em Florianópolis, inaugurou o blogue Repórter U, com historinhas que não saem nas matérias que ele escreve. Não porque o competente colega negligencie informação ao leitor. É que... bom, é melhor dar uma olhada no blogue. É a editoria de política mais divertida dos últimos tempos.
Imagem
A Ilha - tempestades
Parte 1
IX
Jonas admirou a estátua de Jesus Cristo carregando a cruz, guardada há quase dois séculos e meio na Capela do Menino Deus. A imagem é expressiva, até assustadora. Toda esculpida em madeira, teve as partes móveis travadas porque seu realismo apavorava o povo durante as procissões. Há 240 anos, um navio vindo do Norte a transportava para outra cidade, mas uma tempestade obrigou a embarcação a fazer uma escala forçada na ilha. O povo disse que era milagre. A gente mais importante do lugar acabou comprando a imagem. Fundaram uma irmandade para cuidar do Cristo de madeira e todos os anos carregá-lo em procissão até a catedral.
– Ela sempre impressiona, mesmo tendo sido vista muitas vezes – disse uma voz conhecida.
O mergulhador virou-se e reconheceu Gilmar, o provedor da irmandade.
– Obrigado por ter vindo, Jonas. Vamos ao meu escritório, alguém deseja falar com você. Acho que os dois têm muito o que conversar.
Estudantes que dirigiam-se às salas de aula...
Parte 1
IX
Jonas admirou a estátua de Jesus Cristo carregando a cruz, guardada há quase dois séculos e meio na Capela do Menino Deus. A imagem é expressiva, até assustadora. Toda esculpida em madeira, teve as partes móveis travadas porque seu realismo apavorava o povo durante as procissões. Há 240 anos, um navio vindo do Norte a transportava para outra cidade, mas uma tempestade obrigou a embarcação a fazer uma escala forçada na ilha. O povo disse que era milagre. A gente mais importante do lugar acabou comprando a imagem. Fundaram uma irmandade para cuidar do Cristo de madeira e todos os anos carregá-lo em procissão até a catedral.
– Ela sempre impressiona, mesmo tendo sido vista muitas vezes – disse uma voz conhecida.
O mergulhador virou-se e reconheceu Gilmar, o provedor da irmandade.
– Obrigado por ter vindo, Jonas. Vamos ao meu escritório, alguém deseja falar com você. Acho que os dois têm muito o que conversar.
Estudantes que dirigiam-se às salas de aula...
domingo, 5 de novembro de 2006
Veja a charge
A revista Veja andou se enrolando de novo em códigos de ética. Agora é acusada de publicar sem autorização a charge acima (de Santiago, desenhista do Jornal do Comércio, de Porto Alegre) e usá-la como argumento num editorial, sem citar o nome do autor. A história está no Blog dos Quadrinhos.
Companhia
A Ilha - tempestades
Parte 1
VIII
Vilma reconhecia no Museu do Homem do Sambaqui, instalado dentro de um colégio jesuíta, um segundo lugar de trabalho, talvez até uma segunda casa. Os padres e funcionários do colégio já estavam acostumados com isso e ela sempre subia ao museu quando precisava falar com um dos religiosos. O padre-professor Alfredo Schmitt não demorou muito a chegar. Cumprimentou amistosamente a historiadora.
– Tomei conhecimento de que os arqueólogos do PAS haviam descoberto algum objeto com a inscrição da Companhia – disse o padre. – Estamos todos muito interessados.
– Não quis trazer a caixa aqui hoje por uma questão de segurança, e também pelas dificuldades de transportar algo assim pesado. Mas está à sua disposição no Museu Universitário. Trouxe algumas fotos. Não conhecíamos nada desse tipo, talvez os padres da Companhia possam nos ajudar a saber mais sobre ela.
Vilma abriu a pasta de fotos ao padre ansioso.
Jonas admirou a estátua...
Parte 1
VIII
Vilma reconhecia no Museu do Homem do Sambaqui, instalado dentro de um colégio jesuíta, um segundo lugar de trabalho, talvez até uma segunda casa. Os padres e funcionários do colégio já estavam acostumados com isso e ela sempre subia ao museu quando precisava falar com um dos religiosos. O padre-professor Alfredo Schmitt não demorou muito a chegar. Cumprimentou amistosamente a historiadora.
– Tomei conhecimento de que os arqueólogos do PAS haviam descoberto algum objeto com a inscrição da Companhia – disse o padre. – Estamos todos muito interessados.
– Não quis trazer a caixa aqui hoje por uma questão de segurança, e também pelas dificuldades de transportar algo assim pesado. Mas está à sua disposição no Museu Universitário. Trouxe algumas fotos. Não conhecíamos nada desse tipo, talvez os padres da Companhia possam nos ajudar a saber mais sobre ela.
Vilma abriu a pasta de fotos ao padre ansioso.
Jonas admirou a estátua...
sexta-feira, 3 de novembro de 2006
Mensagem
A Ilha - tempestades
Parte 1
VII
As placas de cerâmica dura continham algumas inscrições, mapas e outras indicações gráficas.
– É curioso que isso não tenha sido escrito em papel – disse a historiadora Vilma Duarte. – É possível que contassem com a possibilidade de perder esse material e encontrá-lo de novo muito tempo depois. A escrita parece ser do século 18, a caixa também, mas simplesmente não encontrei referências a esse tipo de material – concluiu.
– Bom, isso torna o material ainda mais interessante – argumentou a arqueóloga Carolina. – Continuamos a busca no sítio do naufrágio, mas não há esperança de encontrar algo mais. Foi sorte o mar ter desenterrado o navio. O que resta dele, ou está enterrado bem mais fundo, ou já se deteriorou. Mas temos uma pista. Encontramos um sino, que acreditamos ser do próprio navio.
– E então?
– É holandês.
Vilma reconhecia no museu...
Parte 1
VII
As placas de cerâmica dura continham algumas inscrições, mapas e outras indicações gráficas.
– É curioso que isso não tenha sido escrito em papel – disse a historiadora Vilma Duarte. – É possível que contassem com a possibilidade de perder esse material e encontrá-lo de novo muito tempo depois. A escrita parece ser do século 18, a caixa também, mas simplesmente não encontrei referências a esse tipo de material – concluiu.
– Bom, isso torna o material ainda mais interessante – argumentou a arqueóloga Carolina. – Continuamos a busca no sítio do naufrágio, mas não há esperança de encontrar algo mais. Foi sorte o mar ter desenterrado o navio. O que resta dele, ou está enterrado bem mais fundo, ou já se deteriorou. Mas temos uma pista. Encontramos um sino, que acreditamos ser do próprio navio.
– E então?
– É holandês.
Vilma reconhecia no museu...
quarta-feira, 1 de novembro de 2006
Tesouro
A Ilha - tempestades
Parte 1
VI
O prédio do Museu Universitário havia sido recentemente ampliado, multiplicando seu espaço por dez, mas a fachada continuava sendo a de uma antiga estrebaria, construída antes mesmo da universidade e adaptada para novos usos, de forma que sua função original tornou-se irreconhecível. Carolina atravessou o pequeno prédio antigo e entrou no grande anexo novo, com salas modernas e laboratórios. Cumprimentou a velha amiga Vilma Duarte, historiadora dedicada ao projeto missionário jesuítico nos séculos 16 a 18.
Vilma já havia recebido o objeto encontrado no naufrágio, no dia anterior. O conjunto havia passado por um processo de limpeza e a caixa fora aberta pelos arqueólogos. Pelo peso, julgou-se inicialmente que transportava ouro, mas o conteúdo revelado eram placas de um tipo de cerâmica muito dura, bem preservadas. Carolina procurou a especialista porque nunca havia encontrado material como esse.
As placas de cerâmica...
Parte 1
VI
O prédio do Museu Universitário havia sido recentemente ampliado, multiplicando seu espaço por dez, mas a fachada continuava sendo a de uma antiga estrebaria, construída antes mesmo da universidade e adaptada para novos usos, de forma que sua função original tornou-se irreconhecível. Carolina atravessou o pequeno prédio antigo e entrou no grande anexo novo, com salas modernas e laboratórios. Cumprimentou a velha amiga Vilma Duarte, historiadora dedicada ao projeto missionário jesuítico nos séculos 16 a 18.
Vilma já havia recebido o objeto encontrado no naufrágio, no dia anterior. O conjunto havia passado por um processo de limpeza e a caixa fora aberta pelos arqueólogos. Pelo peso, julgou-se inicialmente que transportava ouro, mas o conteúdo revelado eram placas de um tipo de cerâmica muito dura, bem preservadas. Carolina procurou a especialista porque nunca havia encontrado material como esse.
As placas de cerâmica...
segunda-feira, 30 de outubro de 2006
Naufrágio
A Ilha - tempestades
Parte 1
V
Os pedaços do navio de madeira desenterrados pelo furacão são guardados por uma equipe de resgate do Projeto de Arqueologia Subaquática, que investiga antigos naufrágios ao redor da Ilha de Santa Catarina. Além de trazer à tona pedaços do navio, a tempestade espalhou no fundo do mar objetos que foram transportados pela embarcação antiga. Dois mergulhadores do projeto acabaram de trazer à superfície um objeto pesado, usando bolsas de ar para retirá-lo do fundo, a algumas dezenas de metros da praia.
Algo como uma caixa de metal, não maior do que um monitor de PC, foi içado para o bote inflável. Já na praia, a arqueóloga Carolina Paes e o mergulhador Jonas Neto, que retiraram o objeto do fundo, levam a caixa para uma tenda armada na praia, usada como base provisória. Carolina faz uma primeira limpeza da caixa, bastante oxidadada, mas com um relevo ainda visível na parte superior. Traz um tipo de inscrição aparentemente ainda mais antiga do que se supõe o naufrágio. Três letras: I-H-S.
Carolina volta-se para Jonas com ar de certeza:
– Companhia de Jesus.
O prédio do Museu Universitário...
Parte 1
V
Os pedaços do navio de madeira desenterrados pelo furacão são guardados por uma equipe de resgate do Projeto de Arqueologia Subaquática, que investiga antigos naufrágios ao redor da Ilha de Santa Catarina. Além de trazer à tona pedaços do navio, a tempestade espalhou no fundo do mar objetos que foram transportados pela embarcação antiga. Dois mergulhadores do projeto acabaram de trazer à superfície um objeto pesado, usando bolsas de ar para retirá-lo do fundo, a algumas dezenas de metros da praia.
Algo como uma caixa de metal, não maior do que um monitor de PC, foi içado para o bote inflável. Já na praia, a arqueóloga Carolina Paes e o mergulhador Jonas Neto, que retiraram o objeto do fundo, levam a caixa para uma tenda armada na praia, usada como base provisória. Carolina faz uma primeira limpeza da caixa, bastante oxidadada, mas com um relevo ainda visível na parte superior. Traz um tipo de inscrição aparentemente ainda mais antiga do que se supõe o naufrágio. Três letras: I-H-S.
Carolina volta-se para Jonas com ar de certeza:
– Companhia de Jesus.
O prédio do Museu Universitário...
sábado, 28 de outubro de 2006
Praia
A Ilha - tempestades
Parte 1
IV
Kalvelage percorreu a ilha durante dois dias, coletando dados. Os estragos provocados pelo furacão, especialmente na parte sul, são impressionantes. O vento deslocou as dunas do leste e soterrou ruas inteiras. Casas foram arrancadas do chão e a infra-estrutura de energia e comunicações foi retalhada. Aos poucos a cidade se recupera. As praias do leste foram bastante alteradas. Os dados confirmam a tese do cientista holandês, que viaja o mundo para testá-la.
Escreve ao NGOC:
– Encontrei mais indícios de uma mudança de padrão na geologia e clima do Atlântico Sul. O furacão, assim como o anterior, faz parte do evento global. A elevação do nível do mar está se acelerando.
Na Praia da Armação, um outro tipo de fenômeno chamou a atenção de Kalvelage, homem interessado pelas coisas do mar. O furacão revolveu o fundo da plataforma continental, desenterrou e levou para perto da praia o que parecem ser os destroços de um antigo naufrágio. A área havia acabado de ser isolada.
Os pedaços do navio de madeira...
Parte 1
IV
Kalvelage percorreu a ilha durante dois dias, coletando dados. Os estragos provocados pelo furacão, especialmente na parte sul, são impressionantes. O vento deslocou as dunas do leste e soterrou ruas inteiras. Casas foram arrancadas do chão e a infra-estrutura de energia e comunicações foi retalhada. Aos poucos a cidade se recupera. As praias do leste foram bastante alteradas. Os dados confirmam a tese do cientista holandês, que viaja o mundo para testá-la.
Escreve ao NGOC:
– Encontrei mais indícios de uma mudança de padrão na geologia e clima do Atlântico Sul. O furacão, assim como o anterior, faz parte do evento global. A elevação do nível do mar está se acelerando.
Na Praia da Armação, um outro tipo de fenômeno chamou a atenção de Kalvelage, homem interessado pelas coisas do mar. O furacão revolveu o fundo da plataforma continental, desenterrou e levou para perto da praia o que parecem ser os destroços de um antigo naufrágio. A área havia acabado de ser isolada.
Os pedaços do navio de madeira...
quinta-feira, 26 de outubro de 2006
Milagres
A Ilha - tempestades
Parte 1
III
Se os aviões estivessem na pista do aeroporto, teriam alçado vôo como helicópteros sem piloto. A torre resiste a ser arrancada do chão. Dentro, no andar inferior, Kalvelage tenta fixar os olhos nos dados do notebook, enquanto o prédio inteiro treme. A região por onde passa o olho de um furacão é a mais afetada, onde os ventos atingem a velocidade máxima por duas vezes, em sentidos contrários, intercalados por um período de calmaria e céu azul. Quando o pesadelo parece ter acabado, começa de novo.
A tempestade é grande o suficiente para fazer estragos num raio de algumas dezenas de quilômetros. Da janela do escritório no Morro da Boa Vista, anexo ao Hospital de Caridade, Gilmar Linhares observa o furacão varrer o centro da cidade. Na borda da espiral, o centro recebe os ventos na direção leste-oeste, e o morro acaba protegendo o hospital, servindo de anteparo. Três quilômetos adiante, a grande ponte pênsil metálica de 80 anos é sacudida como um varal, mas milagrosamente resiste. Gilmar acredita em milagres. Lembrou que outra tempestade, ocorrida há 240 anos, está na origem da irmandade religiosa que dirige.
Kalvelage percorreu a ilha...
Parte 1
III
Se os aviões estivessem na pista do aeroporto, teriam alçado vôo como helicópteros sem piloto. A torre resiste a ser arrancada do chão. Dentro, no andar inferior, Kalvelage tenta fixar os olhos nos dados do notebook, enquanto o prédio inteiro treme. A região por onde passa o olho de um furacão é a mais afetada, onde os ventos atingem a velocidade máxima por duas vezes, em sentidos contrários, intercalados por um período de calmaria e céu azul. Quando o pesadelo parece ter acabado, começa de novo.
A tempestade é grande o suficiente para fazer estragos num raio de algumas dezenas de quilômetros. Da janela do escritório no Morro da Boa Vista, anexo ao Hospital de Caridade, Gilmar Linhares observa o furacão varrer o centro da cidade. Na borda da espiral, o centro recebe os ventos na direção leste-oeste, e o morro acaba protegendo o hospital, servindo de anteparo. Três quilômetos adiante, a grande ponte pênsil metálica de 80 anos é sacudida como um varal, mas milagrosamente resiste. Gilmar acredita em milagres. Lembrou que outra tempestade, ocorrida há 240 anos, está na origem da irmandade religiosa que dirige.
Kalvelage percorreu a ilha...
terça-feira, 24 de outubro de 2006
Joaquina
A Ilha - tempestades
Parte 1
II
A tempestade já havia se transformado no furacão Joaquina, o segundo a atingir o litoral do Estado de Santa Catarina em menos de três anos, numa área onde esse fenômeno nunca havia sido registrado até 2004. Mas diferente do antecessor, o Catarina, que atingiu uma região menos povoada ao sul, desta vez o furacão se dirige direto à ilha-capital Florianópolis. O motorista terá que deixar Ian Kalvelage rapidamente no aeroporto e retornar a tempo de não ser colhido no caminho pela tempestade.
O geólogo não vai tomar nenhum avião. Os vôos foram suspensos. A meta da viagem é a estação meteorológica do aeroporto, onde Kalvelage pretende estar quando o olho do furacão atravessar a planície entremares, que corta o sul da ilha no sentido leste-oeste, entre a longa praia do Campeche e a área do aeroporto. Doutor em Climatologia, a missão de Kavelaage é estudar o fenômeno, a serviço do instituto holandês Neederlandsche Geocitoyeerde Oast Compagnie (NGOC).
Se os aviões estivessem na pista do aeroporto...
Parte 1
II
A tempestade já havia se transformado no furacão Joaquina, o segundo a atingir o litoral do Estado de Santa Catarina em menos de três anos, numa área onde esse fenômeno nunca havia sido registrado até 2004. Mas diferente do antecessor, o Catarina, que atingiu uma região menos povoada ao sul, desta vez o furacão se dirige direto à ilha-capital Florianópolis. O motorista terá que deixar Ian Kalvelage rapidamente no aeroporto e retornar a tempo de não ser colhido no caminho pela tempestade.
O geólogo não vai tomar nenhum avião. Os vôos foram suspensos. A meta da viagem é a estação meteorológica do aeroporto, onde Kalvelage pretende estar quando o olho do furacão atravessar a planície entremares, que corta o sul da ilha no sentido leste-oeste, entre a longa praia do Campeche e a área do aeroporto. Doutor em Climatologia, a missão de Kavelaage é estudar o fenômeno, a serviço do instituto holandês Neederlandsche Geocitoyeerde Oast Compagnie (NGOC).
Se os aviões estivessem na pista do aeroporto...
domingo, 22 de outubro de 2006
Rush
A Ilha - tempestades
Parte 1
I
O automóvel corre veloz pela Via Expressa Sul, ignorando os sinais vermelhos. O motorista recebeu um bom pagamento - em euros - para fazer uma viagem arriscada. O geólogo Ian Kalvelage, holandês de origem alemã, não conhecia Florianópolis. Tira os olhos por um momento do notebook e olha pela janela, mas não pode fazer qualquer julgamento sobre a cidade. Não do banco traseiro de um Citröen C3 a 120 quilômetros por hora e com pouca luz do lado de fora. O céu de fim de tarde está escurecido por nuvens e chuva.
O vento é cada vez mais forte. Apesar do horário do rush, não há outros veículos à vista. Alertas foram dados na tarde do dia anterior sobre a perigosa aproximação de um ciclone extra-tropical. A experiência traumática com esse tipo de fenômeno está bem viva na memória dos habitantes locais. Não faz três anos que algo assim passou bem perto. Numa cidade em que todos estão com medo, Kalvelage é o único a ir voluntariamente de encontro ao monstro.
A tempestade já havia se transformado...
Parte 1
I
O automóvel corre veloz pela Via Expressa Sul, ignorando os sinais vermelhos. O motorista recebeu um bom pagamento - em euros - para fazer uma viagem arriscada. O geólogo Ian Kalvelage, holandês de origem alemã, não conhecia Florianópolis. Tira os olhos por um momento do notebook e olha pela janela, mas não pode fazer qualquer julgamento sobre a cidade. Não do banco traseiro de um Citröen C3 a 120 quilômetros por hora e com pouca luz do lado de fora. O céu de fim de tarde está escurecido por nuvens e chuva.
O vento é cada vez mais forte. Apesar do horário do rush, não há outros veículos à vista. Alertas foram dados na tarde do dia anterior sobre a perigosa aproximação de um ciclone extra-tropical. A experiência traumática com esse tipo de fenômeno está bem viva na memória dos habitantes locais. Não faz três anos que algo assim passou bem perto. Numa cidade em que todos estão com medo, Kalvelage é o único a ir voluntariamente de encontro ao monstro.
A tempestade já havia se transformado...
sexta-feira, 20 de outubro de 2006
A Ilha – segunda temporada
Acabei de escrever Tempestades, a "segunda temporada" de A Ilha. Explico. Entre março e maio deste ano, publiquei uma série de ficção científica no blogue coletivo +D1 (republicada depois no Bobagera). A idéia era escrever uma história em formato específico para publicação num blogue, ao longo de certo tempo. O texto foi dividido em 24 minicapítulos (dois ou três parágrafos cada), publicados como posts. Eles estão disponíveis na seção Ficção, no menu ao lado.
O desafio era comprimir a informação em textos curtos e ao mesmo tempo manter a história atrativa. Alguns amigos gostaram e até pediram uma continuação. Então taí. O formato é o mesmo da série original. Mas há uma nova história e um novo desafio. A Ilha - Tempestades começa neste domingo. Os minicapítulos entrarão de dois em dois dias, porque Bobagera não é só ficção.
O desafio era comprimir a informação em textos curtos e ao mesmo tempo manter a história atrativa. Alguns amigos gostaram e até pediram uma continuação. Então taí. O formato é o mesmo da série original. Mas há uma nova história e um novo desafio. A Ilha - Tempestades começa neste domingo. Os minicapítulos entrarão de dois em dois dias, porque Bobagera não é só ficção.
quinta-feira, 19 de outubro de 2006
piauí
Recebi ontem o primeiro exemplar da revista piauí, a primeira que assino antes mesmo de folhear o primeiro exemplar. Não costumo comprar desse jeito, mas as credenciais da revista, o artigo de Sérgio Rodrigues no saite no mínimo e o texto de João Moreira Salles sobre Roberto Jefferson me convenceram. Comecei a ler o número de estréia e confirmei o bom investimento.
Num momento em que a modernização gráfica e editorial deixou as principais revistas muito parecidas umas com as outras, piauí lançou-se ao mar apostando numa fórmula antiquada: formato grande, papel fosco. E bons textos - bota ousadia nisso - como principal atrativo. Corre o grande risco de virar um produto cult, lido só por jornalistas e intelectuais - ou metidos a tal. Mas o risco vale a pena. Mário Sérgio Conti e João Moreira Salles criaram uma revista moderna, de tão antiquada.
Num momento em que a modernização gráfica e editorial deixou as principais revistas muito parecidas umas com as outras, piauí lançou-se ao mar apostando numa fórmula antiquada: formato grande, papel fosco. E bons textos - bota ousadia nisso - como principal atrativo. Corre o grande risco de virar um produto cult, lido só por jornalistas e intelectuais - ou metidos a tal. Mas o risco vale a pena. Mário Sérgio Conti e João Moreira Salles criaram uma revista moderna, de tão antiquada.
quarta-feira, 18 de outubro de 2006
Blog Latino
A agência de notícias alemã Deutsche Welle enviou três repórters à América do Sul para reportagens especiais sobre quatro países: Brasil, Chile, Venezuela e Bolívia. A parte brasileira está a cargo de Geraldo Hoffmann, brasileiro que vive há 14 anos na Alemanha. Geraldo nasceu em Antônio Carlos, cidade a 30 quilômetros de Florianópolis e com 7 mil habintantes – a maioria, como ele, descendente de imigrantes alemães chegados ao Brasil no século 19.
Foi um dos mais brilhantes alunos do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Aproveitando as circunstâncias familiares e o gosto por viajar, mudou-se para a Alemanha ainda com poucos anos de formado. Ralou muito por lá e hoje trabalha em Bonn (cidade simpática, de 300 mil habitantes, que foi capital da antiga Alemanha Ocidental), na Deutsche Welle. A aventura de Geraldo e dos outros dois repórteres pode ser acompanhada no Blog Latino, que tem ainda uma versão exclusiva para a perna brasileira do projeto.
Mais comentários sobre o assunto nos blogues DVeras em Rede e Coluna Extra.
Foi um dos mais brilhantes alunos do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Aproveitando as circunstâncias familiares e o gosto por viajar, mudou-se para a Alemanha ainda com poucos anos de formado. Ralou muito por lá e hoje trabalha em Bonn (cidade simpática, de 300 mil habitantes, que foi capital da antiga Alemanha Ocidental), na Deutsche Welle. A aventura de Geraldo e dos outros dois repórteres pode ser acompanhada no Blog Latino, que tem ainda uma versão exclusiva para a perna brasileira do projeto.
Mais comentários sobre o assunto nos blogues DVeras em Rede e Coluna Extra.
terça-feira, 17 de outubro de 2006
Notícias do Xavier
O pequeno Xavier (27 cm, 425 gramas) passou com nota dez no quarto exame de ultra-som. Bem no meio da gravidez, esse exame é chamado de morfológico e verifica como estão se formando os órgãos vitais e o esqueleto do rapazinho. De vez em quando ele precisou ser sacudido para mostrar melhor um braço ou uma perna (sacanagem, né?). Cérebro, coração, estômago, dedos das mãos e dos pés, pernas, braços, coluna vertebral, tudo foi vistoriado.
E está tudo conforme o que se espera de um sujeito dessa idade (quatro meses e meio de gestação). Daqui para frente, não é mais necessário verificar se há algum problema com o menino (o que é um alívio, devo admitir). Ele vai passar por mais dois ultra-sons. Um deles com seis meses e meio, para acompanhar o crescimento, e o outro no fim da gravidez, para preparar o parto. Mamãe Cléia segue numa gravidez tranqüila, sem sobressaltos nem enjôos.
E está tudo conforme o que se espera de um sujeito dessa idade (quatro meses e meio de gestação). Daqui para frente, não é mais necessário verificar se há algum problema com o menino (o que é um alívio, devo admitir). Ele vai passar por mais dois ultra-sons. Um deles com seis meses e meio, para acompanhar o crescimento, e o outro no fim da gravidez, para preparar o parto. Mamãe Cléia segue numa gravidez tranqüila, sem sobressaltos nem enjôos.
sábado, 14 de outubro de 2006
quinta-feira, 12 de outubro de 2006
Quadrinhos
Duas dicas para quem gosta de quadrinhos que eu roubei do DVeras em Rede, blogue do Dauro Veras. Uma delas é o Blog dos Quadrinhos, com as últimas notícias das tirinhas. O destaque é lançamento do filme de animação Wood & Stock. A estréia é hoje, com vários personagens de Angeli. No Depósito do Calvin estão as tirinhas criadas por Bill Watterson e mais uma notícia boa: o lançamento, pela Conrad, da coleção de aventuras do garoto e seu tigre de pelúcia, em livro. Clique na tirinha abaixo para ampliar.
quarta-feira, 11 de outubro de 2006
Writely vira Google Docs
O Google mudou a cara do Writely, processador de textos on line adquirido recentemente pela empresa. O saite passou a ter o mesmo padrão visual de outros serviços do Google, como Gmail e Oktut, e foi rebatizado de Google Docs & Spreadsheets. Não gostei muito dessa mudança, achava o Writely mais simpático. O novo saite também traz serviços adicionais, que ainda não consegui explorar. Nos últimos tempos a política do grupo já era a de integrar os diferentes serviços. O usuário já pode navegar pelo Gmail, Google Docs e Blogger logando (digitando senha e nome) apenas uma vez. Agora o processador de textos traz um menu com acesso direto aos demais serviços de busca (Google), agenda (Calendar), e-mail (Gmail) e fotos (Picasa).
domingo, 8 de outubro de 2006
quinta-feira, 5 de outubro de 2006
Correções no blogue
Quem acessar os comentários da última nota plublicada, sobre as eleições, verá que um deles foi deletado. Não se trata de nenhuma censura, garanto. É que o Bobagera recebeu um spam, e não foi a primeira vez. Para evitar novos problemas, alterei a configuração e agora há o pequeno incômodo da "palavra de verificação", ao fazer um comentário. Todas as opiniões são aceitas e não serão apagadas. Também migrei para a nova versão beta do Blogger, o que provocou pequenas alterações indesejadas, como caracteres estranhos. O problema já foi corrigido.
segunda-feira, 2 de outubro de 2006
Notas sobre as eleições
Lula pode se reeleger presidente no dia 29, mas nesse caso terá mais dificuldades para governar do que no primeiro mandato. A Presidência do Senado ficará com um partido de oposição, já que o PFL (18 senadores) e o PSDB (16) passam a ter as maiores bancadas.
Em Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB) não levou a reeleição ao governo no primeiro turno, mas fez ampla maioria na Assembléia Legislativa. Os três maiores partidos da coligação (PMDB, PSDB e PFL) elegeram nada menos de 23 dos 40 deputados.
O ClicRBS, principal portal de notícias de Santa Catarina, deixou os internautas na mão na cobertura do dia das eleições. Ficou fora do ar ou muito lento durante a apuração, provavelmente porque não suportou o tráfego. O Portal AN, do jornal A Notícia (recentemente comprado pela RBS e em processo de incorporação ao grupo), e os portais nacionais salvaram quem acompanhou a apuração pela internet. A Folha On Line conseguiu as atualizações mais rápidas, segundos à frente dos plantões da Globo, na TV.
Em Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB) não levou a reeleição ao governo no primeiro turno, mas fez ampla maioria na Assembléia Legislativa. Os três maiores partidos da coligação (PMDB, PSDB e PFL) elegeram nada menos de 23 dos 40 deputados.
O ClicRBS, principal portal de notícias de Santa Catarina, deixou os internautas na mão na cobertura do dia das eleições. Ficou fora do ar ou muito lento durante a apuração, provavelmente porque não suportou o tráfego. O Portal AN, do jornal A Notícia (recentemente comprado pela RBS e em processo de incorporação ao grupo), e os portais nacionais salvaram quem acompanhou a apuração pela internet. A Folha On Line conseguiu as atualizações mais rápidas, segundos à frente dos plantões da Globo, na TV.
domingo, 1 de outubro de 2006
Chuchu atropelando por fora
Quatro semanas antes desta eleição, em Brasília, um amigo que trabalha no Congresso me perguntou:
– O que você acha que o PSDB ainda poderia fazer para virar o jogo?
– Nada. Não dá mais tempo. – opinei.
Errei, mas não totalmente. O PSDB realmente não fez nada. Foi o PT que trocou os pés pelas mãos. Primeiro com o escândalo do dossiê tramado por auxiliares do presidente dentro do Palácio do Planalto. E depois, com a recusa de Lula em participar de um debate com os demais candidatos quando todos lhe cobravam uma explicação. Deu nisso. Agora, quem diria, o chuchu tem grandes chances de ser presidente.
Aqui em Santa Catarina, no momento em que escrevo, a matemática já garante: segundo turno para governador entre Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e Esperidião Amin (PP). Luiz Henrique, assim como Lula, contava com a reeleição no primeiro turno.
– O que você acha que o PSDB ainda poderia fazer para virar o jogo?
– Nada. Não dá mais tempo. – opinei.
Errei, mas não totalmente. O PSDB realmente não fez nada. Foi o PT que trocou os pés pelas mãos. Primeiro com o escândalo do dossiê tramado por auxiliares do presidente dentro do Palácio do Planalto. E depois, com a recusa de Lula em participar de um debate com os demais candidatos quando todos lhe cobravam uma explicação. Deu nisso. Agora, quem diria, o chuchu tem grandes chances de ser presidente.
Aqui em Santa Catarina, no momento em que escrevo, a matemática já garante: segundo turno para governador entre Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e Esperidião Amin (PP). Luiz Henrique, assim como Lula, contava com a reeleição no primeiro turno.
sábado, 30 de setembro de 2006
Falha humana?
A queda do Boeing 737-800 da Gol com 155 pessoas a bordo (149 passageiros, entre eles uma menina de 11 meses, e seis tripulantes) é o maior desastre aéreo já registrado no Brasil.
É cedo para fazer julgamentos, mas tudo indica que houve falha humana, e não do piloto da Gol. O Boeing colidiu com um jatinho Embraer Legacy voando em sentido contrário, com cinco passageiros (quatro americanos e um brasileiro). As duas aeronaves eram novas (o Boeing tinha 200 horas de vôo e o Legacy, 600).
O jatinho deveria estar voando mil pés (cerca de 300 metros) abaixo do Boeing no momento do acidente. Portanto, um dos aviões desrespeitou as normas de aviação. Voar mais alto significa viajar num ar mais rarefeito, o que proporciona mais velocidade com menor consumo de combustível. Aeronaves modernas como essas voam praticamente sozinhas quando estão lá no alto. E ambas têm sistemas anti-colisão (uma alarme que avisa a aproximação de outra aeronave). E é mais fácil desviar um pequeno jato do que um grande avião de passageiros. O piloto e os passageiros do Legacy, que sobreviveram, terão que se explicar.
É cedo para fazer julgamentos, mas tudo indica que houve falha humana, e não do piloto da Gol. O Boeing colidiu com um jatinho Embraer Legacy voando em sentido contrário, com cinco passageiros (quatro americanos e um brasileiro). As duas aeronaves eram novas (o Boeing tinha 200 horas de vôo e o Legacy, 600).
O jatinho deveria estar voando mil pés (cerca de 300 metros) abaixo do Boeing no momento do acidente. Portanto, um dos aviões desrespeitou as normas de aviação. Voar mais alto significa viajar num ar mais rarefeito, o que proporciona mais velocidade com menor consumo de combustível. Aeronaves modernas como essas voam praticamente sozinhas quando estão lá no alto. E ambas têm sistemas anti-colisão (uma alarme que avisa a aproximação de outra aeronave). E é mais fácil desviar um pequeno jato do que um grande avião de passageiros. O piloto e os passageiros do Legacy, que sobreviveram, terão que se explicar.
quinta-feira, 28 de setembro de 2006
Star Trek
A série de TV Star Trek, conhecida no Brasil como Jornada nas Estrelas, acaba de completar 40 anos, em pleno vigor e cheia de filhos. Um bom texto para marcar a data é o assinado por Pedro Doria e publicado hoje no saite no mínimo. A tripulação da Enterprise (foto acima, recriada em versão digital), a nave comandada pelo capitão James T. Kirk e seus inseparáveis imediatos, o médico Leonard McCoy e chefe de ciências Spock S'chn T'gai (esse orelhudo aí abaixo, em foto da série original, mais conhecido como Dr. Spock), partiu em setembro de 1966, "em busca de novos mundos, novas civilizações, audaciosamente, onde nenhum homem jamais esteve". Dr. Spock era o único mestiço interplanetário da tripulação, filho de um príncipe vulcano e mãe terráquea, e o roteiro costumava explorar sua luta interna entre a natureza humana e vulcana.
O personagem marcou tanto o ator Leonard Nimoy que ele tentou livrar-se de Spock mais de uma vez. Quando a Paramount planejavam lançar um canal de TV e recriar a série, todos os atores da versão original aceitaram, exceto Nimoy. Acabou aceitando fazer um filme, que ganhou várias seqüências e pariu novas séries de TV. Nimoy chegou a fazer outros papéis, mas a sombra do personagem levou-o até a escrever um livro-desabafo: Eu não sou Spock. Recebeu tantas críticas dos fãs que escreveu outro para se explicar: Eu sou Spock. Acabou tornando-se roteirista das novas versões da série, depois da morte do criador do universo de Star Trek, Gene Roddenbery, em 1991.
Nimoy teve que aprender a conviver com Spock, assim como o personagem sofria a cada episódio para esconder a natureza metade humana sob o implacável racionalismo vulcano. "Spock, eu sei porque você não tem medo da morte", disse-lhe McCoy, durante uma discussão. "Porque tem medo da vida. A cada dia que vive corre o risco de errar e revelar seu lado humano". Spock concordou, educada e friamente, como um vulcano.
O personagem marcou tanto o ator Leonard Nimoy que ele tentou livrar-se de Spock mais de uma vez. Quando a Paramount planejavam lançar um canal de TV e recriar a série, todos os atores da versão original aceitaram, exceto Nimoy. Acabou aceitando fazer um filme, que ganhou várias seqüências e pariu novas séries de TV. Nimoy chegou a fazer outros papéis, mas a sombra do personagem levou-o até a escrever um livro-desabafo: Eu não sou Spock. Recebeu tantas críticas dos fãs que escreveu outro para se explicar: Eu sou Spock. Acabou tornando-se roteirista das novas versões da série, depois da morte do criador do universo de Star Trek, Gene Roddenbery, em 1991.
Nimoy teve que aprender a conviver com Spock, assim como o personagem sofria a cada episódio para esconder a natureza metade humana sob o implacável racionalismo vulcano. "Spock, eu sei porque você não tem medo da morte", disse-lhe McCoy, durante uma discussão. "Porque tem medo da vida. A cada dia que vive corre o risco de errar e revelar seu lado humano". Spock concordou, educada e friamente, como um vulcano.
quarta-feira, 27 de setembro de 2006
Não sei ganhar dinheiro. Bom para o HU
Abrindo um pouco de espaço no apartamento para a chegada do Xavier, separei uns 80 exemplares de livros para serem vendidos a um sebo ou diretamente a amigos interessados. Se cada um rendesse R$ 5, teríamos aqui uma receita de R$ 400. Não é nada, daria para comprar o carrinho de bebê e algumas fraldas, para quando o distinto herdeiro chegar, em março. Mas acabei convencido pela mãe do garoto a doar quase todos os livros (exceto uns poucos já reservado para amigos) à Associação Amigos do HU (AAHU). É um grupo de voluntários que arrecada dinheiro para melhorar o atendimento do Hospital Universitário (HU), ligado à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O hospital é um dos maiores de Florianópolis e só atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A AAHU compra coisas como cobertores, cafeteiras e móveis para o hospital. Recentemente, conseguiram da Receita Federal até a doação de uma UTI móvel e do governo estadual (mesmo sendo um hospital federal) o dinheiro para a compra de um tomógrafo. O pessoal não é fraco. Para quem quiser colaborar, aqui está a lista dos livros que doei. Tem mais coisa boa por lá. O sebo fica no primeiro andar do Centro de Convivência, no campus da UFSC. Ao lado do sebo tem um brechó, também da AAHU, onde estão à venda uns discos de vinil que eu doei. Agora vou ter que arrumar dinheiro para o carrinho. Mas a Cléia vai fazer um curso de gestantes de graça no HU e não está descartado que faça o parto lá, já que o hospital é bom e perto de casa. Até de um ponto de vista egoísta, não é um dinheiro mal investido.
A AAHU compra coisas como cobertores, cafeteiras e móveis para o hospital. Recentemente, conseguiram da Receita Federal até a doação de uma UTI móvel e do governo estadual (mesmo sendo um hospital federal) o dinheiro para a compra de um tomógrafo. O pessoal não é fraco. Para quem quiser colaborar, aqui está a lista dos livros que doei. Tem mais coisa boa por lá. O sebo fica no primeiro andar do Centro de Convivência, no campus da UFSC. Ao lado do sebo tem um brechó, também da AAHU, onde estão à venda uns discos de vinil que eu doei. Agora vou ter que arrumar dinheiro para o carrinho. Mas a Cléia vai fazer um curso de gestantes de graça no HU e não está descartado que faça o parto lá, já que o hospital é bom e perto de casa. Até de um ponto de vista egoísta, não é um dinheiro mal investido.
segunda-feira, 25 de setembro de 2006
Negócio fechado
A RBS divulgou hoje comunicado oficial informando que assume integralmente no dia 1 de outubro o controle do jornal A Notícia, de Joinville. Era o último grande jornal de Santa Catarina que não estava sob o controle do grupo. O negócio foi acertado da sexta-feira, em Joinville, e fechado hoje, em Porto Alegre. Ainda hoje, o presidente da RBS, Nelson Sirotsky, fala a empresários de Joinville e amanhã aos funcionários do jornal. O novo editor-chefe é Nilson Vargas, ex-editor de outro jornal do grupo (Diário de Santa Maria, no Rio Grande do Sul) e com passagem pela revista Veja. Já trabalhou também no próprio jornal A Notícia.
sexta-feira, 22 de setembro de 2006
Ciência
Ando cada vez mais atraído pela divulgação científica. Bela matéria dentro dessa área saiu hoje no Estadão. A Universidade de Brasília (UnB), uma das mais conceituadas do país, abriu um curso de extensão onde cientistas de várias áreas investigam... a astrologia. A idéia é colocar os mapas astrais dentro de parâmetros inteligíveis para a ciência, de modo que esses parâmetros possa ser estudados e questionados por físicos, astrônomos, engenheiros, médicos e outros pesquisadores. Em resumo, permitir à ciência dizer, sem preconceito, se alguma coisa na astrologia faz sentido ou não. Pode parecer bobagem a muitos céticos, mas a mim pareceu um belo exercício intelectual. Cumprindo o que se espera do bom jornalismo, a reportagem traz também a visão de astrônomos que caem de pau no povo do horóscopo e acham um desperdício uma universidade pública investir nisso. A polêmica só enriquece o tema.
sexta-feira, 15 de setembro de 2006
Javalis
O jornal A Notícia publica hoje uma boa reportagem sobre a invasão da região Oeste de Santa Catarina por cerca de 8 mil javalis. Por transmitirem doenças a animais de criação, a presença dos javalis ameaça a produção agropecuária local, principal força econômica da região. Sem esperar autorização do Ibama, fazendeiros se armam para o abate dos animais selvagens, enquanto um agricultor adotou dois filhotes como bichinhos de estimação. O texto é de correspondente de AN em Chapecó, Luciano Alves.
quarta-feira, 13 de setembro de 2006
Mais blogues
A lista de blogues amigos acaba de ser renovada. No lugar dos que saíram, por desistência ou falta de atualização, entram recomendações de peso. Marcelinho Santos, sujeito apaixonado por cinema, publica seus comentários confortavelmente Da Poltrona. E Dauro Veras fala um pouco de tudo, sempre DVeras em Rede. Boa leitura.
terça-feira, 12 de setembro de 2006
Xavier
Um dia vou lhe contar. Não vai ser bem desse jeito, eu acho, mas você vai ficar sabendo. No início eu tive medo e não deixei você vir. Tive medo de não ser bom o suficiente para ser seu pai. Sua mãe sempre teve certeza, sempre foi corajosa. Foi ela quem me convenceu. E aí eu entrei assim, meio desajeitado, tateando as paredes e tentando sentir o chão, na maior aventura da minha vida. Não é só uma maneira de dizer, não, por mais que pareça uma frase batida de discurso pronto. É exatamente, literalmente, precisamente isso. O maior desafio, o maior feito que eu poderia deixar no mundo. E tanta coisa não depende de mim. E tanta coisa eu tenho que aprender. Isso ainda me assusta um pouco. Vou fazer o melhor que puder. Espero que você me ajude e me ensine. Ainda falta meio ano para sua entrada oficial nesse mundo doido, mas você já dá sentido a tudo.
segunda-feira, 11 de setembro de 2006
É MENINO!
Essa foi a grande novidade do ultra-som de hoje (precisa mais?). De resto, o rapazinho cresce saudável, já está com 14 cm e 140 gramas.
sábado, 9 de setembro de 2006
Pirenópolis
Conheci no fim de semana passado a pequena cidade de Pirenópolis, em Goiás, a menos de 150 quilômetros de Brasília. Lugarzinho muito legal. Povoado interiorano tradicional, Pirenópolis tem algo a ver com as cidades de colonização portuguesa do litoral catarinense. A Festa do Divino e as Cavalhadas são lá as principais festas populares, comemoradas com pompa, e a figura da cabeça de boi com os cornos floridos, emblema da Cavalhada, é onipresente. Mas não era época de nenhuma dessas festas e as atrações que conheci são outras. Ao mesmo tempo em que tem um povo muito católico e conservador, Pirenópolis atraiu há algumas décadas muitas comunidades de hippies, que se instalaram em sítios da região. Com a descoberta do turismo, nos anos 1980, e a recuperação do casario histórico colonial - a cidade já foi o centro de uma rica região de produção de ouro - outros imigrantes se misturaram aos antigos hippies e o povoado se transformou numa mistura de antigo e moderno. A rua do lazer, onde se concentram os bares e restaurantes, tem um pouco de tudo, em lugares pequenos, mas bonitos e aconchegantes. E os sítios em volta viraram destinos de ecoturismo muito procurados.
Duas atrações em particular me impressionaram bem. Uma delas é a igreja matriz. Construída no século 18, no auge do ciclo do ouro, foi restaurada em 1996 e quase completamente destruída por um incêndio em 2001. Por sorte, o então governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), é da cidade, o que certamente ajudou a captar recursos de grandes empresas e do próprio estado para uma nova restauração. A igreja foi completamente reconstruída e hoje abriga também um pequeno museu contanto como foi esse processo. Os técnicos tiveram que aprender a construír com adobe (técnica utilizada no século 18) para refazer a igreja como era antes. É impressionante a capacidade de isolamento térmico do adobe (argamassa a base de argila). Com um calor de quase 30 graus do lado de fora, a sensação dentro da nave principal da igreja é de que se está num ambiente com ar condicionado.
A outra atração é a Fazenda Vagafogo (o mesmo que vagalume, no linguajar local). O dono, Evandro, é um mineiro formado em Direito que nos anos 1960 foi hippie e foi morar numa comunidade alternativa na Bélgica, onde conheceu a atual mulher, também brasileira. Viajou por vários países e retornou ao Brasil nos anos 1980. Os dois conheceram Perinópolis (já um destino procurado por hippies), compraram uma fazenda e viraram pequenos agricultores, vendendo a produção em Brasília. Lá conheceram uma ONG, a Funatura, que os ajudou a transformar a fazenda em destino ecoturístico, há 15 anos, quando já tinham um filho adulto. Captaram recursos do governo britânico e da ONG WWF para construir um centro de visitantes. Metade da fazenda é de mata nativa e a outra metade produz frutas e gado. Arrumaram as trilhas e atraíram empresas que oferecem rapel, arvorismo e coisas do tipo. Mas a maior atração são os doces produzidos pela própria família com frutas do cerrado. Eles oferecem um brunch com a produção local que é barato e delicioso. E conseguiram tornar o negócio auto-sustentável. Além de tudo, são gente muito boa.
Duas atrações em particular me impressionaram bem. Uma delas é a igreja matriz. Construída no século 18, no auge do ciclo do ouro, foi restaurada em 1996 e quase completamente destruída por um incêndio em 2001. Por sorte, o então governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), é da cidade, o que certamente ajudou a captar recursos de grandes empresas e do próprio estado para uma nova restauração. A igreja foi completamente reconstruída e hoje abriga também um pequeno museu contanto como foi esse processo. Os técnicos tiveram que aprender a construír com adobe (técnica utilizada no século 18) para refazer a igreja como era antes. É impressionante a capacidade de isolamento térmico do adobe (argamassa a base de argila). Com um calor de quase 30 graus do lado de fora, a sensação dentro da nave principal da igreja é de que se está num ambiente com ar condicionado.
A outra atração é a Fazenda Vagafogo (o mesmo que vagalume, no linguajar local). O dono, Evandro, é um mineiro formado em Direito que nos anos 1960 foi hippie e foi morar numa comunidade alternativa na Bélgica, onde conheceu a atual mulher, também brasileira. Viajou por vários países e retornou ao Brasil nos anos 1980. Os dois conheceram Perinópolis (já um destino procurado por hippies), compraram uma fazenda e viraram pequenos agricultores, vendendo a produção em Brasília. Lá conheceram uma ONG, a Funatura, que os ajudou a transformar a fazenda em destino ecoturístico, há 15 anos, quando já tinham um filho adulto. Captaram recursos do governo britânico e da ONG WWF para construir um centro de visitantes. Metade da fazenda é de mata nativa e a outra metade produz frutas e gado. Arrumaram as trilhas e atraíram empresas que oferecem rapel, arvorismo e coisas do tipo. Mas a maior atração são os doces produzidos pela própria família com frutas do cerrado. Eles oferecem um brunch com a produção local que é barato e delicioso. E conseguiram tornar o negócio auto-sustentável. Além de tudo, são gente muito boa.
terça-feira, 5 de setembro de 2006
Outra Brasília
É bom mesmo não ficar só com a primeira impressão. Mas um dia na cidade e conheci um outro lado de Brasília, o lado bom de viver numa cidade planejada, arborizada e com amplos espaços públicos. O Parque da Cidade, um dos maiores espaços verdes urbanos do mundo, é a praia dos brasilienses. Há uma pista de oito quilômetros para corrida, caminhada ou ciclismo, um lago e um centro de convenções. Deve ser em função de um espaço destes que Brasília tem tantos atletas chegando entre os primeiros lugares de maratonas disputadas país afora.
O sistema de superquadras torna fácil encontrar qualquer endereço dentro do Plano Piloto (o centro projetado por Oscar Niemeyer, em forma de avião). Muitas quadras residenciais têm suas próprias "prefeituras" que cuidam da manutenção das áreas comuns de lazer e paisagismo. E ainda há as belas paisagens do Lago Paranoá.
Acabei descobrindo que Brasília é um bom lugar para morar, apesar do preço alto dos aluguéis. A cidade só precisa de um sistema de transporte coletivo urbano mais eficiente. Talvez por ter sido construída com tantas facilidades ao automóvel, a capital de largas avenidas ainda não tenha um metrô para deslocamento dentro do Plano Piloto.
sábado, 2 de setembro de 2006
Brasília
Muita gente acha estranho passar férias na capital federal - e é mesmo. Mas há amigos na cidade com visita prometida há tempos e finalmente usei isso como desculpa para conhecer Brasília. Ainda não pude ver muita coisa, só um passeio cívico rápido pelo Memorial JK, Catedral, Esplanada dos Ministérios e Praça dos Três Poderes. Coisa de turista. A primeira impressão foi de uma cidade bonita mas mal cuidada, com aspecto de uma imensa repartição pública. Mas o pôr-do-sol no Planalto Central é belo e as linhas de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, mesmo sem polimento, não perdem totalmente o brilho. O tempo está bastante seco e quente, o que não contribui para tornar um passeio agradável. Nos próximos dias, mais descansado, pretendo conhecer melhor a capital.
quarta-feira, 30 de agosto de 2006
Missões
Retornei ontem de uma viagem de estudos às ruínas de antigas reduções jesuíticas no Paraguai, Argentina e Brasil, os conhecidos 30 povos das missões. As reduções eram cidades fundadas e controladas por padres jesuítas entre o final dos anos 1600 e meados dos 1700, que chegavam a abrigar, cada uma, 5 mil guaranis. Apenas dois padres controlavam cada cidade, com o apoio de caciques locais. Foi um impressionante projeto de civilização, destruído pela força quando o êxito das reduções entrou em conflito com os interesses políticos e comerciais dos reinos de Portugal e Espanha. Comentei com um amigo que, para um interessado em história colonial, visitar esses lugares é como assistir a uma apresentação do Pink Floyd.
Visitamos três ruínas. A mais impressionante é a de Trinidad del Paraná, no Paraguai. Impressiona o tamanho da cidade de pedra e especialmente da catedral. Havia casas na área urbana para quase 900 índios, com mais 4 mil estimados na zona rural em volta. Na Argentina, visitamos a redução de San Ignacio Mini, também imensa e com suficientes ruínas remanescentes para dar uma boa idéia do que era o lugar. Finalmente conhecemos São Miguel Arcanjo (foto acima), no Brasil. As três têm uma boa estrutrura para receber turistas. O diferencial de São Miguel é o espetáculo Som e Luz, com vozes gravadas de autores globais e projeções de luz que fazem as ruínas contarem sua própria história - romanceada, é verdade - sob o céu estrelado e o frio da região de fronteira do Rio Grande do Sul.
Visitamos três ruínas. A mais impressionante é a de Trinidad del Paraná, no Paraguai. Impressiona o tamanho da cidade de pedra e especialmente da catedral. Havia casas na área urbana para quase 900 índios, com mais 4 mil estimados na zona rural em volta. Na Argentina, visitamos a redução de San Ignacio Mini, também imensa e com suficientes ruínas remanescentes para dar uma boa idéia do que era o lugar. Finalmente conhecemos São Miguel Arcanjo (foto acima), no Brasil. As três têm uma boa estrutrura para receber turistas. O diferencial de São Miguel é o espetáculo Som e Luz, com vozes gravadas de autores globais e projeções de luz que fazem as ruínas contarem sua própria história - romanceada, é verdade - sob o céu estrelado e o frio da região de fronteira do Rio Grande do Sul.
terça-feira, 29 de agosto de 2006
quinta-feira, 24 de agosto de 2006
Falta de vergonha na cara!
Publicado em 23/8 e atualizado em 24/8
Vergonhoso. É talvez a palavra mais leve para descrever o comportamento do sr. Miltinho Cunha, um cara que, ao se dizer jornalista e manezinho, envergonha os dois grupos - dos quais faço parte. A culpa é também do jornal O Estado, que deu espaço para esse sujeito. Há pelo menos um ano, o sr. Miltinho Cunha vinha plagiando descaradamente textos do blogue Querido Leitor, de Rosana Hermann. Apanhado em flagrante, ainda tentou se desculpar com uma mentira, afirmando na coluna que uma jornalista colaboradora havia plagiado duas notas, sem o conhecimento do próprio Miltinho. A perna curta não conseguiu caminhar por uma hora. A história toda está no Querido Leitor. Na corda bamba, o sr, Miltinho Cunha agora vai tomar um processo.
Uma bela discussão sobre o caso está no Comunique-se. De acordo com o saite especializado em comunicação, a direção de O Estado ainda estuda providências contra o copista. O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina ainda não se manifestou sobre a questão ética. O jornalista César Valente também comentou o assunto no blogue De olho na capital (reprodução da coluna no Diarinho). E o Blue Bus publicou uma nota.
E para não repetir o plágio, a foto, editada, é de Cláudio Araújo, publicada na página do fotógrafo Marco Cezar.
Vergonhoso. É talvez a palavra mais leve para descrever o comportamento do sr. Miltinho Cunha, um cara que, ao se dizer jornalista e manezinho, envergonha os dois grupos - dos quais faço parte. A culpa é também do jornal O Estado, que deu espaço para esse sujeito. Há pelo menos um ano, o sr. Miltinho Cunha vinha plagiando descaradamente textos do blogue Querido Leitor, de Rosana Hermann. Apanhado em flagrante, ainda tentou se desculpar com uma mentira, afirmando na coluna que uma jornalista colaboradora havia plagiado duas notas, sem o conhecimento do próprio Miltinho. A perna curta não conseguiu caminhar por uma hora. A história toda está no Querido Leitor. Na corda bamba, o sr, Miltinho Cunha agora vai tomar um processo.
Uma bela discussão sobre o caso está no Comunique-se. De acordo com o saite especializado em comunicação, a direção de O Estado ainda estuda providências contra o copista. O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina ainda não se manifestou sobre a questão ética. O jornalista César Valente também comentou o assunto no blogue De olho na capital (reprodução da coluna no Diarinho). E o Blue Bus publicou uma nota.
E para não repetir o plágio, a foto, editada, é de Cláudio Araújo, publicada na página do fotógrafo Marco Cezar.
terça-feira, 22 de agosto de 2006
Ficção, nem sempre científica
Resolvi abrir mais espaço no Bobagera para meus textos de ficção - os que mais combinam com o nome do blogue, por falar nisso. Agora eles ganharam uma seção própria na lista de linques aí do lado. Com a ajuda do Writely, processador de textos on line do Google, transformei histórias em páginas da internet. Assim pude adicioná-las como linques próprios, permitindo uma leitura mais confortável e a impressão individual dos textos. Reproduções são permitidas, desde que citado o autor.
Os três primeiros integram a série de ficção científica A Ilha, publicada originalmente no blogue coletivo +D1. Os três seguintes são contos escritos em 2001. Eles integram a coletânea Contos de Oficina 28, editada em 2002 pela WS Editor. O livro é resultado da 28ª Oficina de Literatura da PUC-RS, organizada pelo escritor Luiz Antonio de Assis Brasil, do qual fui aluno. Baratas não sabem ler é sobre uma guerra particular. Passe livre é sobre o terror particular. E Viela é talvez sobre o tempo.
Os três primeiros integram a série de ficção científica A Ilha, publicada originalmente no blogue coletivo +D1. Os três seguintes são contos escritos em 2001. Eles integram a coletânea Contos de Oficina 28, editada em 2002 pela WS Editor. O livro é resultado da 28ª Oficina de Literatura da PUC-RS, organizada pelo escritor Luiz Antonio de Assis Brasil, do qual fui aluno. Baratas não sabem ler é sobre uma guerra particular. Passe livre é sobre o terror particular. E Viela é talvez sobre o tempo.
segunda-feira, 21 de agosto de 2006
Meia dúzia de jornais
Florianópolis nunca teve tantos jornais ao mesmo tempo. A partir do dia 28, serão quatro com sede na capital: Diário Catarinense, do grupo RBS, é o mais lido. O Estado é o mais antigo (1915), cambaleante mas ainda vivo. Notícias do Dia, da Rede SC (empresa que controla a afiliada local do SBT) é o mais novo (lançado em março deste ano) e o primeiro de caráter "popular". Na mesma linha, começa a circular na semana que vem Hora de Santa Catarina, da RBS.
Mas a concorrência pelo leitor local não fica entre esses quatro. A partir de hoje, o Diarinho (jornal de Itajaí que segue uma linha popular mais escrachada) passa a circular com uma capa específica para Florianópolis, além de já publicar a coluna De olho na capital, assinada pelo jornalista César Valente. E A Notícia (segundo jornal mais lido do Estado, de Joinville), mantém desde 1995 um caderno regional para a Grande Florianópolis, o AN Capital.
É verdade que a cidade cresceu muito nos últimos anos, recebendo gente pobre e rica, mas será que tem mercado para tanto papel impresso? Meu palpite (é só um palpite, sem nenhum estudo prévio) é que alguém vai ser empurrado para fora do barco, em pouco tempo. Pelo menos, com mais concorrência, quem sabe os jornais não melhoram? Por enquanto, se melhorar o mercado de trabalho para jornalistas, já é um ganho.
Mas a concorrência pelo leitor local não fica entre esses quatro. A partir de hoje, o Diarinho (jornal de Itajaí que segue uma linha popular mais escrachada) passa a circular com uma capa específica para Florianópolis, além de já publicar a coluna De olho na capital, assinada pelo jornalista César Valente. E A Notícia (segundo jornal mais lido do Estado, de Joinville), mantém desde 1995 um caderno regional para a Grande Florianópolis, o AN Capital.
É verdade que a cidade cresceu muito nos últimos anos, recebendo gente pobre e rica, mas será que tem mercado para tanto papel impresso? Meu palpite (é só um palpite, sem nenhum estudo prévio) é que alguém vai ser empurrado para fora do barco, em pouco tempo. Pelo menos, com mais concorrência, quem sabe os jornais não melhoram? Por enquanto, se melhorar o mercado de trabalho para jornalistas, já é um ganho.
domingo, 20 de agosto de 2006
Assim nascem as ditaduras
Um jornaleiro de Porto Alegre decide não vender mais as revistas Veja e Época, porque são "liberais". E confessa que tem como desejo ver os clientes da banca comprarem mais exemplares da Carta Capital, Caros Amigos e Reportagem.
Bela iniciativa, não? Tentar impedir que as pessoas leiam algo diferente do que você pensa. A ditadura militar fez a mesma coisa. Isso é tratar o público como idiota e não contribui em nada para a democracia. Quando achei que a Veja estava ruim demais, parei de comprar. É o suficiente. Quando encontro uma por aí, leio o que me interessa e separo o joio do trigo.
O leitor não é passivo, isso se pensava nos anos 1930, quando o nazismo usou estrategicamente os meios de comunicação de massa e os intelectuais de Frankfurt ficaram assustados. O leitor sempre filtra o que lê, de um modo ou de outro. Pode ler a Veja e concordar ou não com as idéias defendidas ali. Mas não querer que os outros leiam aquilo que você acha ruim só tem um nome: censura. Esse sujeito seria um bom censor.
Bela iniciativa, não? Tentar impedir que as pessoas leiam algo diferente do que você pensa. A ditadura militar fez a mesma coisa. Isso é tratar o público como idiota e não contribui em nada para a democracia. Quando achei que a Veja estava ruim demais, parei de comprar. É o suficiente. Quando encontro uma por aí, leio o que me interessa e separo o joio do trigo.
O leitor não é passivo, isso se pensava nos anos 1930, quando o nazismo usou estrategicamente os meios de comunicação de massa e os intelectuais de Frankfurt ficaram assustados. O leitor sempre filtra o que lê, de um modo ou de outro. Pode ler a Veja e concordar ou não com as idéias defendidas ali. Mas não querer que os outros leiam aquilo que você acha ruim só tem um nome: censura. Esse sujeito seria um bom censor.
terça-feira, 15 de agosto de 2006
Invasão de privacidade
Paternidade deixa a gente bastante tolo, eu sei, mas até que estou achando divertido esse negócio de acompanhar exame de ultra-som. A Cléia fez o segundo hoje. A criança está com pouco menos de 6 centímetros e começa a ficar parecida com gente - mas só um pouco. Com 12 semanas de gestação, os dedos das mãos e dos pés são bastante visíveis, por exemplo.
O exame é uma tremenda invasão de privacidade - flagramos o indivíduo chupando dedo! - mas muito importante para detecter possíveis más formações. A mamãe passou com nota 10. O médico já descartou qualquer doença genética grave. O sexo ainda não está visível - esses paparazzi de jaleco realmente não deixam ninguém em paz - e daqui a 15 dias outro exame dirá se é menino ou menina.
O exame é uma tremenda invasão de privacidade - flagramos o indivíduo chupando dedo! - mas muito importante para detecter possíveis más formações. A mamãe passou com nota 10. O médico já descartou qualquer doença genética grave. O sexo ainda não está visível - esses paparazzi de jaleco realmente não deixam ninguém em paz - e daqui a 15 dias outro exame dirá se é menino ou menina.
segunda-feira, 14 de agosto de 2006
Nuevo papá
Tecnicamente ainda não sou pai, já que a cria só sai da barriga da mãe em março. Mesmo assim, já recebi o primeiro presente de Dia dos Pais. A gente vai tirando vantagem onde pode. Ganhei o primeiro disco da série Hecho en Cuba, com a turma do Buena Vista Social Club (a velha guarda da música cubana que fez sucesso no documentário de Win Wenders, produzido em 1998 pelo guitarrista americano Ry Cooder). Os velhinhos do Buena Vista estão todos ali: o pianista Ruben Gonzales (duas das melhores faixas), Ibrahim Ferrer, Compay Segundo, Eliades Ochoa e Omara Portuondo.
Destaque para Chan Chan, uma espécie de música-tema do documentário. Dá vontade de fazer o itinerário repetido no refrão, se um dia for a Cuba: "de Altocedro voy para Marcané, llego a Cueto, voy para Mayari". Com o noticiário atual, fazer elogios à música cubana pode parecer propaganda do regime de Fidel, mas não é. De certo ponto de vista, é mesmo o oposto. Os velhinhos eram (a metade já morreu) um tesouro musical abandonado pela Cuba de Fidel e redescoberto por um músico americano.
A capa do CD imita uma caixa de charutos cubanos. E para combinar, também ganhei um Quintero havano, para quando o bebê nascer. O PH vai ter que me explicar como se fuma isso.
sábado, 5 de agosto de 2006
quinta-feira, 3 de agosto de 2006
Reforma política
A raiz grega da palavra crise (krisis) significa "crescer". As grandes crises trazem muitos males, mas também criam condições para mudanças. O governo anunciou que encampa a proposta da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de convocar uma nova constituinte específica para fazer a reforma política. A proposta seria apresentada à sociedade depois das eleições, independente do resultado, e coordenada pela OAB. É um primeiro passo, mas importante. Abre a possibilidade de que a reforma seja feita por uma instância independente do Congresso.
segunda-feira, 31 de julho de 2006
Corrupção
É bom que os eleitores não votem em políticos envolvidos em escândalos com dinheiro público, mas o debate sobre a corrupção no país deve ir além disso. A corrupção é estrutural no Brasil, faz parte de uma síndrome praticamente congênita do Estado. Claro, não é por ser estrutural que não possa ser combatida, mas nenhum presidente vai pode acabar com essa praga por iniciativa própria, mesmo que sinceramente o deseje. Sinto muito.
Uma maneira séria de combater a corrupção é aperfeiçoar as instituições capazes de atuar contra o problema. E isso não depende só do Executivo - embora ele deva colaborar - mas fundamentalmente do Judiciário e do Legislativo. É aí que está o nó. A França reduziu bastante a corrupção mudando a lei do orçamento. Fez a lição de casa que não aprendemos com o escândalo dos anões, em 1992. O caso dos sanguessugas nada mais é do que um repeteco da bandalheira da era Collor.
Só que é muito difícil que um Legislativo como este faça alguma mudança séria nas regras do orçamento, como acabar com as emendas individuais. O Congresso precisa ser limpo. Isso poderia ser feito por uma combinação de duas coisas: o voto e uma atuação mais firme e eficiente do Judiciário (incluindo o Ministério Público). Com um Judiciário lento e pouco independente dos outros poderes, fica difícil fazer algo funcionar. Sem punição, os maus políticos controlam o sistema eleitoral e o cidadão-eleitor fica sem muita alternativa.
Por isso cada vez mais acredito que a raiz de tudo está na educação. Um povo educado participa mais ativamente da democracia e tende a perceber com mais nitidez que dinheiro público não é do governo. É seu. Um povo educado, alfabetizado e criativo, é menos dependente do próprio Estado e mais capaz de pressioná-lo para que mude. Mas aí estamos falando de médio e longo prazo. Primeiro, é preciso que haja na sociedade um consenso grande o suficiente para que a educação seja considerada prioridade de Estado (mais do que de um governo). Aí poderíamos ter um sistema nacional de educação - não isso que temos hoje.
Uma maneira séria de combater a corrupção é aperfeiçoar as instituições capazes de atuar contra o problema. E isso não depende só do Executivo - embora ele deva colaborar - mas fundamentalmente do Judiciário e do Legislativo. É aí que está o nó. A França reduziu bastante a corrupção mudando a lei do orçamento. Fez a lição de casa que não aprendemos com o escândalo dos anões, em 1992. O caso dos sanguessugas nada mais é do que um repeteco da bandalheira da era Collor.
Só que é muito difícil que um Legislativo como este faça alguma mudança séria nas regras do orçamento, como acabar com as emendas individuais. O Congresso precisa ser limpo. Isso poderia ser feito por uma combinação de duas coisas: o voto e uma atuação mais firme e eficiente do Judiciário (incluindo o Ministério Público). Com um Judiciário lento e pouco independente dos outros poderes, fica difícil fazer algo funcionar. Sem punição, os maus políticos controlam o sistema eleitoral e o cidadão-eleitor fica sem muita alternativa.
Por isso cada vez mais acredito que a raiz de tudo está na educação. Um povo educado participa mais ativamente da democracia e tende a perceber com mais nitidez que dinheiro público não é do governo. É seu. Um povo educado, alfabetizado e criativo, é menos dependente do próprio Estado e mais capaz de pressioná-lo para que mude. Mas aí estamos falando de médio e longo prazo. Primeiro, é preciso que haja na sociedade um consenso grande o suficiente para que a educação seja considerada prioridade de Estado (mais do que de um governo). Aí poderíamos ter um sistema nacional de educação - não isso que temos hoje.
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